• o i t a v o •

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"Filho! Fiquei tão preocupada!"

É, imagino a preocupação imensa.

Saí do hospital de mão dada com Amnesia. Um sorriso parvo moldava o meu rosto quando, na sala de espera, ela me beijou levemente os lábios e entrelaçou os nossos dedos. Ia fazer-lhe o mesmo cá fora já que ninguém nos conhecia ali, mas depois ouvi a voz da minha mãe. Revirei imediatamente os olhos quando ela me abraçou e juntou as nossas testas, fingindo-se preocupada.

"A avó está ali." Constatou Amnesia em tom de censura, interrompendo o nosso momento. A nossa avó vinha lá ao fundo a arrastar o seu vestido comprido e totalmente apropriado para o verão de Inglaterra do século XXI.

"Sejam bem educados!" Atirou a nossa mãe, antes de a avó chegar perto de nós. "Tento na língua Luke."

O seu cabelo demasiado branco metia-me nojo. A sua face austera, o maxilar carregado e a sua expressão sempre chateada e séria também não me deixavam propriamente feliz. Ela era uma mulher assustadora, daquelas com nariz de bruxa dos filmes. Odiava-a desde pequeno.

O olhar da nossa avó caiu nos nossos dedos entrelaçados e no carinho que eu fazia na cintura de Amnesia com a outra mão. Para a provocar ainda mais, dei um beijo à minha irmã mesmo no canto da boca. A minha mãe não ligou; aquelas manifestações de carinho já eram normais entre nós, mas a minha avó parecia levemente chocada. Ainda bem.

"O teu cabelo está uma desgraça Amnesia. Que cor horrível."

Claro. Claro que ela tinha de mandar uma das suas boquinhas nojentas.

"A sua cara está uma desgraça também. Mas isso não é novidade nenhuma." Atirei imediatamente. Ninguém ofendia o meu amor à minha frente. Ninguém. Amnesia apertou-me a mão, sossegando-me, mas eu nem queria saber. A minha avó não merecia respeito. Nunca mereceu.

"Vejo que continuamos o mesmo inconveniente, Luke." Esta constatou e eu revirei os olhos. Ainda estava agarrado a Amnesia e as sobrancelhas da minha avó ainda estavam erguidas. "E gosto especialmente do facto de a vossa relação ser tão... física."

O que é que ela estava a tentar insinuar? Primeiro Herrickson e agora ela? Se não estivéssemos num sítio público e não houvesse testemunhas aquela velha já estaria no chão.

"Eu e o Luke damo-nos muito bem." Respondeu a minha irmã, sem perder a compostura. "A nossa relação de irmãos é realmente espetacular."

Contive o riso. Não era só a nossa relação de irmãos que era espetacular... Havia mais do que uma relação de parentesco.

"Oh." Aquela velha nunca iria acreditar. Ela já sabia. Estava mesmo na cara que ela sabia que eu amava a minha irmã daquela forma. "E não existe outra relação além da relação de irmãos?"

Pronto. É hoje.

Vou assassinar a velha.

"Oh meu deus, avó." Amnesia riu-se ironicamente. "Claro que sim. Eu e o Luke somos amigos acima de tudo."

E soltou-se de mim. Apesar de eu saber que ela estava apenas a disfarçar, doía-me aceitar que a nossa família nunca iria aceitar a nossa relação e que teríamos de fazer tudo às escondidas. Custava assim tanto aceitar que eu a amava?

A nossa família (lê-se: mãe e avó), virou costas. Estas iam a falar de qualquer coisa sem interesse caminhando até ao carro e portanto não nos viam. Nesse mesmo momento Amnesia juntou os nossos lábios num beijo rápido mas quente e abraçou-me pela cintura, fazendo-me rir surpreendido.

"Estamos muito selvagens... Tenho de vir parar ao hospital mais vezes. " Trocei. Ela deu-me uma chapada no braço, indignada e a rir-se.

Amnesia trazia a minha mala às costas (mala que era quase maior que ela) com alguma roupa já que tinham pensado que eu ia ficar internado.

[editing] for the love of my brother ¦ LUKE HEMMINGS ¦Onde histórias criam vida. Descubra agora