[editing] for the love of my brother ¦ LUKE HEMMINGS ¦

• s é t i m o •

Não foi preciso que eu dissesse a Amnesia para ela sair do quarto e nos deixar a sós. Assim que percebeu que Michael nos tinha visto, rapidamente saiu de cima de mim fazendo-me quase gemer de tristeza com a falta de contacto. O seu cabelo roxo contrastava hilariamente com a sua face vermelha, mas eu não me podia rir; aquela situação era tudo menos engraçada. Amnesia não cumprimentou Michael, limitando-se a fugir pela porta do meu quarto de hospital e a desaparecer pelo corredor deserto.

Num movimento rápido, Michael fechou a porta com um estrondo. Levou as suas mãos ao cabelo verde, que mudava de cor todas as semanas e olhou-me, sem querer acreditar.

"Luke Hemmings." Declarou ele. Eu sabia que tom era aquele. Vinha ali sermão. "Eu ia desfazer-te esse focinho por te teres tentado suicidar. Achei que ias estar quase a chorar e todo mal humorado quando eu fosse chegar. Até te comprei Snickers!" Atirou-me 3 chocolates e eu agarrei-me a eles cheio de felicidade. Snickers eram os meus favoritos. "Mas quando chego aqui estás a comer a tua irmã - repito, irmã." a vergonha chegara ao meu corpo. Senti-me a corar e remexi-me na cama, desconfortável com aquela frase. Michael olhava-me de boca e braços abertos. "É a Amnesia, Luke! A tua irmã mais nova toda inocente. A tua bebé. Tu tens noção que ela veio do mesmo sítio que tu, certo? Preciso de te relembrar que a tua mãe abriu as pernas e depois..."

Atirei-lhe com um Snickers, que lhe acertou em cheio na testa, fazendo-o finalmente calar-se. Logo o recebi de volta em cheio na almofada, mesmo ao lado da cara, fazendo-me soltar um risinho nervoso. Abri o chocolate com um movimento simples e trinquei-o. Michael deixou-se cair na cadeira ao lado da minha cama, atónito. Ficou a fitar-me, como esperasse que eu dissesse algo em minha defesa.

"Eu amo-a, Michael." Foi a única coisa que disse enquanto comia o snickers e evitava o olhar do meu melhor amigo. Porém, achei que era necessário explicar-lhe. "Eu sei que é algo mais forte do que algo de irmãos, percebes? Não é. É algo mais forte. É algo que me prende a ela, Michael. Eu amo-a e só te peço que, como meu melhor amigo, não me julgues."

Este não disse nada. Limitou-se a puxar o cabelo com as mãos e a bufar umas quantas vezes. Quase era possível ver o seu conflito cerebral. Este esfregou a cara com as mãos e fitou-me.

"Não é como se eu fosse cego. A forma como olhavas para ela não enganava ninguém mas..." Trincou o lábio. "Foi por isso que fizeste isso? Que te tentaste suicidar? Por causa do que sentes?"

Abanei a cabeça em sinal de confirmação.

"Para piorar, beijei-a ontem à noite."

Michael manteve-se em silêncio mais um tempo, trincando o lábio.

"Ela retribuiu?"

"Sim. Mas depois eu separei-nos, fugi e acabei por fazer isto. Ela chegou aqui há bocado e disse que..." engoli em seco. O meu melhor amigo olhava-me com pena. "Ela disse que também me amava, sabes. Da forma que eu a amo."

Michael nem parecia querer acreditar. Engoliu em seco várias vezes e coçou a cabeça. É, ele estava mesmo a tentar raciocinar mas não estava a resultar muito bem. Já eu não dizia nada, limitando-me a fitar a porta e a comer o chocolate.

"Luke, meu..." Este suspirou. "Eu não vos entendo. Não esperes que entenda o amor de dois irmãos dessa forma, mas bom... Sou o teu melhor amigo certo? Então pronto. Vou apoiar-te, tanto a ti como a ela. Se a tua mãe descobre estás tão fodido meu."

Dirigi um sorriso a Michael e este sabia que aquele sorriso, na minha linguagem, equivalia a um obrigado gigante. Era bom ter o apoio de alguém.

Acabei de comer o chocolate e atirei o papel à cara de Michael.

"Vou esconder da minha mãe o máximo de tempo que for possível. Ela nunca vai saber, de qualquer forma. Ninguém desconfia da nossa cena. Durmo com ela todos os dias e ninguém diz nada." encolhi os ombros despreocupado.