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☀️🌊🌑

Não o assustava o tamanho dos prédios. Não lhe causava medo o fluxo intenso do trânsito. Os sons estridentes das buzinas lhe causavam menos desconforto do que pensava.

Taehyung não tinha medo da capital. Ao contrário do que pensava, sentiu por aquela massa cinzenta e antinatural uma quase indiferença que se transformou em uma profunda curiosidade.

Namjoon conversava animado com o motorista dos Kim da capital, que os guiava em um veículo cheirando a velho pelas ruas pavimentadas em direção à casa da família. Wheein, que tinha ido buscá-los na estação, parecia um pouco desconfortável com a forma extremamente amigável com que o alfa-marido de seu sobrinho conversava com os criados, e Taehyung achava graça do rubor no rosto dela.

Se estava tão escandalizada com uma simples conversa, ele então podia entender por que a Viscondessa tinha relutado tanto em relação àquela Junção.

Quando o carro estacionou em frente à mansão dos Kim, Taehyung saltou com pressa do automóvel, sentindo-se grato por finalmente pisar em algo que não balançasse nem se movesse sobre trilhos ou rodas. Seokjin veio logo em seguida, passando um braço pela cintura do beta, e logo os quatro caminhavam pelos jardins que abriam a vista da enorme construção.

Namjoon notou com preocupação que o estado da residência Kim tinha piorado consideravelmente desde a última vez que esteve ali. O número de criados parecia ainda mais reduzido e eles mesmos carregavam as bagagens para o hall de entrada. Seokjin pareceu notar também e sem rodeios foi direto ao assunto. Não havia motivos para manter as aparências naquele momento.

— Quanto ainda nos resta? — Wheein suspirou audível com a pergunta do sobrinho.

— Não muito. O dote ao menos foi suficiente para quitar as dívidas.

Taehyung se encolheu ao lado de Namjoon e o alfa sorriu para ele, deixando um beijo em seu rosto. Sabia que o beta se sentia culpado por não ter tido dinheiro para oferecer à família de Seokjin um dote de verdade.

— Essas coisas acontecem todos os dias, Tae — Namjoon o tranquilizou e o mais novo concordou sem olhar para ele. — Mesmo que tivesse oferecido um dote igual ao meu, o problema só seria adiado.

— Namjoon tem razão, criança — Wheein falou, notando a conversa. Taehyung corou violentamente e abaixou o rosto. — Precisamos estabilizar as coisas na fábrica ou vendê-la de vez.

— Minha avó já sabe disso? — Seokjin perguntou, pensando em como a matriarca estaria se sentindo com tudo aquilo. Estranhou que ela não tinha vindo os receber ainda.

— Mamãe está acamada, Seokjin-ah. — O ômega arregalou os olhos, claramente preocupado. A avó era uma mulher muito forte, raramente ficava doente. — Está sofrendo com as dores do reumatismo. Não é grave, mas a deixa debilitada.

— Acho melhor que eu fique com ela e apenas amanhã vá até a fábrica.

— Isso não seria bom... — Wheein disse, preocupada. — A sua presença é importante. Muitos de nossos sócios apenas não romperam com os negócios devido ao respeito que têm pela memória de seus pais. Talvez, se o verem, a simpatia por nossa família se mantenha acesa.

— Eu posso ficar com a Viscondessa — Taehyung se adiantou, recebendo olhares surpresos de todos. — Sou bom em cuidar de enfermos e não entendo absolutamente nada de negócios, não vejo por que acompanhá-los nessa reunião. Além disso... Minha presença pode ser lida como uma afronta, é um risco tolo.

Seokjin quis protestar quanto aquilo, afinal, não pretendia de forma alguma manter sua união com os outros dois como um segredo. Mas Taehyung tinha razão e podia ver que o mais novo estava mais exaurido que ele e Namjoon, além do ferimento em seu ombro que cicatrizava com mais lentidão devido à ausência de seu lobo.

O Sal De Tua Pele | TaeNamJinOnde histórias criam vida. Descubra agora