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☀️🌊🌑

Aquele som agudo se espalhava no ar como neblina.

Mansinho, doce igual afago, a sensação que o beta tinha é que estava recebendo carinho nos ouvidos. Taehyung caminhou descalço e devagar nas pontas dos pés com medo de afastar aquelas borboletas de som que rodeavam o ar. O corpo doía, mas não disse nem a Namjoon nem a Seokjin porque eles ficavam preocupados o tempo todo com ele e isso o fazia se sentir pesado e fraco, como um fardo.

Mas aquela neblina doce o distraía das dores todas.

Encontrou Seokjin sentado no móvel que tinha visto no dia em que Namjoon saiu do cio, dois dias antes daquele, e Taehyung não teve tempo de perguntar o que era. Os dedos do ômega passeavam pelos botões preto e branco e as borboletas voavam em direção aos ouvidos do beta, fazendo cócegas boas.

— O que está fazendo, hyung? — Seokjin levantou os olhos do piano, interrompendo a música, e olhou para Taehyung que o encarava do corredor ainda de pijamas, as mãos tocando as pontas das orelhas.

— Se lembra daquela música que você gosta na novela? Que eu te disse que vem do piano?

— Isso é um piano? Grande assim? A música é tão miúda no rádio...

— Vem cá, senta aqui. — Taehyung foi até ele, sentando-se ao seu lado, e repousou o rosto no ombro de Seokjin, observando o instrumento. — Quer que eu toque mais?

— Sabe tocar a da novela?

— Sei.

O beta se sentia hipnotizado pela magia de Seokjin tirando música do preto e do branco. Quantos segredos mais podia descobrir ao lado dos dois? O mar, o amor feito na cama, o piano, a dor miudinha que sumia com a música mais pequena ainda que fazia cócegas nos ouvidos...

Jungkook costumava tocar aquele instrumento, mas, depois que perdeu a audição, o Barão mandou embora o móvel antes de Taehyung chegar lá. Quase chorou pensando na falta que Jungkook devia sentir das borboletas.

Sentiu a mão de Namjoon deslizar por sua coxa quando ele ocupou o último lugar vazio no banquinho e fechou os olhos, sorrindo contente. Quando o alfa farejou seu pescoço, Taehyung sentiu a pele arrepiar gostoso: a música de Seokjin em um ouvido, o hálito de Namjoon no outro. Quando o alfa apoiou o queixo em seu ombro para beijar-lhe a pele, o beta soltou um gemido de dor. A música e Namjoon pararam.

— Me desculpe — o alfa sussurrou, deixando um beijo sobre a pele machucada.

Por pouco, Namjoon não tinha marcado Taehyung alguns dias antes. Conseguiu se agarrar ao pouco de consciência que restou no último momento e mordeu o ombro do beta no lugar do ponto vital, mas o ferimento não estava bonito. A pele ferida estava em um tom vivo de rosa e a carne inchada era quente sob o toque de seus lábios.

— Está muito ruim?

— Não está nada ruim — Taehyung se apressou em responder a Seokjin.

— Está inchado, devíamos levá-lo a um médico.

— Eu sei mais que esses médicos. — Os dois mais velhos riram da teimosia. — Não precisa disso, não gosto quando me tratam assim.

Namjoon olhou para Seokjin com um ar perdido.

— Tudo bem, se piorar a gente vê, mas vamos limpar isso e fazer um curativo. A força de um alfa no cio não é brincadeira — Seokjin falou carinhoso e se levantou, seguindo em direção ao armário de remédios.

Taehyung encarou as teclas bicolores agora silenciosas e sentiu medo de como o silêncio o assustava agora. Sussurros de agouro cada vez mais intensos em seu coração.

O Sal De Tua Pele | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora