Oieee! Eu tinha que ter postado na semana passada, mas não deu.
Eu decidi que as aspas serão inícios de diálogos apenas no passado, no presente usarei o travessão, ok?
Obrigada por todos os votos e comentários.
Boa leitura!
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Shell Cottage - 1998
IV
O vento açoitava os cabelos dela com força, ela era quase uma tempestade castanha, balançando de um lado para o outro, completamente diferente da garota apagada que dividia aquela casa com tantas outras pessoas e que nos últimos meses, era só uma figura cansada vagando por espaços, com os olhos agitados e os ombros baixos, perdida em suas próprias questões, tentando não sucumbir ao caos que o mundo era agora. Tentando ser forte como todos julgavam que ela era, ou como deveria ser.
Eu gostava de observá-la quando ia à praia. Quando ignorava todos os outros naquele lugar e deixava o mar beijar seu corpo, a água salgada lamber sua pele, e a areia entrar em seus poros. Quando eu a via livre. Isso me lembrava de Hogwarts, e de quando éramos apenas nós brigando por sermos de casas diferentes. Ou qualquer outra coisa que não concordássemos e nós nunca concordamos com nada. Quando ela revirava os olhos e me deixava falando sozinho, ou quando dizia para o Weasley "Não vale a pena", nas vezes em que ele cogitava me atingir diretamente. Se naquela época eu soubesse que nossas vidas estavam por um fio, que aqueles momentos um dia seriam apenas lembranças e se tornariam longínquos, eu teria aproveitado mais.
Teria irritado-a mais.
Nós não trocamos mais do que algumas palavras depois daquela noite, não houveram conversas, ou perguntas ou aproximação, mas sempre que eu descia para a madrugada solitária ela estava na biblioteca, e a xícara com chá esfriando já estava lá em cima da mesa da cozinha, à minha espera para que aquecer do frio que sempre faziam nas noites em Shell Cottage.
O chá de Granger não era fraco - como o de Lúcios, nem forte demais como o de Blás. Ele era suave, levemente adocicado e sempre possuía um quê de canela, que aflorava meu paladar a descobrir as outras nuances de sabores que ela sempre gostava de misturar. Eu gostava. Gostava, sobretudo, porque sempre que eu bebia, lembrava que Granger o tinha preparado para mim, e isso de alguma forma, me satisfazia. Não me leve a mal, eu estava largado em uma propriedade no meio do nada, basicamente resumido a nada, tratado quase como um puro traidor, que ter demonstrações de cuidados me deixavam essencialmente mais animado.
"Aqui parece o paraíso não acha?", Blás disse se aproximando de mim, e levando seus olhos para a mesma direção em que os meus estavam perdidos. Eu só podia me lembrar da primeira frase que ele disse a respeito daquele lugar "belo e solitário".
"Acho.", respondi com simplicidade, observando a castanha retornar de um mergulho glorioso, e me deixei dar um pequeno sorriso inconsciente de que o moreno me observava também.
Escutei Blaise dar uma risadinha nasalada e desviei por alguns segundos os olhos da garota para ele, em questionamento.
"É engraçado.", ele disse, dando de ombros como se estivesse se explicando antes mesmo que eu o inquirisse.
"O que é engraçado?", franzi o cenho diante de suas palavras, tentando imaginar o que meu amigo estaria pensando.
"Nunca pensei que pudesse existir você e ela." pontuou, voltando a olhar para fora, para ela, que estava alheia a conversa que citava seu nome.
Eu queria poder dizer ao meu amigo que ele estava louco, e que seus neurônios tinham parado de funcionar de vez, mas, de alguma forma ainda inexplicável, Granger rondava meus pensamentos de forma aleatória.

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Shell Cottage - Dramione
FanfictionDraco é um homem regenerado. Depois da morte de seu pai, ele se tornou o responsável pelos negócios da família e em restaurar a reputação do nome Malfoy. Sua vida está nos eixos. Ou era isso que ele pensava. 3 anos depois de um romance fracassado, M...