Capítulo 4

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Acordo no dia seguinte com um estrondo em meu quarto, a princípio penso que foi o Tayson. Abro meus olhos que demoram para se acostumar com a escuridão, mas quando já estão devidamente adaptados para o breu estremeço com que vejo: um fantasma. Não é necessariamente um fantasma, mas um ser um tanto transparente que usa roupas extremamente largas que parecem ter sido arrastadas na lama de tão sujas que estão. Seus olhos estão estáticos em mim, o que causa arrepios em todo meu corpo. Reparo em seus ombros caídos, parecendo triste ou só cansado, seus olhos são de um preto marcante, muito parecidos com os meus, com cílios grossos que delimita-o, e apesar de sua aparência cansada sua aparência de um homem jovem angelical. Eu o encaro e noto... ele é muito parecido com os magos que eu vi no jornal que Brígida me mostrou.

Sacudo Tayson que está em um sono tão profundo que tenho que sacudir com extrema força, tenho medo de chamá-lo, não sei o fantasma pode me ouvir.

Depois de séries de empurrões no Tayson, ele finalmente acorda.- O que foi, Asha? está de madrugada, você já viu a...

Eu ponha a mão rapidamente em sua boca quando percebo que a coisa está vindo em minha direção.

- Olha.- Digo em um sussurro apontando para onde a coisa está: na minha frente. Tayson segue meu dedo e quando olha ele dá um salto da cama e bate a cabeça na prateleira que além de me assustar chama a atenção da coisa que some rapidamente.

- Mas que merda!

- O que era aquilo?

Tayson fica calado, parecendo mais confuso que eu.

Não consegui dormir...  A noite toda fiquei repassando em minha cabeça o rosto do homem fantasma. Me levanto às 5 horas e vou à cozinha, onde minha mãe já está falando ao telefone.

- Eu sei, Eleanor. Não é como se eu tivesse controle sobre isso. - Minha mãe nota a minha presença e abre um largo sorriso, o qual eu retribuo.
Vou à geladeira em busca de algum chocolate que acalme meus nervos. Encontro kit kat que provavelmente são do mestre Tallan, mas pego mesmo assim.

- Entendo, ok, Eleanor. Se falamos depois? Ok, tchau.- minha mãe solta diversos xingamentos inofensivos para o telefone- Oi, filha. Por que acordou tão cedo?

- Estou com insônia...

- Esses chocolates são do seu pai.- De novo ela com esse papo de pai.

- Mãe, você mais do que ninguém sabe que o mestre Tallan não é meu pai. Não faça isso de novo, por favor. - Isso realmente me chateia, diversas vezes tentei tirar alguma informação da minha mãe sobre o meu pai, mas ela nunca cedia, sempre falava que é um assunto delicado, o qual nenhuma criança deve saber... E que o mestre Tallan seria o meu pai de agora em diante. Depois de um tempo, eu simplesmente desisti de tentar saber sobre o paradeiro do meu pai.- Falando sobre o mestre Tallan, onde ele está?

- Estou aqui.- Parecendo atraído pelo seu nome, o mestre Tallan aparece na porta da cozinha com um saco na mão, que eu acredito que seja pão.

Ele vem até a bancada e de perto percebo o quanto cansado ele está, provavelmente ele teve mais um daqueles dias difíceis. Quando eu era mais nova, quando eu via o mestre Tallan chegando de manhã, ou todo machucado ou com uma aparência péssima, eu o perguntava o que tinha acontecido e ele sempre respondia o mesmo: "Só um dia difícil no trabalho, querida", sempre pensei que fosse porque todas as tarefas do reino ficava sobre sua responsabilidade, afinal ele é o único que administra o reino, não temos nem rei e nem rainha à séculos.

-Mestre Tallan, eu preciso falar com você.

- Precisa? - Ele e minha mãe se encaram parecendo confusos com esse súbito interesse da minha parte em conversar com o mestre Tallan.

O mistério do reino (Em breve novos capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora