Capítulo 9 O sermão e um intruso.
KATRINA QUASE SE ESTATELOU NO CHÃO GRAMADO. Literalmente. Ela estava andando pela praça Hondson I quando tropeçou numa pedra. A jovem andou mais alguns metros de árvores à dentro e sentou-se debaixo de um pé de ipê com a copa completamente fechada encostando sua coluna no tronco do mesmo. Desde que tinha chegado em Hodson, há quase quatro meses, o lugar isolado na praça tinha se tornado especial. Nele, a cada uma ou duas semanas, ocorria seu momento de paz com a companhia do Maior e Melhor Amigo de Todos, ou seja, Jesus.
Porém, faziam mais de três semanas que a jovem não tinha momentos assim. A única explicação plausível que Katrina conseguia pensar para a demora era, óbvio, a chegada repentina de Kevin pois o conhecido tinha conseguido ter todos os pensamentos de Katrina. Ela acordava pensando em Kevin, ia dormir pensando nele e até quando orava ele invadia os pensamentos confusos.
Mas, no dia anterior, ou seja, no sábado de manhã, o ancião da igreja, seu Juarez, tinha perguntado se a Monroe não poderia pregar no domingo à noite já que não poderia estar presente no culto e não tinha achado ninguém para a missão importante. A Monroe aceitou e convidou o dono indevido de seus pensamentos para ir à igreja junto com ela.
Aí tudo desandou.
Kevin não demorou a negar. Dizendo que tinha problemas demais para resolver e um tanto de papéis para assinar. Muito serviço, explicou ele, não dava mesmo para ir. Eles tinham tido uma discussão que ainda estava bem vívida na mente de Katrina.
— Kevin, acorda pra vida. O que adianta ganhar o mundo inteiro se para isso você tiver que se perder? — Katrina tinha exclamado surpresa com a indiferença e mornidão de Kevin sobre o assunto.
— Outro dia Katrina. Outra hora. Não cheguei há nem duas semanas. — tinha dito e dado as costas
— O tempo não faz importância não, Sr. Acomodação.
— Não vou nem reclamar desse apelido ridículo porque desde criança você me chama assim. — Kevin tinha se virado para Katrina que estava com os braços assustadoramente cruzados em frente ao corpo. — Diz que o tempo não faz importância pro teu pai quando ele me despedir.
Katrina tinha respirado fundo e tentado não gritar seu apavoramento no ouvido de Kevin. As coisas com Vinicius eram tão mais fáceis. O Daniel do século XXI descobrira rapidamente que o apego de Katrina a sua sapatilha vermelha não era tão apego assim e que a jovem estava apavorada demais para pensar em qualquer coisa que fizesse sentido. Kevin, no entanto, fazia jus ao apelido pois só pensava no que lhe dizia respeito e seu conformismo com suas próprias percepções muitas vezes erradas tirava Katrina do sério.
— Kevin, eu só quero que você vá a igreja amanhã à noite comigo. É pedir muito? — Katrina fez a sua melhor cara de gato de botas e dizendo uma boa noite, subiu na bicicleta e pedalou até a sua casa sendo iluminada pela luz da lua e a iluminação dos postes, com o peito apertado com uma tristeza que Katrina não se atrevia a colocar em palavras.
— Talvez eu seja que nem o Kevin — tinha murmurado enquanto limpava o nariz com as costas da mão. — Vai que ele tem mesmo muita coisa para fazer e eu só me importei comigo. — a Monroe estacionou a bike no meio fio e desceu para abrir o portão. — Eu só... eu só... Ah SENHOR me ajuda a confiar nos Seus planos e não colocar a carroça na frente dos bois.
Quase 24 horas depois, Katrina ainda tinha esperanças que Kevin finalmente caísse na real e percebesse que existiam coisas mais importantes do que uma vida atarefada e hiper estressada.
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Ainda Existe Esperança!
RomanceGuiada por sentimentos, Katrina Monroe nunca teve uma vida perfeita apesar de ser ricaça e boa pinta. Pelo contrário, sua vida foi repleta de altos e baixos, mais baixos do que altos se é que você me entende. Entretanto, sua vida começou andar nos e...