Capítulo 17 | Um diálogo diferente sobre impossibilidades e percalços.

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Capítulo 17 Um diálogo diferente sobre impossibilidades e percalços.


NEM UMA SEMANA HAVIA SE PASSADO DESDE a apresentação de dia das mães na Clarice Lispector e tudo que havia ocorrido. O dia ainda nem havia começado direito e o sol ainda estava escondido. Mas haviam pessoas acordadas. E bem acordadas. Na noite anterior, às sete e meia, uma vigília pela vida espiritual tinha começado e o prazo para o término era depois do culto, o que ocorreria lá pelas 10:40 do sábado. Diferente de algumas igrejas onde os cultos começavam às 09:00 da manhã, em Hondson, eram as 08 da matina mesmo.

A igreja central ─ se localizava em Hondson I, ou seja, no mesmo lado que Katrina morava, por isso só tinha que seguir sete quadras em linha reta e descer três ─ que era onde os irmãos estavam reunidos, apesar da quantidade dos quase 80 mil habitantes de Hondson, fazia parte de um grupo de mais duas igrejas. A central era uma das maiores igrejas da cidade. O avô de Katrina, seu Hernandez, há quase três décadas atrás tinha insistido que a igreja devia ser enorme. Hondson é uma cidade em construção, dizia ele, muitas pessoas aqui sequer ouviram falar do nosso Salvador. A igreja tem que ser grande para caber todas essas pessoas.

E para alegria de seu Hernandez, ela era. Ficava de frente para a prefeitura municipal, e cabia mais de 3 mil pessoas sentadas. Além das quase 500, também sentadas no compartimento de cima. A construção teria levado muito tempo e mais dinheiro ainda, mas, graças a Deus, quando estavam escavando a terra para colocar os alicerces acharam um baú gigante antigo cheio de moedas de ouro. O baú foi vendido e 15% dinheiro, em comum acordo pelos irmãos, tinham sido separados para servir de oferta. E, apesar disso, o dinheiro ainda sobrou. Uma pequena parte foi para o caixa da igreja e o restante foi usado para comprar materiais para evangelização.

Bons tempos estes! Katrina se lembrou com gratidão. Os pioneiros da presença adventista em Hondson eram homens de oração e sua fé havia sido recompensada. Grandemente recompensada. Qualquer um em Hondson, independente da religião, tinha seu Hernandez e os colegas, que infelizmente já estavam descansando e esperando a volta de Jesus, como exemplo de fé e oração.

Agora, era a vez da geração da Monroe assumir esse compromisso diante Deus e dos homens. Era a vez deles serem pessoas de fé e oração. Porém, justamente quando as pessoas mais precisavam era a época de maior mornidão espiritual. Às vezes Katrina ficava indignada com pessoas que tinham crescido na igreja e vinham para igreja como se estivessem indo para uma festa qualquer. Um dia ela tinha se irritado tanto que tinha brigado com uma adolescente: ─ Se Jesus só quer o coração e o resto não importa, vai seu coração pro céu e você fica. E durante o milênio seu coração vai estar na presença de Jesus e você vai ficar aqui, esperando a segunda morte.

Haja paciência com certas pessoas!

E o pior, era que por muito tempo, Katrina tinha agido do mesmo jeitinho e sabia que quando se está na zona de conforto, ninguém quer sair de lá tão cedo. Era por isso que a jovem tinha insistido que todo mês teria que ter, pelo menos, uma vigília. Tinham que acordar antes que fosse tarde demais. O noivo está em breve aqui e ele quer que nos preparemos para sua chegada. Por isso, cantava a plenos pulmões: Deixa Entrar o Rei da Glória.

— Deixa entrar o rei da Glória, abre-lhe o coração. Hás de ter final vitória, vais a obter a salvação.

— Você vai acabar me surdando, Katrina — Tiago sussurrou ao lado da Monroe enquanto os irmãos continuavam a cantar o hino. Ops, já ia me esquecendo. Na sexta de manhã, uns alunos tinham passado nas salas chamando para vigília e algumas pessoas haviam aceitado o convite.

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