Capítulo 12

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HÁ 500 ANOS ATRÁS:

Separaram o melhor traje de gala para mim e meus hermanos e por mais que os reinos tenham preparado uma festa de tirar o folego com bebidas sofisticadas, com uma orquestra que toca incansavelmente com harpas que reverberam com uma música calma pelo reino e que me trás reconforto ao me recordar do meu pai tocando-o para mim, mesmo assim me sinto vazio. Eu sou o fogo e é o meu dever com o reino vermelho ceder parte da minha magia para que assim eles possam desfrutar desse benefício, mas ser poderoso igual a mim e meus hermanos faz com que a ganância te domine ao ponto de você se perder de si mesmo. Eu já nasci com poderes infinitos e sou o fogo que arde desde que me conheço por gente, fui avisado desde então para que nasci e tudo se voltava para entregar parcela do meu poder, mas esses avisos não foram suficientes para me tornar alguém altruísta. Mesmo com o pesar de ter que entregar parte dos meus poderes para o fogo em matéria e me tornar apenas o Lírio e não mais Um Lírio ardente, eu me forço a me pôr de pé e ir até o centro de fogo. Toda a população de todos os reinos têm poder que está se esgotando e agora irão receber poderes infinitos por nós, os magos, aliás fomos criados apenas para esse destino. Foi decidido entre todos que a cerimônia seria no campo vasto de uma colina no reino vermelho, no qual no cento há o circulo de fogo, o circulo de água, o circulo de folhas e o circulo de ar; os quatro com o objetivo de ser a chave do ritual. Em sua volta estão bancadas lotadas de público que vieram assistir o ritual e nos prestigiar pela nossa bondade.

Nos seus respectivos círculos já se encontram o Elijar, o mago da água, e o Magnus, mago da natureza, meus hermanos, mas noto que está faltando um, Tallim, mago do ar. O procuro entre a multidão, mas não o encontro. Tallim sempre foi o mais sensato entre nós, magos, mas desde que ele cedeu à sua ganância ele se tornou uma pessoa diferente. Eu, Magnus e Elijar não fomos dominados pela ganância, como o Tall, mas também não somos as melhores pessoas que existe, apenas aceitamos o nosso futuro. No entanto, Tall sempre vinha nos tentando convencer de desistir da cerimônia, porque assim daríamos inicio a algo maior, nunca entendi o que ele queria com isso. Mas ele desistiu de tentar nos convencer no momento em que viu que não cederíamos a esse egoísmo exacerbado. Ele nos disse que participaria da cerimônia por nós,, seus hermanos. Mas desconfio dele ter mudado de ideia.

—Onde está o Tall?—Pergunto aos meus hermanos, mas nem um sabe me responder.

A cerimônia dá inicio sem esperar a chegada do Tallim, mas vejo mesmo assim a preocupação no rosto da população do reino branco. A população vem a nosso encontro e nos entrega os mais diversos presentes em forma de agradecimento, o que leva cerca de 6 horas. Fico na esperança de que a qualquer momento o mago Tall chegue, mas não é o que acontece.

Lado a lado eu e meus hermanos damos inicio a uma conversa para passar o tempo e esperar até o começo do ritual.

—O que vocês irão fazer depois daqui?—Pergunto.

— Somos imortais, podemos decidir isso depois!— Exclama Elijar, ele sempre foi o mais racional entre nós e sempre nos ajudou a manter o pé no chão. Temos a mesma idade, 20 anos, e eu sempre achei que Elijar é o mais maduro, mesmo com essa idade.

—Eu vou explorar, quem sabe ter uma família.—Responde Magnus. Ele é o mais emotivo entre nós e que sempre pensar em ter um futuro prospero e calmo.

—Eu já quero ter uma fazenda e viver lá.—Digo.

—Eu queria que o Tallim estivesse aqui, ele prometeu para a gente.—Diz Magnus.

—A gente sempre soube que ele era ganancioso e não cederia nem sequer um terço de sua magia.—Diz Elijar.

—O que iremos falar para os brancos?—Pergunto

— Não sei.—Dizem Elijar e magnus.

Depois disso nos calamos e lamentamos a perda de um hermano, que por mais que esteja vivo, sabemos que a nossa irmandade morreu para ele no momento em que não compareceu à cerimônia.

Depois de muita música e falação, o ritual é anunciado pelos reis dos quatro reino. Damos mais atenção ao discurso do rei Branco que com extrema comoção anuncia sua saída do cargo e declara sua decepção com o mago Tall por não ter comparecido.

— Nota-se que o mago Tall que teria o dever de ceder magia à nós, brancos, deixou seu egoísmo te dominar e não compareceu ao ritual que daria continuidade ao nosso poder. Anuncio, no entanto, que mesmo fora do cargo irei procurá-lo até encontrá-lo e dá o poder que nos pertence. Nós, reis, decidimos que isso será feito com extremo sigilo e que nenhum artigo histórico constará nada sobre esse dia e sobre o mago Tall. Selamos, dessa forma, pela segurança não só a quem nos traiu, como aos magos que aqui estão. —Ouço os brancos em sua bancada vaiar e começar a anunciar sua raiva pelo mago Tall e minha angustia cresce.— Apesar de nossa infelicidade, dou inicio ao ritual que esses magos cederão sua magia para o bem maior.

Todos batem palmas e gritos soam numa sinfonia inacabada.

Eu, Magnus e Elijar nos colocamos de pé e fazemos o que nos ensinaram a fazer quando esse dia chegasse:

— Convocamos com nosso poder o espirito do fogo.—Digo alto o suficiente para que todos escutem. 

—O da água.—Diz elijar.

—O da natureza.—Diz Magnus.

E, com isso, ao nosso redor, o fogo se intensifica, a água e as folhas começam a girar, evidenciando que o ritual está dando certo. Fechamos os olhos e permitimos que puxem de nós parte dos nosso poderes ao mesmo tempo que nos concentramos em não deixar que levem de nós tudo, caso contrário morreríamos.

Sinto meu coração acelerar seu batimento e a chama começar a me consumir e a me esquentar de fora para dentro, ao meu redor paro de escutar o grito da multidão e passo a escutar o fervilhar do fogo. Ouço chiados de vozes que dizem repetidas vezes "Dóse mou ti dýnamí mou"—Entregue o meu poder— e me obrigo a me manter firme e não deixar o fogo me consumir. Depois de alguns minutos sinto o fogo diminuir até se tornar fumaça e suspiro de alívio, sinto meu corpo mole e caio ajoelhado no chão buscando ar para os meus pulmões. Olho para os lados para saber se meus hermanos estão bens e todos estão caídos no chão suspirando com fraqueza. A multidão a nossa volta grita de alegria e soltam de suas mão diversos fogos de artifício que brilham e soam como um estrondo no céu, torço para me recuperar rápido para sair desse lugar até que vejo uma sombra de silhueta pela minha visão periférica e vejo um homem encapuzado espreitando atrás de uma árvore e sem sem ver o rosto já posso saber quem é, o mago Tall. Olho para meus hermanos para saber se eles também viram e todos estão olhando para a mesma árvore com semblante de uma mistura de decepção e, algo que me surpreende, raiva.

O mistério do reino (Em breve novos capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora