A mulher de cabelos negros e ondulados segura o cigarro entre seus dedos enquanto se esgueirava na vegetação fechada daquela parte do Jardim botânico. Já começava a ficar impaciente quando sente a presença da outra que logo surge a sua frente, aceitando o convite, pegando o cigarro e levando até a boca rapidamente.
- Ainda me pergunto por que não escolher uma oferenda menos ofensiva aos seus pulmões.
- Se era para me convidar, poderia ter caprichado mais na marca hein – Faz uma careta, mas continua a tragar.
- Você aceitou, de qualquer modo – Começa a andar, tendo a loira ao seu lado na caminhada – Agiu como uma criança ontem – Profere tentando controlar a sua raiva.
- Oh, como está a sua humana?
Inês para de caminhar para lhe lançar um olhar mortal. A outra sorri com desdém.
- Que aquilo não se repita ou eu não hesitarei em acabar com você. Estou cansada desse comportamento, vê se cresce Thereza. Acha divertido viver por aí atormentando as pessoas? Deixe-me lhe dizer: nós temos problemas maiores.
- Nós? Eu nunca quis fazer parte dessa patotinha – Volta a andar, deixando a bruxa para trás.
- Mas você faz – A puxa pelo braço, encarando-a com Ira – Algo está nos rondando. Algo que não podemos ver e se não nos juntarmos...
- Você não faz ideia mesmo, não é? – Corta a fala da bruxa que a encara com dúvida – Se doasse menos tempo aos humanos e mais aos assuntos que lhe dizem respeito saberia que... – Desliza a língua pelos lábios como se saboreasse o gosto do fumo – Seremos cobrados... Em breve.
O encantado efeito de sua existência se manifesta e o que antes era uma mulher alta e exuberante, volta a ser a ave que ainda pôde ouvir as palavras lançadas em sua direção, antes de sumir vegetação adentro.
- Ou você está conosco ou está contra nós – Grita enquanto tudo se balançava. Seus nervos. Seus sentimentos. As folhas em sintonia com a ventania enfurecida.
(...)
Acordar aquele dia fora uma tarefa um tanto quanto difícil. Obrigou seu corpo a se sentar na cama, observando o ambiente enquanto se espreguiçava. Sem dores. Suspira em alívio.
Marcia leva suas mãos ao corpo rapidamente, cobrindo-se, mesmo que estivesse sozinha no cômodo. Fita suas roupas dobradas na ponta da cama e logo as veste.
Se ajeita brevemente frente ao espelho e sai do quarto a procura de alguma viva alma em meio ao silêncio. Suspira frustrada e já começava a fazer o caminho para fora dali quando topa com a figura conhecida.
- Eric, você... Ainda aqui? Bom dia!
- Bom dia – Responde enquanto seus olhos varriam o corpo da outra a procura de qualquer ferimento – Aproveitei a corrida matinal para vir ver como você estava – Senta num dos bancos frente ao balcão e Marcia imita seu gesto. Só agora parando para reparar nas vestes esportivas do rapaz.
- Só a mim? – Sorri insinuando que o outro obviamente poderia estar naquelas redondezas para ver a moça da voz encantada.
- É sério Marcia... – Franze o cenho e a policial desfaz o sorriso ao ver que ele realmente estava tenso – Você poderia ter se machucado feio ontem. Por que estava aqui? – Ela nada responde e ela engata – O que há entre você e Inês?
O choque da pergunta fez o silêncio se prolongar.
- Oras... Somos... Estamos tentando ter uma amizade.
- Amizade? – Ri – Com a Cuca? Você... – Nega com a cabeça, visivelmente alterado – Você está ficando louca? Ela é...
- Uma mulher, um alguém com gostos, vontades, sentimentos, assim como qualquer outro – Responde calmamente – E de quem eu não irei desistir até que ela me dê um motivo.
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Magic Wings (Marinês)
FanfictionDentre todos os significados por trás desta forma de beleza natural esvoaçante, sabe-se que sempre haverá um quê divinal, quase mágico envolvendo as borboletas. E se essas asas fossem mágicas, quantas vezes bateriam até encontrar o caminho em direçã...