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☀️🌊🌑

— Os Filhos disseram que desta vez são dois, Tae. — A baronesa cantarolou enquanto caminhavam apressados pela estrada de terra.

— Dois na barriga? — o mais novo perguntou de olhos arregalados e Seulgi, que vinha logo atrás, riu graciosa.

— Isso mesmo, dois dentro da barriga. As deusas são loucas — a beta quem respondeu, vendo o mais novo parecer maquinar aquela ideia absurda de se ter dois na barriga como bezerros.

— Acho que são mesmo.

Adorava quando ia nascer filhote nas redondezas. Por entender das ervas e das cascas, Seulgi e a baronesa, as melhores parteiras dali, sempre o levavam junto para trazer da barriga ao mundo.

Jimin sempre fazia careta quando ele contava animadíssimo como as coisas aconteciam, Jungkook tapava os olhos para não saber, Hoseok não podia nem ouvir que ficava branco como papel, Namjoon... Namjoon sempre escutava tudo o que ele tinha para falar como se tudo que saísse da boca dele fosse precioso. Como se ele fosse precioso.

Seokjin gostaria de saber? Ele o acharia bobo? Em seu coração sabia que não.

Não conseguiu dormir ou comer. A caminhada era um pouco mais difícil pela fraqueza no corpo e pelo peso nos ombros. Cada palavra que tinha dito a Seokjin e Namjoon martelando em sua cabeça.

Nem tudo tinha sido mentira. A forma como Namjoon disse que ele era um problema doeu. Doeu de uma forma diferente das dores que já tinha sentido, e ele se viu derramando palavras para tentar fazer com que parasse pelo menos um pouquinho.

Mas a dor escorreu por cada fresta e tomou conta de tudo feito enchente.

— Aqui. — Se virou para a baronesa quando foi despertado por sua voz. — Brevidade de polvilho, eu mesma que fiz.

Ele aceitou o pedaço de merenda e quase chorou. Aquela mulher tinha sido a primeira pessoa a tratá-lo como filho, ou quase isso. Sabia que a baronesa era uma mulher extravagante e que queria mais do que tudo fazer parte da grande sociedade, mas ele não a via assim.

Havia tanta bondade em sua voz escandalosa, seu jeito expansivo e acolhedor. Foi no colo dela que chorou pela primeira vez desde que tinha deixado o norte e seguido o horizonte como lhe foi mandado. Foi ela que o consolou quando despertou da febre e entendeu que ainda era apenas ele... Dentro de seu peito um vazio terrível, em sua pele cheiro nenhum.

Queria explicar a ela agora sua dor para ter um colo onde chorar, mas não podia dizer a ninguém, nem mesmo a Jimin. Não podia dizer porque tinha medo de escorrer de novo e se desfazer em pedaços, de se estilhaçar diante da ideia de aproximação daquele homem que ainda assombrava cada um de seus passos mesmo depois de tanto tempo.

— Seulgi-ah — a baronesa falou depois que o garoto passou a comer devagar —, pode dar uma corridinha na frente e ir dando os comandos? Esquentar a água e ferver as ervas? Taehyung e eu não tomamos café.

A criada assentiu e juntou nas mãos a saia de chita em dobras antes de correr morro abaixo em direção à casa simples, que podia ser vista logo depois da curva.

Taehyung tinha visto a baronesa tomar café, então sabia que ela queria lhe dizer alguma coisa. Esperou de escudos erguidos, com medo de mais dor se derramar sobre ele.

— O que está anuviando esses olhos, filhote? — ela perguntou enquanto via Taehyung encher a boca de comida para não precisar responder logo.

— Cansaço — murmurou de bochechas infladas.

— Se for mentir, não responda. — O beta fez um biquinho chateado e ela riu.

— É que ninguém me contou que nem todo mundo nasce pra ser feliz, dona Baronesa — ele explicou, brincando com as migalhas em seus dedos.

O Sal De Tua Pele | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora