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☀️🌊🌑

Jungkook observava com os olhos arregalados enquanto Chaeyoung batia uma palma na outra em frente ao seu rosto. As mãos pequenas se encontrando com firmeza e logo se afastando para revelar um rosto cheio de curiosidade.

— E aí? Nadinha?

— Sou surdo. — Gesticulou inutilmente pela décima vez.

A ômega tinha chegado para o almoço junto de suas mães e não havia parado de falar desde então. Chaeyoung era linda, cabelos castanhos trançados no alto da cabeça deixando à mostra um rosto de traços delicados e enormes olhos negros que observavam tudo.

Durante o almoço, o alfa se manteve um tanto alheio a tudo, como era de praxe. Namjoon estava fazendo seu melhor para entreter a família da garota e os próprios pais, porque sabia que aquela era uma situação ruim para o irmão; até mesmo Seokjin parecia empenhado em desviar o foco da conversa contando histórias da capital.

Se lembraria de agradecer aos dois depois, mas os esforços não foram muito efetivos.

As mães da noiva, Jihyo e Nayeon, eram um casal de alfas donas de uma fazenda pequena de gado leiteiro que ficava aos arredores. Conheciam seu sistema de sinais, o que era ótimo, mas não estavam muito contentes com tudo aquilo.

Jungkook deixou a conversa correr em seu próprio tempo, já que seus pais pareciam muito mais animados com o eminente noivado do que os próprios prometidos, e ele se sentia exausto.

Tinha passado a noite toda em claro tentando achar formas de dizer aos pais como se sentia, de explicar a eles a quem pertencia seu coração. Mas quando o Sol venceu a noite e a manhã invadiu seu quarto-prisão, ele soube que não tinha as palavras e que, mesmo que as tivesse, não seria ouvido.

Nunca era ouvido.

Quando Chaeyoung interrompeu um monólogo de uma das mães pedindo para que Jungkook mostrasse a ela os jardins, o alfa quase protestou.

Perto de todos era fácil mascarar seu desinteresse, porém a sós com a garota seria impossível, e ele não queria de forma alguma magoá-la ou soar grosseiro. Mas ela insistiu e não teve jeito, terminaram ali: sentados um de frente para o outro em um dos bancos de madeira do jardim enquanto Chaeyoung batia palmas em frente ao seu rosto.

— Pensei que ouvisse pelo menos um pouquinho, me desculpe — ela falou parecendo genuinamente envergonhada. — Você acha isso legal? Isso de escolherem sua noiva? — Jungkook ameaçou levantar as mãos do colo, mas a ômega voltou a falar. — Eu achei esquisitíssimo! Morei na capital quase toda minha vida, com minha madrinha, para estudar, sabe? — O alfa assentiu. — Minhas mães me chamaram de volta de repente, achei que uma delas tinha caído doente, mas não era graças à deusa. Só enlouqueceram mesmo.

Jungkook riu envergonhado enquanto observava a revolta da outra.

— Onde já se viu isso? Não tenho tempo para um noivado! — Suspirou olhando nos olhos de Jungkook. — Você sabe o que é um cientista? — O alfa concordou, balançando os cabelos longos. — Eu quero ser a primeira ômega cientista. Minha madrinha acha que posso, minhas mães acham que estou doida. Acha que sou doida, Jungkook?

— De jeito nenhum. — Ele negou e gesticulou apressado com medo de ela se irritar consigo também.

— Também não acho que eu seja doida. — Concordou cruzando os braços cobertos por luvas longas de renda. — Você é atraente, poderia me dar bons filhotes — Jungkook corou completamente, porém, se ela notou, ignorou —, mas não quero morar aqui, quero ser cientista.

— Também não quero morar aqui. — Jungkook gesticulou e, quando ela concordou com um sorriso solidário, soube que ela também entendia seus sinais. — Quero saber como é o mundo. — Era a primeira vez que admitia, e ver que a outra não o achava estúpido, deixou-o feliz.

O Sal De Tua Pele | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora