• s e x t o •

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/Luke\

Dor. Sentia dor. Dor a percorrer todos os meus ossos, dor a percorrer cada milímetro do meu braço esquerdo.

Dor no peito.

Uma dor forte no coração.

Abri os olhos aos poucos e grunhi chateado. Fantástico, estava vivo! Ia ter de continuar a enfrentar os meus problemas e a enfrentar os meus sentimentos pela minha irmã mais nova. Fantástico. O que podia ser pior? Nem suicidar-me decentemente conseguia.

Reparei no grande curativo no meu braço completamente manchado de sangue. As cicatrizes nos meus membros superiores estavam cobertas pelas tatuagens lá imortalizadas, mas acho que estas não seriam suficientes para cobrir as novas cicatrizes que eu tinha criado na noite anterior.

Mas as cicatrizes não se encontravam apenas nos meus braços. Encontravam-se cá dentro, marcadas bem fundo no meu peito. E não havia forma de estas sararem.

Lembrava-me da noite anterior. Lembrava-me da adrenalina ao beijar Amnesia. Da extrema felicidade ao sentir que ela correspondia, da vontade de a fazer feliz para sempre.

Mas depois veio a culpa. Era errado. Era nojento. Tentei pensar num amigo meu a beijar a sua própria irmã. Isso seria absolutamente estranho e deixar-me-ia, além de chocado, a chamar-lhe pedófilo e louco. Seria isso que eu seria? Um pedófilo e um louco?

Estava a pensar seriamente em levantar-me e fugir do hospital quando a porta do meu quarto foi literalmente arrombada.

Já sabia quem era. Nem valia a pena olhar.

"Luke!" Percebi pela sua voz que esta chorava. Não queria que ela me tivesse visto assim. Era suposto eu ser forte, eu a apoiar, eu saber dominar as coisas. Eu. Mas no fim, a mais forte e com mais maturidade era ela. Não queria que ela se aproximasse de mim, mas ao mesmo tempo precisava dela.

Eu amava Amnesia como minha irmã... Mas não só. E isso matava-me todos os dias.

Esperei que ela fugisse de mim, mas em vez disso caiu para cima do meu corpo e abraçou-me a chorar em pânico. A minha irmã... A minha menina. Fechei os olhos e engoli em seco, fazendo-lhe festas nas costas. Eu não ia chorar. Eu não ia fazer um drama. A minha vida já era uma telenovela, já tinha momentos cliché de sobra.

"Porque é que fizeste isto Luke? Eu só soube agora!" As lágrimas escorriam-lhe pelo bonito e delicado rosto, deixando um rasto pelas suas faces. Os soluços saíam da sua garganta sem parar e esta finalmente sentou-se na cama onde eu estava deitado. Ela era tão linda. Queria tanto que ela fosse minha. Mas eu nunca poderia ficar com ela. Teria de deixar alguém ficar com ela um dia. Como é que eu seria capaz de ir ao casamento dela? De a entregar a outro? A outro que a beijasse, que lhe tocasse, que se deitasse com ela todas as noites? Eu não conseguiria. Não seria capaz. Preferia morrer.

"Eu estou bem Amnesia." Tentei que a minha voz saísse dura, segura e distante, mas mais parecia um cachorrinho abandonado a implorar que ela me amasse. "Como é que chegaste aqui?"

Esta entrelaçou os nossos dedos e eu ergui uma sobrancelha. Apesar de tudo ela ainda me tocava? Eu era um pedófilo, um louco, um doente que a tinha beijado e ela estava a tocar-me?

"Tive de vir a correr Luke!" Indignou-se ela numa voz fininha e irritada e eu parti-me a rir. Não aguentei. "Tropecei umas cinco vezes no meio da rua, e tu sabes que eu detesto correr!"

Rimo-nos mais um pouco e depois olhámos-nos nos olhos. Mordi o piercing no lábio; não lhe conseguia resistir, ela era tão linda. Só queria beijá-la naquele momento. Mas ela era minha irmã. Do meu sangue.

Decidi mudar de assunto. Afastá-la era a melhor opção.

"Devias comer qualquer coisa. Vai comprar qualquer coisa à máquina lá fora. Tenho a minha carteira algures..."

Mas antes que eu pudesse procurar pela minha carteira, esta prendeu-me os braços, aproximando-se mais e olhou-me nos olhos.

"Tu não me vais afastar Luke. Nem te atrevas." A sua voz estava calma e séria e as nossas caras cada vez mais próximas. "Eu sei que tu estavas bêbedo, eu sei tudo o que aconteceu ontem mas eu estou farta Luke!" As lágrimas começaram a escorrer pela sua cara e esta levantou-se, virou-se de costas para mim e respirou fundo. A dor que sentia no braço não se comparava em nada à dor que sentia no coração agora. A minha menina estava farta de mim. Ela não gostava mais de mim... Só porque eu a tinha beijado... Eu era um merdas. Odiava-me cada vez mais. "Estou farta! Estou farta de esconder, estou farta de evitar. Não quero saber de somos irmãos. Se somos do mesmo sangue. Se a nossa mãe se vai passar, se o nosso pai vai saltar do caixão..." O quê? Não estava a perceber nada. Esta voltou-se de novo para mim e sentou-se mais perto de mim. Talvez mais perto não seja a melhor forma de me expressar... Ela sentou-se em cima da minha cintura e deixou as pernas ficarem penduradas, uma de cada lado da cama, já que ela era pequena demais para chegar com elas ao chão.

Abri muito os olhos, totalmente surpreendido e a minha respiração acelerou. Engoli em seco, não querendo acreditar no que estava a acontecer. Onde é que ela queria chegar?

"Amnesia..." Comecei. Mas ela interrompeu-me.

"A realidade é esta Luke! Eu também te amo. Amo-te com tudo o que tenho. Não quero saber do sangue, se és meu irmão, não quero saber. Estas coisas acontecem e são mais normais do que pensamos. Eu também te amo Luke. Pronto, já disse. Eu amo-te. E não como irmão. Amo-te muito mais do que isso."

Eu não conseguia acreditar no que ela estava a dizer. Aquilo era bom demais. Era nojento da minha parte, mas era bom. Ela amava-me a mim. Não amava outro rapaz qualquer que ia abusar dela. Amava-me a mim.
Ao seu irmão.

Mas logo afastei esse pensamento triste da cabeça. Eu era irmão dela mas preferia morrer a fazer-lhe mal. Talvez eu a merecesse.

Sorri-lhe. Sorri mesmo. Sorri como nunca sorri a ninguém e ela também me sorriu.
Os nossos lábios estavam juntos no momento seguinte.

Era mais maravilhoso do que eu conseguia imaginar. E muito melhor do que quando eu estava bêbedo. As nossas línguas dançavam em perfeita sintonia. Amnesia mordia-me o piercing de vez em quando, fazendo-me suspirar fortemente e beijá-la com mais paixão. Mas ela era a minha boneca. Não a ia magoar.

Pousei as mãos nas suas coxas e ela moveu um pouco a sua anca contra as minhas calças, fazendo-me gemer alto e empurrá-la mais contra mim. Precisava de mais contacto. Não conseguia pensar. Não conseguia raciocinar. E se alguém passasse naquele momento e nos visse? Mas não conseguia pensar no perigo. Só queria Amnesia comigo naquele momento. E não interessava se ela era minha irmã. Do meu sangue.

Ela continuou a movimentar a anca e eu continuei a gemer enquanto ela dava longos suspiros e me beijava. Fora de controlo, as minhas mãos deslizaram calmamente para a parte da frente das suas calças. Vi Amnesia prender a respiração e sorri.

"Calma amor, vai saber bem, eu vou só..."

E a porta abriu-se.

"WHAT THE FUCK?"

Era Michael.
O meu melhor amigo.
Mas que grande merda.

[editing] for the love of my brother ¦ LUKE HEMMINGS ¦Onde histórias criam vida. Descubra agora