2 - Resgate

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SUGA

Asahi e eu estávamos na estrada, voltando pro nosso acampamentos com suprimentos, um dos nossos estava ferido, estava sendo pesado pra todo mundo lidar com isso. Asahi andava na minha frente, mas nós dois estávamos com as mochilas pesadas de suprimentos.

- Hey, zumbis a frente, vamos desviar - Asahi disse, olhei pra frente e vi alguns poucos zumbis.

- Isso, vamos cortar por dentro da floresta - Eu disse.

Nós íamos entrar na floresta quando ouvimos um tiro solitário e um dos zumbis caiu no chão. Tinha sobreviventes ali. Esperamos por outros tiros, mas eles não vieram, os zumbis começaram a se agrupar.

- Eu vou lá! Deve ser alguém sozinho! - Larguei as coisas no chão e corri em direção aos zumbis, atirando nós que estavam mais longe e usando a faca nós mais próximos. Não vi o rosto de Asahi, mas ele com certeza tava me odiando.

Foi quando avistei um garoto loiro, usando óculos que pareciam de natação, ele estava muito sujo de sangue. Usava blusa preta e uma calça vermelha, não tinha nenhum casaco por perto, apesar do frio e tinha apenas uma mochila nas costas, parecia dormir com a arma em sua mão. Cheguei perto dele para verificar seus sinais vitais.

- Asahi! Me ajuda! Ele tá vivo! - Gritei para ele, que se aproximou trazendo as bolsas que eu havia soltado.

- Não, Suga, ele deve ter sido mordido, vamos embora antes que ele se transforme. Nós temos que voltar, a vida do Daichi tá dependendo da gente, não dá para correr riscos agora. - Ele falou enquanto tentava me puxar, mas eu persisti verificando o corpo do loiro.

- O sangue não é dele! Ele tá com febre, mas não parece que foi mordido. Ele deve tá vivo! Me ajuda, pega um remédio na minha mochila.

- Os remédios são pro Daichi. Vamos, deixa ele aí.

- Asahi, se você quiser ir embora, vai, mas eu sei o que eu to fazendo.

Eu mesmo peguei o remédio na minha mochila e coloquei na boca do garoto, logo depois dando água. Ele parecia precisar, mesmo desacordado, seus instintos pediram mais água.

- Não dá para levar ele com a gente, vamos logo, a gente tem que chegar rápido. - Asahi olhava pros lados preocupado, ele tava certo, não dava para ficar parado.

Levantei e fui até um dos carros da estrada, estava vazio. Tirei as coisas de dentro dele, verificando se tinha gasolina ou coisas úteis e também abrindo espaço.

- Asahi! Tem um pouco de gasolina aqui. Você tira, a gente precisa né? Dele eu cuido.

Asahi me obedeceu, mas sei que ele não estava gostando disso. Levantei apoiando o garoto em mim, ele era pesado, mas dei tudo de mim para conseguir levá-lo até o carro. Quando finalmente coloquei ele e as coisas lá dentro, já estava cansado. Asahi me olhava com cara feia.

- Você não consegue passar direto né? Isso é uma merda.

- É, uma merda, mas sei que o Daichi faria o mesmo. Ele cuida de quem precisa de cuidado.

Peguei um pouco de comida que tínhamos achado, não ia fazer falta no momento. Coloquei no peito dele junto com uma garrafa de água e um único comprimido do remédio para dor e febre.

- Vou deixar um bilhete, daqui uns dias vou voltar pra ver ele. Essas duas latas devem dar pra 3 dias né?

Asahi não me respondeu, então deixei o bilhete assim mesmo.

- Boa sorte, garoto. Espero que você sobreviva.

Fechei as portas do carro e peguei minhas coisas de volta com Asahi, que tinha um olhar de reprovação sob mim. Voltamos ao acampamento correndo, assim chegaríamos antes de anoitecer, mas o tratamento de silêncio de Asahi me assustava.

Hinata foi o primeiro a nos receber, ele estava de guarda na frente da nossa pequena barraca, as meninas e Daichi provavelmente estavam lá dentro. Yamaguchi estava preparando a fogueira, ele não era muito bom nisso, mas sem Daichi, precisamos nos virar. Deixei as coisas no chão e fui direto ver Daichi, Kiyoko saiu da barraca para me dar lugar.

- Amor, acordar, eu cheguei - Troquei de lugar com Natsu e sentei com a cabeça de Daichi no meu colo. Ele estava ardendo em febre.

- Aqui, eu consegui os remédios. Você vai ficar bem. Você vai ficar bem. - Segurei a cabeça dele e o ajudei a engolir a pílulas, ele estava acordado, mas a dor o impedia de falar.

Levantei e Natsu voltou a colocar a cabeça de Daichi em seu colo, esperando que ele ficasse mais confortável.

- Ruivinha, eu vou fazer uma coisa não muito bonita agora, melhor você olhar pro outro lado.

Ela me obedeceu, sempre obedecia. Tirei os lençóis que cobriam a perna de Daichi, revelando o ferimento recente feito por uma bala. Peguei as coisas que trouxe da cidade e esterilizei a ferida.

- Asahi! Eu preciso que você segure ele! - Asahi entrou na hora, sentando ao meu lado para segurar Daichi.

- Desculpa, meu amor, me desculpa. Me desculpa. - Continuei pedindo desculpa enquanto enfiei uma pinça na ferida, precisava tirar os pedaços da bala que ficaram lá.

Daichi acordou com a dor e gritou, gritou muito, mas seu corpo não aguentou, ele desmaiou de novo. Com certeza iria atrair zumbis. Tirei todos os estilhaços, contando pra tentar ter certeza que tirei todos. Fechei a ferida e fiz um curativo por cima. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, abracei Daichi.

- Amor, me perdoa por isso, foi para o seu bem. Preciso que você seja forte e sobreviva. - Chorei ao lado dele, pude ver que Natsu também chorava, ela era muito nova pra aquilo tudo. Só tinha 14 anos, devia estar crescendo segura, mas está sobrevivendo ao fim do mundo.

Asahi saiu da barraca, provavelmente para preparar a comida e cuidar dos arredores com os outros. Pude ouvir a voz de Yamaguchi e Hinata perguntando se estava tudo bem, a voz de Asahi deve ter saído em um sussurro, não consegui ouvir, mas tenho certeza que sua resposta foi "Eu não sei se ele vai ficar bem".

Mad World - HaikyuuOnde histórias criam vida. Descubra agora