26 - Depois do inverno

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Nishinoya sempre sorria, isso trazia um pouco de esperança a todos ao seu redor, mas, quanto mais pesado o inverno ficava, menos se ouvia sua voz, sua alegria outrora contagiante agora parecia se esvair. O grupo tinha montado acampamento e preparado defesas, pretendiam ficar ali até o fim da época mais fria do ano, vivendo nos escombros do que já foi uma fazenda.

— Acho que tem alguma coisa errada com o Noya — Asahi disse para Sugawara enquanto os dois faziam um inventário com todas as armas e munições que tinham.

— Como assim? Acha que ele foi mordido?

— Não, não, Deus me livre! — Ele tremeu só de pensar na possibilidade — Acho que ele tá triste e não gosto de ver ele triste. Acho que eu fiz alguma coisa pra deixar ele assim

— Por que ele estaria triste por algo que você fez? Você é um anjo na terra — Suga sorriu, não por não se importar com Noya, mas pela ingenuidade de Asahi.

— É que a gente ficou algumas vezes — Ele hesitou, mesmo que Suga soubesse de tudo — Mas já tem um tempo que eu não quero mais ficar de beijos e pegação enquanto o mundo se destrói, não parece certo

— Ai você vai me desculpar, mas deixa de ser burro, cara! Vai todo mundo morrer, 90% das pessoas já morreram e você vai ficar desperdiçando a sua única chance de amar alguém? Não vão aparecer outros Noya's na sua vida, deixa de pensar em quem já tá morto e pensa em você — ele falou enquanto escondia uma arma embaixo do casaco — E eu aposto que não é você quem deixou ele mal!

— Acha que eu devia conversar com ele? — respondeu depois de pensar um pouco.

— Não sei nem o que você ainda tá esperando — Suga disse, pegando uma caixa de munição das mãos de Asahi para dispensá-lo da tarefa. Rapidamente, Asahi se levantou, indo procurar Noya nos arredores do acampamento e o encontrou sentado à sombra de uma árvore. Ele olhava para baixo, pensativo, seu cabelo tinha crescido, mas mesmo assim a mecha mais clara permanecia, Asahi agora tinha certeza que era natural e não uma escolha estética. Noya era um mistério até em sua beleza.

— Ei, posso ficar aqui com você? — Ele sorriu tímido, se sentando mesmo antes da resposta — Tá tudo bem?

Noya olhou para ele e forçou um sorriso que logo se desfez.

— Não quero mentir pra você. Tá cada vez mais frio, não sei se vamos sobreviver ao inverno e isso me assusta pra caralho — ele disse cerrando os dentes, queria que aquilo fosse só loucura da sua cabeça, mas era um problema iminente. O apocalipse não dava trégua só porque era inverno.

Asahi ficou quieto. Não sabia como confortar Noya porque aquele também era seu maior medo. Tinha medo das doenças que o frio trazia, da escassez de comida, da neve congelante. A morte que já os perseguia, parecia prestes a vencer a batalha.

— Desculpa, não queria te deixar ansioso com isso — Noya disse, segurando a mão de Asahi com medo de que ele tivesse uma crise de ansiedade naquele momento.

— Tá tudo bem, só não sei o que dizer pra te deixar melhor. Ajuda se eu disser que vou te proteger até no dia mais frio do inverno?

— Sim, você me ajuda muito — Noya se aproximou mais, deitando no ombro dele e logo sendo envolvido pelos braços de Asahi. Um calor que os dois precisavam sentir — Sabe, sei que a gente não toma banho faz umas três semanas e que tem sangue de zumbi em todos os lugares possíveis, mas você é o cara mais cheiroso que eu já conheci — Ele disse fechando os olhos para sentir melhor o cheiro do mundo e arrancando uma risada alta de Asahi.

— Eu tomei banho faz 3 dias, você não toma banho há três semanas mesmo? — Aquela foi a coisa mais romântica já dita no fim do mundo, mas ele julgou sem julgar, porque sabia que era difícil manter a higiene desde que tudo começou.

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