(Dia 4) - Fuga

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– Vocês realmente conseguiram... Agora eu estou livre para brincar com vocês.



Aquelas palavras trouxeram um gosto amargo à boca. Depois de tudo que eles haviam feito, de quem haviam perdido, ainda não tinha acabado. Será que em algum momento aquilo iria acabar? Os amigos tentavam manter seus corações otimistas e acreditar que conseguiriam fugir daquele lugar com vida.

Os olhos rapidamente percorreram todos os lados em busca da origem das palavras, mas não encontraram. A única coisa que iluminava aquela área aberta era a lua. Eles recuaram quando viram as almas se aproximarem da beira da floresta, os observando. Pessoas com membros atrofiados ou cortados, cobertas de sangue, alguns rostos desfigurados, como um completo show de horrores. Os sorrisos distorcidos e maldosos estavam por todos os lados, claramente um aviso para não permanecerem ali.

– Vocês me ajudaram a me livrar daquele espírito defeituoso cheio de fraquezas, por isso vou dar cinco minutos para fugirem... - A voz soava maldosa e debochada. Eles não precisaram esperar por mais nenhuma palavra para fugirem em direção à casa.
Eles não sabiam com o que estavam lidando naquele momento, mas eles sabiam que seja lá o que fosse aquilo que os estivesse perseguindo não era Monet ou aquele espírito, afinal, viram o corpo virar pó bem diante de seus olhos. Apenas sabiam que era perigoso continuar ali.

Eles haviam fugido daquela casa onde três de seus amigos foram mortos para sobreviverem, mas ironicamente aquele lugar parecia ser o único seguro, dado às almas atormentadas os cercando e as cabeças que começaram a emergir do lago. Definitivamente do lado de fora era mais perigoso, apesar de saberem que aquela coisa queria eles lá, ela estava os guiando para lá, como numa caçada, fazendo suas presas correrem direto para sua armadilha.

As luzes da casa se acenderam quando eles entraram separados em grupos. Poderiam desistir e se entregar, mas eles definitivamente iriam lutar até o fim para sobreviverem, independente de como eles fossem fazer isso. 

Law, Luffy e Zoro corriam pelo mesmo corredor que Nami fora morta, enquanto Robin e Franky haviam entrado pela porta da frente. Robin já tinha um lugar em mente que poderia os ajudar, nem que fosse por minutos.

[...]

– Para onde estamos indo? - Dentre todos, Law era o que estava com maior desvantagem ao ter que correr tanto, seu corpo implorava para que parasse, mas ele não poderia se quisesse viver.

– Aquele lugar no corredor que liga o salão principal, daquela noite. - Os instintos de Luffy nunca falharam nesses momentos e ele era grato por isso, porque ele sabia que se seu instinto lhe dizia algo, poderia confiar que aquilo os ajudaria.

– Aquela coisa vai nos perseguir até lá, mesmo sendo um lugar mais isolado que o resto da casa. - Law disse o óbvio. Eles estavam fugindo de uma criatura sobrenatural, não poderiam se esconder como se estivessem fugindo de um serial Killer. Aquela coisa não era humana e estava claramente os deixando fugir de propósito, como um gato brincando com o rato encurralado para depois arrancar sua cabeça fora quando se entediasse.

– De que lugar vocês estão falando? - Zoro perguntou alheio à conversa dos outros dois.

– Do lugar que transamos na sexta. - Law sentiu as bochechas esquentarem com a fala do menor. Se não estivesse, literalmente, correndo por sua vida, ele teria o socado por dizer aquilo. Como ele havia se mantido discreto sobre a relação deles por todo aquele tempo? Parecia um milagre, esse que obviamente havia sido realizado graças a outras pessoas.

– Só porque vocês conseguiram transar lá sem ninguém saber não quer dizer que seja isolado o suficiente para impedir aquela coisa de vir até nós. - Zoro com certeza não precisava saber da vida amorosa do amigo, ainda mais naquele momento de vida ou morte. Luffy, infelizmente, não possuía a capacidade de destacar a parte relevante de seu raciocínio.

