capítulo 10

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Essa invenção do Sr. Thomas é incrível! Eu nunca havia me sentido poderosa antes e boa parte disso se dá por eu ser uma branca, mas com essa máquina nas mãos eu me sinto infalível. Aria me fez reproduzir fogo, água e até soco feito de ar que, pelo que eu vi, causa mais desastre do que o meu soco, isso porque o boneco que eu acertei agora está no chão e os pesos que estavam na sua base não fez efeito algum. 

—Eu trouxe uma coisa para a experiência ser completa.—Diz o professor Alarik tirando alguma coisa de sua bolsa com extrema delicadeza.—Voilá

O professor nos mostra com um sorriso largo no rosto um sapo gosmento que parece assustado.

—Definitivamente, não!—Digo, eu não vou fazer teste em um animal indefeso. Retiro as máquinas das minhas mãos, já sentindo falta do peso delas e como elas me tornam poderosa e as coloco no chão.— Eu não vou fazer isso, e ninguém deveria usar animal como cobaias. 

—Ah, não! Você entendeu errado, querida. Não vamos machucá-lo , só iremos transformá-lo em humano.—Diz o professor. Fico estática olhando para ele sem entender se ele está falando sério ou não. —Acredito que você não sabia que dá para transformar animal em humano e vice-versa. 

—Você só pode está brincando.—Olho para todos ao redor e ninguém contesta o que foi dito, então, deduzo que sou a pessoa mais ingênua deste lugar. Não gosto de sempre ser a única a não saber de uma coisa só porque sou uma branca. Determinada pego a máquina novamente e enfio as minhas mãos dentro dele e sorrio.—Bom... Vou descobrir agora. 

O professor coloca o sapo no chão e o segura para que ele não possa fugir.—Eu preciso que você imagine esse sapo como um humano e concentre sua energia nele.

Aponto minhas mãos para o sapo e o encaro imaginando ele como um humano e fecho os olhos, mas a única imagem que me vem a cabeça é a de Alec segurando minha mão, penso nos seus olhos verdes, no seu nariz angelical, no seu sorriso de tirar o folego, na covinha só de um lado da bochecha e no seu cabelo bagunçado e, por mais que, eu tente pensar em outra coisa só isso me vem a cabeça, então me deixo levar e esqueço que estou rodeada de pessoas. Então, abro os olhos e de imediato me sobressalto ao ver uma cópia quase perfeita do Alec na minha frente. Olho para os lados em busca do Alec verdadeiro  e o encontro boquiaberto ao lado de Tayson que rir com escarnio. Ele me encara de volta e eu peço desculpas em um sussurro.

—Você me imagina como um sapo?—Alec pergunta alto o bastante para todos escutarem. 

—Pensa pelo lado bom, os sapos virão príncipes nos contos.—Diz Tayson rindo. Todos olham para Tayson e começam a rir, menos eu e Alec. 

—Eu não te imagino como um sapo. É só que... Essa coisa está com problema.—Olho para o professor, o qual tenta sem muito sucesso colocar de pé o clone do Alec que parece não ter muito controle sobre seus movimentos. Ele desiste e vem em minha direção e analisa a máquina.

—Ah, não. Ele está em ótimo estado. Acho que você estava com a cabeça nas nuvens quando eu pedi para fazer o feitiço.—O professor olha de mim para Alec e sorri.—Agora eu preciso transformar ele de volta em sapo e colocá-lo em seu habitat natural. Vocês, alunos, voltem para a sala de aula.

Constrangida eu saio a passos largos rumo ao banheiro.

༺ ❃ ༻

Jogo água no meu rosto e me olho no espelho pensando na burrada que acabei de fazer. Eu, simplesmente, deixei transparecer meus sentimentos não só para a pessoa que, talvez, eu esteja gostando, como também para as pessoas da minha sala. Eu sou muito estúpida, por que eu pensei no Alec justamente na hora de transformar um sapo em um humano? Argh!! Eu deveria está tentando descobrir quem é o mestre Tall ou porque o meu reino não tem magia. Eu tenho que ser racional e deixar meu sentimentos de lado. 

—Você gosta dele.—Diz Brígida atrás de mim eu a encaro pelo espelho e ela me  olha de volta com um sorriso brincando em seus lábios.—Eu já namorei o Alec quando eu tinha 7 anos, naquela época o pai dele vivia aqui por conta das várias batalhas que estavam ocorrendo entre os vermelhos. E quando ele vinha era os dias mais felizes para mim, os meus pais nem sempre foram fácies e viviam brigando, mas ele sempre conseguia tirar um sorriso de mim, até o pai dele vir a falecer. O mundo dele desmoronou, Asha, ele se tornou uma pessoa completamente oposta da que eu conhecia... E, eu entendo, o pai dele era a base dele, eles viviam colados e se não estavam treinando estavam brincando um com o outro. Mas, enfim, Ele não falava com ninguém até você chegar, vivia mal humorado. O fato é, eu acredito que ele goste de você também, o jeito que ele te olhou no primeiro dia de aula, o modo como ele ficou interessado em história dos magos. Porque, cai entre nós, Alec nunca gostou dessas coisas. E desde que o pai dele morreu ele nunca mais lutou.

—Eu.... não sabia.—Digo 

—Você torna ele uma pessoa melhor e vocês são pessoas incríveis que merecem ser felizes.—Diz ela sorrindo para mim.

—Eu tenho que ir devagar. A gente tem tanta coisa para resolver e eu tenho que manter o meu foco nisso.

—Como você quiser.—Ela enlaça o braço no meu e nos conduz de volta para sala, mas no caminho ela para.—Asha, só não desperdice a chance de ser feliz.

O mistério do reino (Em breve novos capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora