Uma semana e alguns muitos quilômetros depois de saírem do hospital, a gasolina de todos os carros tinha acabado há muito, colocando as pernas pra jogo. Todos estavam cansados, tão cansados que as conversas em grupo eram quase impossíveis. O grupo andava dividido pela estrada principal lotada de carros destruídos e já saqueados, era quase impossível achar alguma coisa ali, mas mesmo assim eles tentavam.
- Tsukki, eu tenho uma pergunta - Yamaguchi disse pro loiro enquanto esperava ele terminar de arrombar o porta-malas de um dos carros, sem resposta, ele continuou - Você acha que temos chances de achar nossas mães e o Akiteru?
- Não - Tsukki respondeu sem titubear, ele não gostava de pensar nisso, mas precisava ser realista. Sua mãe não sabia nem segurar uma faca, muito menos a mãe de Yamaguchi, como Akiteru conseguiria manter as duas vivas sozinho? Não, não tinha chance de estarem vivos, muito menos de cruzarem caminhos.
- Mas você sobreviveu sozinho por meses, talvez eles tenham conseguido também - ele continuou, agora segurando o porta-malas aberto para que o loiro pudesse conferir o que havia dentro.
- É melhor você aceitar que eles já estão mortos do que ficar alimentando falsas esperanças. Toma, segura isso - Tsukishima entregou um cobertor e uma garrafa de água cheia que estavam no porta-malas.
- Vê se tem algo embaixo do tapete - Yamaguchi disse, se afastando de Tsukki e indo em direção ao próximo carro, ele carregava nos ombros a tristeza do luto, mesmo que, no fundo do seu coração, algo lhe dissesse que encontraria sua família de novo.
- Uma faca, maneiro - O loiro disse sem perceber que Yamaguchi já não podia o ouvir pela distância - Calma, Kei, você ama ele - ele repetiu o mantra sussurrando enquanto seguia seu amigo petulante.
- Você acha que na próxima cidade vamos poder ficar um pouco? - Suga perguntou pro marido, os dois andavam sozinho há alguns metros longe do grupo, de mãos dadas.
- A próxima cidade é um cidade enorme, deve tá cheia de zumbis, eu não ia querer arriscar ficar por lá - Ele olhava um zumbi que andava na direção de Natsu e Kiyoko, a ruiva segurava uma arma na direção dele, enquanto Kiyoko dava instruções do que ela devia fazer para matá-lo.
- Mas isso também significa que tem muita comida, aí a gente pode achar recursos pro inverno - Suga continuou falando, antes de ser interrompido por Daichi.
- Aquela arma tem um silenciador? - ele perguntou, com uma expressão tão séria que podia deixar qualquer um em estado de alerta.
- Que arma? - Suga olhou na direção que Daichi olhava e, no mesmo momento, ele soube que aquilo não seria um bom sinal - Kiyoko! Não!
Era tarde demais, Natsu apertou o gatilho, acertando em cheio a cabeça do zumbi e o ruído ensurdecedor do tiro preencheu aquela estrada abandonada como um alarme de emergência, chamando todos os zumbis da região para aquele lugar. Todos do grupo correram para o barulho, Hinata só queria ter sua irmã nos braços de novo.
- Que merda! A gente disse sem barulho! - Kuroo gritou indo em direção às garotas ao mesmo tempo que Daichi ia também, pronto para defendê-las.
- Eu achei que tinha um silenciador - Kiyoko disse assustada.
- Você não sabe reconhecer a porra de um silenciador?! - Kuroo gritou novamente, tentando avançar contra a garota como se fosse machucá-la, mas dessa vez Daichi afastou Kiyoko dele enquanto Suga ia até Natsu, a menina cobria os ouvidos com as mãos, assustada por seu primeiro zumbi morto causar tanto estresse.
- Cala a boca, foi só um erro! - Daichi o empurrou para longe, olhando para Kenma como se implorasse para que ele fizesse algo.
- Um erro?! Você acha que os zumbis vão ignorar isso por que foi um erro? Você acha que aqueles covardes mascarados vão ignorar isso?! - ele claramente estava transformando a situação em mais do que era pelo estresse da viagem, pelo cansaço, pela fome e provavelmente por ter que ver Kenma reclamar de dor a cada passo que dava.
- Você tá fazendo tempestade em copo d'água, Kuroo. Foi um único tiro, não uma bomba - Ele empurrou Kuroo de novo, mantendo sua postura séria enquanto ele rangia os dentes de raiva.
- Kuroo, vem, você tá exagerando - Bokuto foi até ele, o puxando pelo braço.
- Se acontecer alguma coisa com meu pessoal por causa disso, quem paga é você, entendeu, Daichi? - Ele disse o encarando com raiva e sendo obrigado a se afastar por Bokuto.
- Tá tudo bem? - ele perguntou pro marido, ignorando a ameaça.
- Tá sim, ela só se assustou - ele disse enquanto acariciava o cabelo de Natsu com carinho, Hinata já estava próximo, cuidando dela como um irmão deveria.
- Vamos tentar acelerar um pouco pra se afastar daqui até a noite ok? - Daichi completou, olhando para Kiyoko com compaixão - Você consegue encontrar algum lugar pra gente, garota dos mapas?
- Eu vou encontrar, vamos sair desse lugar! - ela disse, recuperando as forças para procurar por um mapa na mochila antes de continuar andando com seu grupo, agora Natsu estava no colo de Asahi, com uma cara de choro que podia comover qualquer um. Ela não era uma garotinha indefesa, mas ainda era uma garotinha.
- O que você tava pensando ameaçando eles daquele jeito? - Akaashi perguntou, era difícil saber se ele estava irritado por conta de sua calma natural, mas Bokuto sabia, Kuroo estava ferrado.
- Você não ouviu a porra do tiro? Aquilo foi desnecessário! - ele tentou se defender.
- Desnecessário foi você. Todo mundo aqui comete erros, continuamos sendo humanos. Você fez aquela menininha se sentir culpada, você fez ela pensar que vai matar todos nós. E aquela ameaça hein? Você acha que tem direito de fazer algo contra aquele homem quando foi o marido dele que salvou o Kenma? Se você pensa mesmo no "seu pessoal" é melhor começar a cuidar daquele pessoal, porque sem eles nós estaríamos numa situação muito pior, entendeu, Kuroo? - Akaashi parou de andar para encará-lo, esperando sua resposta.
Kuroo hesitou para responder, ainda chocado com o sermão que, mesmo sendo verdade, parecia desnecessário.
- Mas você não entende que esses erros podem custar nossas vidas?
- Eu perguntei se você entendeu - ele repetiu.
- Entendi, mas não vou me desculpar - Kuroo abaixou a cabeça, andando na frente de Akaashi só para não ter que olhar para ele.
- Nossa, amor, até eu tremi na base - Bokuto sussurrou, dando um beijo no pescoço de Akaashi.
- Não quero que ele fique com medo ou magoado, quero que ele entenda que tá sendo muito mais fácil sobreviver em um grupo grande. Eu me sinto menos cansado, Bo - ele suspirou, ajeitando seu óculos no rosto, estavam sempre caindo por conta do estrago.
- Eu também acho que tem sido mais fácil, logo vamos achar um lugar e nos estabelecer lá - Bokuto deu um selinho nele, antes de correr para ajudar Kenma com a mochila, ele sabia que ainda era sofrido para ele andar tanto e ainda carregar todos os equipamentos de comunicação. Akaashi observou o grande grupo à sua frente, uma comunidade, realmente acreditando que juntos podiam ser mais fortes, podiam sobreviver mais tempo.
Antes de conhecer Bokuto, antes do apocalipse, tudo que ele pensava era em morrer, mas agora, queria viver para cuidar de todos aqueles que realmente tinham algum valor. Ele até se arriscava a pensar que gostaria de encontrar uma cura, gostaria de garantir que Bokuto nunca se transformasse em um zumbi e que um dia eles pudessem ter um encontro como antes do apocalipse, mas eram apenas esperanças irrealistas que o ajudavam a se manter vivo, ou melhor, se manter sobrevivendo.
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Mad World - Haikyuu
FanficDois anos atrás, não se sabe como ou porque, pessoas ficaram doentes e começaram a atacar umas as outras. A principio, pareciam canibais, mas eram mortos vivos. A humanidade estava em desgraça e poucas pessoas sobreviveram. Nessa história, você ac...