Capítulo 15 - PARTE 02

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Conforme Rebecca tinha dito, a chuva diminui a intensidade e virou uma chuva normal não atrasando em 30 segundos o início programado da apresentação - do dia das mães, aberta ao público e realizada pelos alunos da Clarice Lispector com orientação do corpo docente dessa instituição de ensino.

Belíssima como em todos os anos, devo dizer. Os pais amaram ver seus filhos se apresentando e, como previsto, antes do 5° ano começar, Katrina interrompeu-os e chamou a todos para verem os cartazes colados no refeitório. Um momento mais especial que outro. No telão, passava um vídeo de todos os alunos cantando uma música típica do dia das mães.

SIMPLESMENTE PERFEITO.

Os pais se acotovelavam para chegar mais perto da filmagem e alguns até se emocionaram. - É a minha menininha - gritou uma mãe toda orgulhosa.

Por mais que as comemorações pegassem todas as atenções, a jovem não demorou a perceber que alguns alunos saíram para o pátio. Abigail estava entre eles e seu rosto estava vermelho como um tomate. A Monroe deixou os irmãos com Rebecca e foi até os alunos.

- Eu sabia que a mãe não ia vim. - um aluno lamentou. - Ela nunca vem mas...

- Achava que dessa vez seria diferente - exclamou Abigail conferindo as unhas. - Também achei o mesmo.

- A mãe da Danica trabalha numa fábrica de cerâmica e está aqui, veio com a roupa do trabalho mesmo, mas a minha mãe que trabalha num mercado não pode escapar por 15 minutos. - outro aluno murmurou.

- Pior é minha mãe, uma das sócias de uma empresa de tecnologia. Ela pode sair de lá em um estalo mas não,.. - Abigail passou a mão no rosto e se assustou ao ver a orientadora. - Ah, Katrina. Não vi você aí, chegou há muito tempo?

- Hey, meninos, cheguei agora. Posso atrapalhar um instante?

- Pode - o aluno que tinha falado primeiro sussurrou. - Não estamos fazendo nada mesmo.

- Deixa eu adivinhar - Katrina colocou a mão no queixo e fez uma careta pensativa. - Não querem ir lá dentro porque a mãe de vocês não veio?

- Tipo isso - uma garota do Ensino Médio, Natália, com um piercing no nariz respondeu. - Eu achava que tava ruim, mas já que a mãe da ricaça aqui - indicou Abby com a cabeça - não veio, estamos todos no mesmo barco.

- Que barco o quê? Hoje, eu que vou fazer papel de irmã mais velha/mãe para vocês. - ela prometeu lembrando-se de um trecho de sua série preferida em que a protagonista, Alice, abria a mão de sua vida, para assumir a guarda de um menininha junto com o antigo namorado.

Assim que lembrou-se disso, quase riu. Diferente da personagem Alice, não estava abrindo mão de nada. Só tinha reconhecido a si mesma naqueles adolescentes, na realidade, nem isso. A jovem não sabia explicar direito, só sla tinha agido. Talvez ela estivesse pensando no Homem de dores que tinha enfrentado uma tempestade só pra encontrar uma pessoa precisando dele ou da vez que seus próprios discípulos tinham impedido das crianças se achegarem a ele.

Impedindo-as de encontrar O amor. Que disparate. Felizmente, Ele percebeu o que estavam fazendo e disse para as criancinhas chegarem mais perto. Venham se quiserem vir, venham... estou de braços abertos. Era assim que Katrina queria viver, atendendo ao chamado e chamando outras pessoas para O atenderem também.

Atrás da Monroe surgiu a voz de Alexander: - Vocês vão se arrepender.

- Dão o braço para mana e ela já quer logo o corpo todo. - Alisha mencionou com um sorriso.

- Acho que vale o risco - Abigail ponderou dando de ombros.

- É - Natália reconheceu. - Nada pode ser pior do que ficar aqui se lamentando.

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