Arcade.

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Oieeee! Começando 2023 com a minha primeira Dramione do ano. 

Eu tenho essa fic há alguns anos, e estou trabalhando nela para que vocês possam conhecê-la. Chalé das Conchas é DRAMA. Tem romance e tem coisas fofinhas mas essa é uma história triste, ao menos no começo. O final de SC ainda não está escrito e tudo pode mudar enquanto escrevo... Preciso que saibam disso. 

Vou relevar os xingamentos que virão. Shell Cottage não é uma história leve como OPDN ou SPP. Shell Cottage vai doer, e muito.

Mas eu amei escrever cada capítulo, de verdade!

Espero que vocês gostem 💜

Enfim, boa leitura. 

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Mansão Malfoy - 2001

I

"Temos a honra de convidá-lo para a celebração da nossa união"

Quando o correio chegou naquela manhã, com o convite do casamento dela, meu coração errou as batidas só por alguns instantes. Míseros demais para tudo o que havia por trás, no entanto, errou.

Imediatamente minha mente foi sugada para um mergulho nas lembranças - saudosas lembranças, embora dramáticas e doídas, eram ainda sim dignas do sentimento de saudade.

Parecia até brincadeira de mal gosto aquele convite ter chegado em meu gabinete, mas eu sabia o que era. Era a maldade do homem, querendo provar desesperadamente que ele havia ganhado aquela batalha, apesar de saber que a maior envolvida jamais se pronunciara acerca da "disputa" que dois homens bobos criaram. Talvez esse seja o motivo pelo qual ainda havia tanta mágoa em meu coração em relação a ela, porque eu esperava mais.

Por vários minutos olhei aquele pedaço de papel. Eu tinha certeza que aquilo viria, mas "tão depressa?", pensei, afinal só faziam TRÊS anos desde tudo. Aparentemente, planejar e esperar não era mais um dos adjetivos que cabia em Hermione Jean Granger, em breve Weasley conforme o pequeno e delicado pedaço de papel em minha mão dizia.

O que me deixou intrigado, no entanto, não foi o casamento de Hermione e Ronald Weasley, e sim, o local que ambos escolheram para celebrar.

Em letras cursivas e prateadas - como aposto que Hermione decidiu -, a última linha dizia: "Em 22 de novembro, no Shell Cottage".

Larguei-o sobre a mesa e sentei-me, levando as mãos ao queixo, perdendo-me em momentos passados da minha vida. Momentos decisivos. Tantas coisas vieram a mim naquele instante. Tanta bagagem. Coisas que julguei já haver esquecido, ou superado. Mas o tal chalé das conchas, era algo difícil de esquecer.

"Um lugar belo e solitário." Foi o que ouvi quando o shell cottage foi mencionado em uma conversa pela primeira vez, e aquelas palavras fixaram-se na minha cabeça de uma forma intrigante. "Belo e solitário", pensei. Parecia um pouco comigo, parecia familiar.

Lembro-me que a guerra estava quase para eclodir, era fevereiro, começo do ano. Lembro-me que eu havia acabado de escutar aquela frase de Blás - ainda quando estava vivo -, e lembro-me de ter sentido esperança quando ele disse: "Eles estão nos oferecendo abrigo em shell cottage, é um lugar belo e solitário, lá por Tinworth".

Estávamos em Hogwarts. A marca negra ardia como o inferno a cada dia. Era o aviso de que a presença do Lord se aproximava, e aquela proposta provinda deles em meio a algo tão decisivo, era a fuga perfeita.

Nós protelamos depois de alguns dias. A ideia era tentadora e parecia nossa única chance, mas e a ira de Voldemort? E minha mãe no meio do olho do furacão?

Era perfeito e com o furo de uma rosquinha...

Shell Cottage - 1998

Não parecia real. Nada daquilo era real.

Nem as pessoas, nem a areia da praia, e nem a propriedade.

Nada.

"Belo e solitário". Aquilo reverberava em meus pensamentos como eco enquanto meus olhos - deslumbrados -, tentavam obter o máximo de detalhes possível.

Tínhamos aceitado.

No meio de uma guerra, no meio de todo o caos, tínhamos mudado de lado, nos aliado ao certo, tínhamos "tomado rumo", como ouvi alguém mais velho falar logo quando nossos corpos se arrastaram para o assoalho da casa velha. Paredes gastas, conchas como telhas, o mar no horizonte, as ondas quebrando na margem. Era lindo, e como eu ouvi falar, revigorante e também solitário. No meio da imensidão; imponente e cansado.

Não uma mansão como eu e todos os outros estávamos acostumados. Não haviam elfos. O único que havia lá jazia em um túmulo, cujo em sua lápide de pedra os dizeres "aqui jaz um elfo livre", brilhavam para o sol. Os luxos de outrora também não se faziam presentes na pequena casinha isolada. Mas ali era seguro - como nossas casas jamais foram.

Acho que me senti como Dobby quando pisei naquela areia; livre. Foi uma das melhores sensações que já pude sentir.

Nunca saberei dizer se fora Potter ou Granger quem ofereceu a Blasio e a mim uma nova chance, uma última tentativa. Mas tenho certeza, não foi o Weasley, seus olhos azuis jamais se conformaram em me ver no mesmo ambiente que os seus. Ronald nunca aceitou que seus amigos me salvaram do meu fim trágico.

A casa toda cheirava a terra molhada, couro de dragão e lavanda, e de alguma forma era aconchegante.

"É melhor do que a guerra", Blás sussurrou para mim, arrastando sua mala consigo, encarando assim como eu cada pedacinho daquele lugar. "Não é?", perguntou.

Limitei-me a acenar com a cabeça, eu tinha a vaga sensação de que não havíamos nos livrado da luta, não mesmo...

"Você não está pensando em ir, ou está?", a voz já cansada de Narcisa tirou-me de meus devaneios, sua pergunta fora dita em tom calmo, mas eu fui capaz de identificar o que havia por trás daquilo.

Olhei para ela, parada diante da porta aberta, os cabelos alinhados, a roupa elegante, e a curiosidade em seu olhar azulado como o meu. Sorri, afastando o pedaço de papel até que ele pudesse cair na minha gaveta, e se perder em meio aos arquivos e documentos.

"Deve haver um motivo para esse convite ter sido enviado, não acha?", devolvi sua pergunta e elevei as sobrancelhas. Sabia que ela tinha todos os motivos para não querer que voltasse a remoer meus malditos fantasmas.

Narcisa balançou a cabeça e soltou o ar pelo nariz de forma audível, trejeito que eu irremediavelmente herdei dela.

"É só um casamento.", retruquei tentando soar indiferente.

Minha mãe sorriu de lado e se aproximou de mim, ficando atrás da minha poltrona, e abrindo minha gaveta. Observei apenas, uma vez que não havia nada que eu quisesse fazer, ou dizer.

Ela analisou-o assim como eu, e o depositou em cima da mesa outra vez quando terminou.

"Não brinque com o passado, ou com seus sentimentos.", alertou dando pequenos tapinhas no meu ombro esquerdo, e dizendo isso, saiu do gabinete me deixando sozinho encarando o nome de Hermione.

"É só um casamento.", repeti para mim mesmo.

Não é?

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Notas Finais: Queria agradecer À Ludmila por essa capa perfeita. Obrigada, eu amei. Captou bastante a aura da fic! Você é tudo!!!!

Espero que tenham gostado.

Aguardo seus feedbacks 💜

Beijos de luz. 

Shell Cottage - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora