Skinny Love.

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Roieee. Perdoem-me por todo o tempo, eu fiquei focada em outras coisas e confesso que tive alguns dias ruins na semana anterior e tudo o que eu queria era a minha cama. 

Enfim, consegui terminar esse capítulo e gostei tanto dele. Espero que vocês também.

Beijos. Boa leitura. 

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Black Sheep Coffee, Beco Diagonal - 2001

XIII

Todos os meus movimentos eram extremamente calculados. Pensados. E isso não era porque eu possuía um plano ou porque queria envolvê-la de alguma forma em uma teia de nostalgia dos sentimentos que nos rondavam, mas sim para que a castanha não percebesse meus dedos trêmulos ou o nervosismo que estalava dentro de mim como fogo, enquanto arrastava a cadeira para que ela se sentasse num ato de cavalheirismo excessivamente metódico.

No fim das contas, estava tão assustado quanto ela. Arrisco dizer que provavelmente, eu estivesse mais.

A escolha do lugar já é mais do que óbvia. A mesa que reservei para sua presença por anos, pela primeira vez a conhecia, sentia o peso do seu corpo, o calor de sua pele, sua vida e toda a sua essência e de brinde, me possuía como companhia. Uma realização que não esperei ser possível nem nos meus sonhos mais loucos. Aquela cafeteria me lembrava dela nos mínimos detalhes, principalmente no cheiro. Estar ali era masoquismo, eu sei, ela sempre seria meu maior desejo e meu pior pecado, ao mesmo tempo e na mesma intensidade.

Granger apertou os lábios em um agradecimento mudo para minha cortesia, e inspirou profundamente quando se sentou, deixando seus olhos castanhos passearem por todo o ambiente, mas não em mim. Ainda não. Talvez estivesse reestruturando suas próximas palavras uma vez que a surpresa quando me viu foi nítida.

Observei seus trejeitos por alguns minutos, tentando relembrar o que conhecia do passado, numa tentativa de antecipar o que ela queria. O que diria?

Uma parte de mim queria acreditar que ela falaria tudo aquilo que sempre quis ouvir, mas talvez fosse realmente tarde demais e talvez não fizesse mais sentido.

Era irônico, para dizer o mínimo.

Nossa última conversa fora um beijo e meia duzia de acusações. Naquela noite, em seus olhos, ela me pediu para deixá-la em paz e foi isso que fiz — ao menos faria até o dia do casamento —, como afirmei para Pansy, eu havia sido convidado e não poderia fazer desfeita com o noivo que gentilmente me mandou aquele convite. Não! Ele me teria lá, tal qual queria. Entretanto, naquela tarde, enquanto submerso em todos os meus compromissos comerciais, recebi o patrono de Theo trazendo uma notícia no mínimo inesperada, ou talvez tão esperada que tenha sido categorizada como sonho, devaneio. Algo distante do real. Sua voz, quando me encontrou, era relutante em me passar o recado e acredito que ele só o fizera porque tinha consciência de que eu ficaria irritado com a sua omissão. Nott se preocupava comigo. Ele era um bom amigo, sempre foi mesmo quando eu não concordava com suas palavras.

Levantei a mão para chamar Josie, que imediatamente veio sorrindo daquele seu jeito amável para nós.

— Senhor Malfoy, que prazer revê-lo! — saudou alegremente, a gentileza transbordando de seus olhos claros — O mesmo de sempre? — piscou os olhos, posicionando a pena para escrever em seu caderninho.

— Sim, Josie. Obrigado. — respondi, devolvendo seu sorriso. Naquele dia não havia constrangimento da minha parte. Granger estava ali comigo pela primeira vez em três anos. E mesmo que não fosse para reconsiderar qualquer coisa entre nós dois, ainda era melhor do que a perspectiva de nunca tomar um chá com ela depois de tudo.

Shell Cottage - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora