Love in the Dark

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Hiiii! Voltei depois de dois meses sumida, sorry! As coisas tem sido intensas pra caramba e descobri que tenho que entregar meu TCC dia 01/06 e eu nem tinha começado. Mas agora ele está em andamento e eu estou menos surtada e por isso voltei. 

Gostaria de agradecer aos votos, comentários e apoio que recebi aqui. Espero poder contar com vocês nesse retorno. 

Obrigada por tudo!

Boa leitura! 

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St Mary's, Whitby, 2001

III

Meus pés se moviam com pressa por entre as fileiras de túmulos empoeirados beirando o abandono, que contrastavam de forma exímia com as lápides bem conservadas e floridas de todo o local. A presença da morte ali era constante e densa, e o sentimento era potencializado e perdurado principalmente por conta da neblina que começava a se formar ao longo do caminho, cedo demais para meu desgosto pessoal.

Eu detestava cemitérios desde que entendi o que eles eram.

Fazia sol, apesar do caminho levemente cinzento a minha frente, mas o sol, tal qual típico daquela estação, não era capaz de esquentar meu corpo que tremia levemente, diante da iminência de estar ali, como sempre estava quando as coisas ficavam estranhas ou pesadas.

Desde que o conheci, Blaise era meu depósito de segredos e lamúrias.

Lembro-me de pensar, na primeira vez que vim desde o sepultamento, que Blaise era bastante dramático e teatral, até mesmo para escolher o local onde iria permanecer pela eternidade, e isso não era um mal de família, uma vez que seus pais estavam sepultados no mesmo cemitério que Lucius.

Atravessei um ou dois corredores até estar em frente a lápide dele, um enorme ornamento de pedra negra como seus olhos, e uma foto sua - sorridente demais para a saudade que fazia morada em meu peito.

Deixei o ar sair e tirei de dentro das vestes minha varinha, conjurando uma coroa de flores brancas como me lembro dele pedir em nossas conversas imaginárias sobre flores e túmulos, e então sentei-me no chão, encarando-o.

Sempre fui muito racional quanto à morte, sabia que todos em algum momento vão partir desse mundo, e nunca reclamei de velar ninguém, a morte, para mim era um ciclo natural, e ainda é. Mas, preciso confessar que a partida de Blás para mim sempre soou injusta.

Jamais conheci alguém com mais amor pela vida do que o negro, que tinha prazer em viver, se sentregar aos momentos tão cruamente. E então ele não estava mais lá, não existia mais nada dele, além de seu corpo machucado e sem vida. Isso foi uma das coisas mais injustas que tive que viver. Perder meu melhor amigo para a morte.

"Olá, velho amigo", comecei meu monólogo dramático. Talvez o negro apreciasse se estivesse vivo, ele adorava dramas como ninguém. "Como vai você aí?", perguntei me sentindo estranhamente confortável à medida que ia me deixando sentir as coisas e alinhar meus pensamentos em frases. Entretanto, não houve resposta a minha pergunta, e não haveria.

Soltei o ar e continuei.

"Ela vai se casar, Blás." aquela frase talvez fosse ainda mais doída quando verbalizada, e eu não conseguia perdoá-la por estar me quebrando dessa forma. "Sei que nós já sabíamos disso, mas sabe de outra coisa? Você estava certo, amigo!", deixei uma lágrima, a primeira da visita, manchar minha face. "Eu não consigo superá-la. E eu não deveria ter aceitado sua inércia. Eu deveria ter lutado por ela, não deveria? Mas ela escolheu não escolher, o que eu poderia fazer?", Olhei para sua foto como se ele pudesse me responder, e qual foi minha surpresa quando eu escutei seu timbre dentro da minha cabeça dizendo 'deveria ter ao menos tentado'.

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