– Meus instintos estão dizendo para ir para lá, Zoro. - O esverdeado nada respondeu, apesar de tudo confiava que Luffy sempre soube para onde ir e o que fazer em momentos de perigo. Sentiu seu corpo ser puxado para a direção oposta que ia e viu Law agarrar seu pulso com um resmungo. – Só precisamos de um tempo para saber como chutar a bunda daquela coisa de volta para o inferno.

– Agora será mais difícil. - O Trafalgar tentava enxergar saídas, mas seu lado pessimista havia voltado com toda força quando seus planos foram por água abaixo e novamente se viam sem saída com a vida por um fio.

– O que quer dizer, Law?

– No livro não falava sobre possessão ou algo parecido, mas ela aconteceu com o Killer e o Sanji. Teoricamente era para tudo ter acabado agora, mas ainda há alguma coisa. Talvez não seja mais o espírito.

– Eu ainda não entendi onde está querendo chegar, Tral.

– O que estou tentando dizer é que, ao que tudo indica, havia algo naquele corpo além do espírito do ritual. E talvez seja ele que foi capaz de possuir nossos amigos, sem ao menos percebermos.

– Se for realmente isso não vai ser nada fácil, ele pode pegar qualquer um de nós. - Zoro concluiu o raciocínio travando a mandíbula e cerrando os punhos, sua raiva era quase palpável. Foi aquilo que havia tirado a vida de Sanji. Ele queria enfiar uma katana no coração daquela coisa, mas agora as coisas pareciam definitivamente mais complicadas.

– E não sabemos a extensão dos poderes.

[...]

Robin corria ao lado do azulado a todo vapor. Na posição em que estavam havia pegado o caminho mais longo para chegar no destino que desejava. Suas mãos ainda portavam o livro que ela sabia que precisariam. Robin não era boba e seu cérebro trabalhava de forma rápida e eficaz.
Ela havia devorado aquele livro durante as duas noites que passara em sua posse. Muitas coisas que em alguns momentos anteriores pareciam interessantes, agora eram necessárias. Ela já havia entendido o que estava acontecendo, o que havia dado errado e sua mente criara possibilidades para contornar a situação.

Ela definitivamente não queria perder mais ninguém e queria honrar aqueles que se foram. Queria lutar e viver por eles, como lhe foi pedido e ela iria lutar com todas as forças para cumprir aquele pedido e salvar àqueles que amava. E para isso precisaria ser rápida, pois agora era tudo ou nada.

– Amor, você já sabe o que fazer? - Os passos de Robin gradativamente ficaram mais lentos, enquanto observava o azulado ao seu lado com o cenho franzido em uma expressão de preocupação. Respirou fundo numa tentativa de acalmar as batidas do seu coração e se concentrar no que precisava ser feito, sem distrações como da última vez.

– Já sei sim. - Falou com cuidado enquanto os passos de Franky paravam. Ela se virou para o namorado, mas as mãos do mesmo foram rápidas em envolver seu pescoço pressionando com força. Seu corpo foi jogado contra a parede trombando com alguns objetos jogados no chão da noite anterior.

Sentiu o ar faltar e o seu coração apertou quando viu os olhos de Franky se tornarem completamente negros. O rosto estava mais pálido e possuía aspectos de hematomas arroxeados em diversos lugares. Os lábios estavam rachados e possuía o mesmo tom dos hematomas. Um sorriso maldoso adornou a face do azulado e Robin sentiu o seu coração apertar no peito, porque ali não era Franky. Definitivamente não era seu namorado ali, mas isso não significava que era menos doloroso saber disso quando o via, como se fosse a pessoa que amava tentando a matar asfixiada no corredor de uma casa assombrada.

– Fico feliz em saber... Mas terei que te matar antes que você consiga estragar meus planos... - A entidade falou através do corpo de Franky enquanto apertava ainda mais as mãos ao redor do pescoço de Robin.

A casa no lagoOnde histórias criam vida. Descubra agora