d é c i m o s e g u n d o

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Aconselho profundamente a ouvirem a Demons dos Imagine Dragons. Se ainda não tiverem acabado de ler quando a música acabar, repitam a música. :)

Ah, e leiam também a fic da @harrysmyslut. Ela pediu-me para partilhar e aqui está. :)

\Amnesia/

Não conseguia respirar devido a estar tão nervosa quando atingi o piso superior, pisando o chão velho, poeirento e que me fazia alergia. Ainda completamente às escuras, torci o nariz quando percebi que a dificuldade em encontrar uma fonte luminosa ia ser maior do que eu esperava. Afinal, nunca tinha estado ali. Suspirando, acendi a luz do telemóvel, e esta acabou por me iluminar fracamente o caminho.

Graças à luz do meu telemóvel, que iluminou o chão, consegui dar-me conta de uma substância vermelha que o manchava. Uni as sobrancelhas. O Luke tinha manchado o chão com tinta vermelha ou algo assim? A substância vermelha assemelhava-se a sangue, mas abanei imediatamente a cabeça, afastando esses pensamentos. Só estava a pensar de forma tão mórbida porque acabara de assistir ao homícidio da minha avó pelas mãos do meu próprio irmão. Era, com certeza, tinta. Luke gostava de fazer aquele tipo de coisas para irritar a minha mãe.

Dei mais uns passos para a frente, procurando qualquer coisa que interessasse e procurando também a razão pela qual a minha mãe me chamara ali acima, mas no chão não havia mais nada além daquela substância vermelha. Para que é que a minha mãe me mandara para o piso superior? Para ver obras de arte que o meu irmão decidira fazer no chão?

Sempre que pensava em Luke, o meu coração sangrava um bocadinho. Tinha de me lembrar que ele não queria nada comigo... mas custava tanto aceitar a realidade. Abanei a cabeça; tinha de me concentrar.

Então, ocupada a olhar para o chão, nem reparei numa mesa frágil ali perto. Distraída como sempre, fui contra a mesa, derrubando-a e fazendo todo o seu conteúdo cair e partir.

Assustei-me com o barulho, dando um salto para longe, e tive de ficar uns bons segundos a acalmar-me e a respirar fundo. Mas a minha curiosidade era imensa e o susto rapidamente passou. Caminhei para mais perto da mesa e reparei no que realmente derrubara: pequenos potes de cor acinzentada. Voltei a unir as sobrancelhas. O que era aquilo?

Eram vários potes. Uns 5. Só quando me aproximei é que percebi o que eram realmente aqueles "potes".

Eram urnas. Urnas fúnebres. As urnas espalharam cinzas por todo o lado, e cada uma tinha um número cravado. Enjoada, afastei-me; o que é que estariam aquelas urnas ali a fazer? Pertenceriam a alguém das gerações passadas da minha família? De qualquer forma, as cinzas já estavam no chão totalmente espalhadas. Eu não podia fazer nada e olhar para elas enjoava-me.

Andar ali às escuras punha-me ansiosa mas, acima de tudo, cheia de medo. Usando a luz do telemóvel, apontei para as paredes, tentando desvendar melhor aquele escuro e mórbido local.

Estas estavam igualmente manchadas de sangue (preferia chamar-lhe de substância vermelha, mas parecia realmente sangue) mas estavam também cobertas de várias fotografias, textos, documentos jornalísticos. Aproximei-me, aumentando a luminosidade do telemóvel e tentando ver as fotos com uma melhor clareza.

As fotografias eram todas de adolescentes e adultos, homens e mulheres. Não tinham nada em comum, eram só pessoas normais, regulares, provavelmente com família e amigos. Porque é que Luke tinha as suas fotos pregadas na parede? Não sabia que ele era assim tão stalker. Aliás, achava que o Luke não queria saber de ninguém.

Mas havia pior. Todas as fotos daquelas pessoas tinham um pormenor que não lá devia estar. Com caneta vermelha, Luke desenhara duas linhas na fotografia: ambas as linhas partiam, uma de cada lado, do canto dos lábios e terminavam nas suas orelhas, formando um sorriso na boca de cada pessoa. Arrepiei-me.

[editing] for the love of my brother ¦ LUKE HEMMINGS ¦Onde histórias criam vida. Descubra agora