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[Lembrando que cenas em itálico são flashbacks. Boa leitura]

 Boa leitura]

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☀️🌊🌑

O vento que vinha do Norte era frio e impregnado com o odor dos fornos de carvão que queimavam não muito longe dali. O entardecer de inverno coberto de matizes de azul se deitava sobre as terras áridas como um véu.

Tudo era quieto, mas iluminado. Não como aquelas miseráveis frestas de luz dourada que vinham das falhas na madeira que costumava lhe servir como gaiola. Ali o Sol era pouco mais que um borrão pálido àquela hora da tarde, mas era um Sol inteiro para ele.

Não era um dia bonito aquele que partia, mas o garoto viu nele uma beleza imensa.

Uma quietude estranha o cercava, os tons de azul se banhando cada vez mais em escuridão. Lembrou-se das histórias que o homem de olhos gentis o contava e se perguntou se era assim que os homens se sentiam antes de Sol dar origem à mãe Lua. Ele se sentia cercado de breu e ira, mas inteiro. Livre.

Não conseguia parar de tremer. Não sabia se pelo vento de inverno ou pelo medo. Tinha corrido pelo que pareceu uma vida inteira, os pés latejando com a dor das feridas. Precisava continuar correndo, mas se sentia drenado.

Tinha partido de manhã e agora já quase se fazia noite. Era pequeno demais para saber como funcionava o tempo, mas sabia que precisava continuar correndo.

Ouviu os cascos de um cavalo amassando as folhas secas enquanto alguém se aproximava. Não conseguia mais correr.

— Dessa vez você foi longe.

Conhecia a voz dele, o homem de olhos gentis que trabalhava para o Colecionador por algum motivo. Ele sempre o encontrava quando tentava fugir, o garoto nunca conseguia correr por muito tempo.

— Se eu te ajudar a fugir, vou morrer.

O garoto se virou para ele, os olhos dourados cheios de lágrimas, o rosto sujo de poeira. O homem o encarou por longos minutos antes de descer de seu cavalo.

— É maior. — A voz infantil soou baixa e o homem parou a alguns passos do menino, olhando para o ponto que o garoto apontava com os dedos sujos.

— O que é maior?

— O Sol. É maior daqui.

Encararam-se por longos minutos. O homem ergueu os olhos para o céu, vislumbrando as primeiras manchas prateadas das estrelas de inverno contra o azul pálido. Retirou o casaco que usava e jogou na direção do menino.

— Siga a linha do trem e suba escondido naquele que tem um grande vagão vermelho. Quando o trem parar, desça e siga o horizonte — explicou com calma enquanto os olhos assustados se fixavam nos seus. — Se fizer o que eu estou dizendo, vai encontrar um lugar para descansar, mas antes disso, corra sempre que conseguir e siga o horizonte. Me ouviu?

O Sal De Tua Pele | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora