(Dia 4) - Um novo sacrifício

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– Fico feliz em saber... Mas terei que te matar antes que você consiga estragar meus planos... – A entidade falou através do corpo de Franky enquanto apertava ainda mais as mãos ao redor do pescoço de Robin.


Robin sentia seus pulmões implorarem por ar, enquanto sua mente buscava uma saída para se livrar do aperto das mãos de Franky antes que a falta de oxigênio no cérebro a fizesse desmaiar. Aproveitou sua altura maior que o normal para levantar o joelho, atingindo em cheio o membro do mais velho.

Sentiu o aperto em seu pescoço afrouxar e inalou todo o ar que conseguiu antes de empurrar o corpo de seu namorado para longe e fugir. Correu pelo corredor, sentiu o estômago embrulhar e uma raiva súbita surgir em si ao ver uma espada manchada de sangue no chão. Havia sido Ele quem matou Sanji.

Pressionou os lábios com força para conter aqueles sentimentos e seguir em direção ao lugar que precisava ir. Porém seu corpo foi ao chão quando o azulado a alcançou e a derrubou usando o peso do corpo de Franky.

– Você dá trabalho, morena... Eu vou adorar destruir você... - Robin se rastejou pelo chão numa tentativa de se manter distância enquanto a entidade ria caminhando calmamente até a garota. – Humanos são tão patéticos...

O ser se abaixou próximo de Robin pronto para acertá-la quando a garota em um movimento rápido empurrou o corpo do mais velho, fazendo-o desequilibrar e cair no chão. Com a espada que havia ferido Sanji, Robin atravessou a perna de Franky recebendo um urro de dor em resposta.

– A oblação é vernaculidade. - Robin sorriu satisfeita quando um brilho de surpresa e preocupação passaram pelos olhos totalmente negros. Ela havia estremecido a confiança dele e, por enquanto, aquilo era o suficiente.

Voltou a correr em direção ao seu destino inicial. Atravessou os corredores com uma velocidade que nem sabia que possuía com o livro novamente em mãos. Ela não deixaria ele para trás de forma alguma, a salvação deles estava contida dentro daquelas páginas. Um sorriso e um suspiro de alívio escaparam de seus lábios ao ver quase no fim do corredor extenso seus amigos adentrarem a sala. Se eles estavam indo para lá desde que entraram e se atrasaram o suficiente para ela alcançá-los, ela daria os créditos ao péssimo senso de direção de Zoro.

Adentrou a sala causando surpresa entre os amigos. Eles não precisaram perguntar sobre Franky para saber o que deveria estar se passando com o amigo, apenas se compadeceram por Robin. A garota caminhou até o centro da sala se sentando no chão com o livro em seu colo, folheando rapidamente as páginas em busca do que desejava.

– Eu sabia que devíamos vir para cá. O que vamos fazer Robin? - Luffy logo se aproximou da amiga. Ele sabia que seu instinto não havia falhado e se Robin também estava ali era porque já sabia o que deveria ser feito e tinha um plano.

– Você já tem ideia do que está acontecendo? - Zoro também se aproximou seguido de Law. A esperança apesar de ter sido abalada ainda estava ali.

– No livro diz que a oblação é veemência. - Se fosse um momento comum, ela riria da careta de confusão de Luffy. – Isso quer dizer que o sacrifício deve ser puro, mas Monet não era.

– E isso trouxe aquela coisa. - Law completou já enxergando onde as coisas haviam parado.

– Nós deixamos essa informação passar. - Zoro estalou a língua no céu da boca irritado. – Ainda tem alguma coisa que possamos fazer?

– Sim. Eu preciso de velas e algo que possa riscar a madeira. - Disse finalmente encontrando o que procurava no livro. Seus olhos percorreram o local buscando o centro e ao achar se direcionou até lá. – Nós não temos muito tempo até ele chegar aqui.
Law se prontificou a trancar a porta, isso deveria ao menos segurar mais um tempo Franky lá fora. Voltou sua atenção para dentro da sala, assim como os outros, procurando os objetos pedidos por Robin. Zoro encontrou um punhal e levou até a garota que pediu para desenhar três círculos no chão e tentar reproduzir os desenhos do livro. Luffy e Law vasculharam em mais algumas caixas do quarto da bagunça e encontraram algumas velas e um isqueiro, era como se Robin soubesse que estavam lá o tempo todo, e ela realmente sabia.

Com as velas espalhadas, Law tirou o punhal de Zoro, já que possuía um traço muito melhor que o esverdeado para reproduzir as gravuras, mesmo Zoro sendo melhor que ele com lâminas em geral. Ao finalizarem voltaram a atenção para a garota em busca de explicação ou até mesmo mais instruções. Robin respirou fundo e levantou o olhar para os amigos.

– Um sacrifício não puro trouxe uma consequência maior que as anteriores. Visto que é uma blasfêmia contra as divindades, um demônio seria a explicação mais plausível nesse momento.

– Mas você disse que não tinha muito sobre eles no livro. - Luffy disse se lembrando da conversa de mais cedo com a morena. Ele tentava forçar sua mente a acelerar o processo de raciocínio para acompanhar a explicação.

– Exatamente, por isso não temos muitas opções. Não sei se exorcismo ou algo assim funcionaria porque precisaríamos de ter, primeiramente, um conhecimento sobre o assunto, algo que ninguém aqui possui. Tampouco fé.

– Mas ainda sim você tem um plano em mente. - Law afirmou vendo o olhar da garota se voltar ao livro novamente.

– Sim. Aqui diz que espíritos se prendem a uma alma até que seja o momento de voltar ou sejam forçados a isso.

– Foi o que aconteceu com Monet.

– Isso explica porque ela prendeu o Chopper, a alma dela ainda estava lá. - O pequeno Monkey acompanhou o raciocínio, para a surpresa dos amigos.

– Sim, e eu acredito que ela possuía muita raiva, por isso não lutou contra a ocupação para fazer o mal.

– Mas e o demônio?

– Vocês já devem ter chegado a essa conclusão por conta própria, mas ele tem a capacidade de possuir pessoas.

– É, disso já sabemos, adianta para a parte importante. - Zoro estava impaciente para descobrir mais sobre o assunto.

– Eles precisam de um corpo físico para se manifestarem e manter contato conosco, como uma espécie de porta.

– Por isso pegaram o Franky? - Robin assentiu com os lábios em uma linha fina. Eles caíram nos planos daquela criatura profana. Eles realmente precisavam acabar com aquele espírito, mas era o que aquela entidade precisava para se ver livre daquele corpo e procurar novas vítimas e em outros lugares. Foi fácil demais pegar os objetos da casa. A morte de Sanji foi usada apenas como distração para não focarem a atenção na facilidade que havia sido recuperar um objeto que, teoricamente, seria o fim deles. Ele poderia ter matado Zoro e Sanji e impedido que eles realizassem aquele ritual, mas ele queria se livrar daquele corpo e espírito para vaguear livre. Porém ele estava os subestimando. Ele havia assinado a própria sentença ao deixá-los recuperar a arma que poderia derrotá-lo e Robin não hesitaria em usar, como Franky desejaria. Por todos eles.

– Mas como podemos matá-lo? O Cook e o Killer foram mortos possuídos. - Robin suspirou por ter de entrar num assunto delicado que seria doloroso para o amigo.

– Acredito que com o Killer não tenha sido capaz de notar, mas com o Cook-kun talvez. Quando ele foi atingido ele ainda possuía os traços de alguém possuído? - Robin perguntou com cuidado vendo o outro ficar tenso com a pergunta, afinal estava revivendo um dos piores momentos de sua vida em sua mente naquele momento.

– Não... Quando ele morreu... era ele mesmo. - Zoro disse ainda com o coração machucado pelo acontecimento de mais cedo com a voz do loiro ecoando em sua mente o tirando de órbita e atingindo seu coração com diversas facadas.

– É uma jogada arriscada e um tiro no escuro, mas... Talvez seja possível que ele não possa estar em um corpo quando ele morre.

– Então precisaríamos prendê-lo em um. - Law rapidamente concluiu a linha da garota. O pensamento o atingiu em cheio enquanto ele se colocava no lugar dela e de Zoro. Ele imaginava o quão doloroso era aquela situação. Ele amava Luffy e ele era tudo o que tinha, tudo que lhe restava e se o perdesse não saberia o que fazer ou como seguir. Imaginar o Zoro perdendo Sanji e ainda por cima tendo feito com as próprias mãos deveria tê-lo destruído e só imaginava o quanto Robin ficaria ao ser ela a fazer aquilo com Franky. As coisas não deveriam chegar a esse ponto, de forma alguma aquilo deveria estar acontecendo. E o pior era a impotência em saber que não poderiam fazer nada, afinal se a entidade deixasse o corpo de Franky possivelmente seria com ele morto e todos eles fizeram uma promessa. Eles deveriam honrar a morte daqueles que se foram independente do que fosse necessário ser feito e aquilo era doloroso. – Teremos que fazer um novo sacrifício.

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