Os confins da terra

1K 115 115
                                    

O mal tem estado entre os homens desde que o mundo é mundo. E a maldade tem sido praticada ao decorrer da história displicentemente. As vezes, astuta ao se esconder por detrás de sorrisos bonitos, de títulos, do discurso afável, por detrás das cortinas dos sermões de benevolência. Outras, mostrando-se em todo seu horrível esplendor. Nos impulsos de cobiça, inveja e ira. Na falta de caridade. Na ausência do amor ao próximo.

Não se encontra propriamente em um espírito do mal. Está lá. Intrínseca em alguns dos homens, mas o que ninguém imagina é que muitas das vezes pode ser sim rodeada por mistérios e desígnios.

Desígnios sagrados que há milhares de anos aprisionaram a mais potente vertente do que se entende por trevas. Tal escuridão que o mundo jamais sonhara presenciar.

E a cada cem anos eles tentavam se libertar e a cada centena de anos, a luz, os cosmos, o universo os impedia. Um plano transcendental cercado pelas divindades da natureza.

Mas naquele centenário, algo estava diferente. A força que deveria ser repelida, estava ganhando ânimo.

Inês acorda atordoada. Lembrava de estar preparando um licor com algumas ervas quando a vertigem novamente a atingiu e tudo ficou escuro. Sente o sofá macio abaixo de si e franze o cenho.

Antes que pudesse se perguntar quem havia a levado até ali, sente novamente um impulso inquietante em seu sistema nervoso.

A diferença é que esse a acalmava.

A luz brilhante cresce perto de sua parede e Inês precisa cobrir os olhos com as mãos, tamanho era sua incandescência.

- Inês...

Não ouvia aquela voz com os ouvidos. Ela era estrondosa, dentro de seu coração.

- O quê... Quem és e de onde vens... – Tenta olhar por entre seus dedos, não conseguindo ver mais que uma figura aparentemente humana entorno da névoa brilhosa.

- Eu venho de onde você e todos os outros vieram. Eu sou um guardião dos cofres da terra.

Silêncio... A bruxa ainda tentava assimilar aquelas informações.

- Eu, meus irmãos guardiões e outros que habitam o núcleo interno mais interno da terra. Fizemos visitas a sua dimensão. Nas águas. Nas matas. Até mesmo os entidades do presságio foram enviadas.

As ninfas passam pela mente da mulher.

- Todos que tem uma ligação conosco estão sentindo os sinais. Você por ser uma das quais carrega em seu sangue mais do nosso mundo do quê qualquer outro também deve sentir, Eu suponho...

- Fraquezas. Como se minha energia estivesse sendo drenada, mas hoje está insustentável.

- Então já está acontecendo... Mais rápido do que pensamentos. Prepare-se e reúna todas as entidades que puder. Farei o mesmo. Você saberá onde encontrar o portal que está se abrindo e eu saberei onde lhe encontrar.

Inês engole a seco. Concordando com a cabeça.

- Espere... – Chama antes que o ser luminoso pudesse sumir – O presságio... É bom ou ruim?

- Isso vai depender de você. De nós... Se falharmos e o mau presságio prevalecerá. Só haverá escuridão. E tudo o que conhecemos se transformará em cinzas e destroços do que já fora um dia.

(...)

O barulho das várias vozes deixava transparecer o perfeito caos da situação em que se encontravam.

O bar nunca abrigara tantas entidades juntas. O eco podia ser ouvido do porão onde Inês, Eric, Camila e Marcia estavam. Numa reunião privada. Antes de partirem, enquanto ela repassava o ocorrido com mais detalhes para eles e alertava sobre os riscos, principalmente para a sua policial que insistia em ir junto a eles.

Magic Wings (Marinês)Onde histórias criam vida. Descubra agora