Eu amo você, borboleta

1.2K 116 118
                                    

A suposta aparição do boto durante o desaparecimento de Fabiana havia levantado questões. Era certo quanto dois mais dois são quatro, que ele de fato, passara dessa para uma melhor. E se era assim, a mulher só poderia ter ido parar no outro plano.

Um onde não se volta depois que vai. Seria possível a entidade ter ganhado uma terceira chance e estar zanzando novamente por aí? Inês duvidada muito. Preferia acreditar que eram nada mais, nada menos que devaneios de Fabiana, ou, na pior das hipóteses, alguma entidade engraçadinha estava fazendo um jogo com ela e com os outros.

De qualquer forma, estava em alerta.

Thereza havia sumido do mapa e aquele também era um fator para se prestar atenção. Principalmente depois do que a Cuca lhe infringira.

Desvia a atenção do drink que preparava no balcão para a entrada do bar, onde a dona dos seus olhos castanhos favoritos acabara de entrar.

- Pronta? – Pergunta ansiosa.

- Boa noite para você também, moça bonita.

- Boa noite – Sorri amarelo – Podemos ir agora?

- Para onde você quer me levar com tanta pressa? – Arqueia uma das sobrancelhas – Se me deixasse, poderíamos ir num piscar de olhos...

- Pode não controlar essa mania de ler as intenções da minha mente, mas vai controlar a de se teletransportar, por hoje.

Quando estavam quase alcançando a caminhonete azul de Eric que Marcia havia emprestado, a mais velha a puxa pela mão, iniciando um beijo caloroso que resultou no corpo da policial prensado contra a lataria.

- Agora sim... Boa noite – Sorri displicente.

Inês fitava Marcia durante boa parte do caminho. Vez ou outra a policial desviava os olhos da estrada para a bela mulher ao seu lado e as mãos desviavam da marcha para coxa da outra, num carinho que já começava a instigar pensamentos na bruxa.

Os prédios deram lugar a vegetação vasta. A agitação ia se retraindo para que o silêncio da noite da noite estrelada a beira do morro reinasse em majestosidade.

A bruxa fecha os olhos assim que desce do carro, aproveitando a brisa gelada que as saudava. Abre as grandes jabuticabas dando de cara com Marcia parada a sua frente. Segurava uma luminária e lhe sorria docemente. As luzes da cidade ao longe sendo um bônus a visão privilegiada de Inês naquele momento.

- Você me mostrou um de seus lugares importantes – Começa estendendo sua mão que a outra aceita se sentindo inebriada – Agora quero compartilhar um dos meus com você – Havia uma barraca estendida a uma distância segura do barranco – Eu costumava vir aqui para pensar – Senta-se na manta estendida próximo a barraca. Rindo ao notar a hesitação de Inês em fazer o mesmo – Deixa de ser fresca, Inês. Senta aqui... – Defere vazias batidinhas no espaço vazio ao seu lado.

A bruxa torce o nariz, mas sua expressão se suaviza assim que os braços quentes a envolvem, acomodando-a de modo que ficasse recostada no peito da policial, que acomodou o queixo em seus ombros.

- O que lhe fazia vir até aqui?

- Brigas com a minha mãe, principalmente. Com o tempo acabou se tornando um ponto de paz. Com toda essa natureza e essa vista – Suspira, estremecendo assim que uma rajada de vento as atinge.

- Com frio? – Pergunta deslizando as mãos pelos braços da jovem diversas vezes.

- Um pouco, mas vale a pena se for para ter você aqui nos meus braços. Sob esse céu estrelado.

Inês se vira plantando um beijo estalado na bochecha gelada.

- Hum... – Diz ao encarar o céu.

Magic Wings (Marinês)Onde histórias criam vida. Descubra agora