[CONCLUÍDA]
Guardados pelas montanhas que os rodeava, Namjoon e Taehyung viram um amor proibido e destinado ao fim florescer doloroso em seus corações. Mas com a chegada de Seokjin, o ômega prometido em casamento a Namjoon, eles acabam percebendo qu...
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☀️🌊🌑
Taehyung nunca tinha visto o mar e era apenas nisso que se permitia pensar enquanto o trem o embalava em um balançar calmo e incessante.
A noite se deitou sobre o trem e os cenários ao redor como uma pesada mortalha azulada. Não se atreveu a dormir e podia sentir que os noivos também se mantinham despertos e vigilantes enquanto eram guiados para longe de casa. Seokjin, com uma mão firme em seu quadril, cantarolava baixinho alguma canção desconhecida, e Namjoon, com um braço, mantinha-se ao seu redor, fazendo-o se sentir confortável e seguro.
Teria medo do mar? Quanto mais crescia, mais fácil parecia se ter medo. Moveu-se um pouco, deitando o rosto sobre o peito de Namjoon, e olhou através da pequena janela. Tudo era um borrão confuso em sua mente, em sua visão.
Desde que descobriu que o homem que tinha o ajudado tantos anos atrás era Jaebum, o irmão mais novo da baronesa Kim, tudo se tornou um pouco confuso para ele. Muitas perguntas foram feitas e podia ver no rosto dos pais de seu noivo que aquilo não era nada bom. Mesmo que todos, inclusive a baronesa, repetissem sem parar que ele não tinha culpa e que não tinha feito nada de errado, sentia-se como um criminoso.
Namjoon e Seokjin se mantiveram ao seu lado sempre com uma postura protetora, mas, por mais grato que fosse, não podia afastar a sensação de estar sendo um peso desnecessário.
— Por que não dorme um pouco, querido? — A voz suave de Seokjin soprou em seu ouvido e Taehyung se virou um pouco, deixando que os lábios carnudos do Visconde tocassem de leve sua bochecha. — Vamos ter muito o que fazer quando chegarmos ao litoral, descanse.
— Não gosto de trens. — Taehyung suspirou chateado e Namjoon beijou-lhe a testa, apertando mais o abraço. Eram um emaranhado de braços naquele momento. Seokjin espelhou o carinho do alfa em seu pescoço, escorregando devagar os lábios quentes na pele fria. Taehyung estremeceu.
— Por que não olha um pouco pela janela? Sempre me acalma — o ômega aconselhou, sussurrando contra a pele do beta. — Posso cantar um pouco para você.
Taehyung resmungou em concordância e se aninhou mais a Namjoon, virando-se para observar a paisagem do lado de fora.
A primeira coisa que viu foram as cascatas prateadas de água doce se jogando do alto de um emaranhado de pedras em direção à garganta de rochas pontiagudas logo abaixo, os morcegos que desbravavam os céus noturnos e os ventos frio de inverno em busca de alimento e refúgio vieram logo em seguida.
O sono não veio a Taehyung fácil como a paisagem fazia, mas ficou feliz em presenciar os serenos de garoa que atingiam as janelas de vidro apenas para serem apagados logo à frente onde se fizesse estiagem. Naquele trem, nos braços dos dois, Taehyung tinha a sensação de que podia presenciar a história do mundo todo contada através daquela tela em forma de janela.
Durante muitas horas daquela longa noite de balançar monótono da maria-fumaça, um filme inteiro de lembranças antigas como o tempo se exibiram aos olhos de Taehyung. Lembranças que eram suas também e algumas que pareciam pertencer a um tempo tão futuro que ele sabia que jamais lhe pertenceriam. Aconchegou-se entre eles e deixou que os olhos dourados se enchessem com os tons de azul e prata que as formas do mundo ofereciam a ele naquela madrugada fria de inverno.
