VII

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Não sei muito bem o que fazer em uma situação como essa. Ele caminha e fica me olhando a cada 5 segundos. Está ficando meio chato já.
Se ele espera que eu puxe algum assunto, está muito enganado, meu orgulho e minha timidez não permitem. Puxo meu fone da mochila e coloco uma playlist para tocar.

- Ahn... Faz muito tempo que você se mudou pra cá?

- Na verdade, eu me mudei ontem mesmo. E eu não queria perder aulas, então aqui estou.

- Entendi. Mas você se mudou por?

- Problemas pessoais. - respondo quase de imediato. Não quero mais alguém perguntando sobre isso.

- Certo.

A conversa tinha acabado ali. Pelo menos, era o que eu pensava. Ele olha para algum lugar, cogita algumas vezes, segura minha mão e começa a correr.

- MAS QUE MERD* VOCÊ TÁ FAZENDO?

- Espera aí estressadinho! - fala sarcástico. Mas que desaforado...

Ele me arrasta até uma praça, onde a atravessamos e paramos em frente a uma pequena sorveteria. Por fora, não era muito extravagante. Tinha espaço para umas 3 mesas na parte de dentro, e os quadros pendurados combinavam bastante com o ambiente. Chegamos no caixa e a atendente começa a falar.

- O que vai ser para o casal?

Eu fico perplexo com a pergunta. Não conseguia formar sequer uma frase. POR QUE DIABOS ELA FALOU ISSO?? Olho para Norman e percebo ele olhando para baixo. Mudo meu foco para a mesma direção e vejo que não soltamos nossas mãos até agora. Com um reflexo inesperado, solto imediatamente a mão dele e volto a olhar para a balconista.

- Não somos um casal moça. Somos... conhecidos! Isso, conhecidos.

- Mil perdões! Eu apenas deduzi por causa... Bom, vocês conseguiram compreeender. Mas desculpa mesmo.

- Nada não.

Volto a olhar para Norman e ele estava inexpressivo. Não dava para saber o que ele estava sentindo ou pensando. Era a verdadeira cara de bunda. Parecia estar viajando no mundo da lua.

Chamo por ele algumas vezes, mas nem um "humm" recebia. A atendente parecia estar se divertindo com a cena. Para mim era o completo oposto. Foi idéia dele vir e ele dorme em pé assim??? Aliás, eu vim a força, nem pediram minha opinião.

Havia se passado mais uns 3 minutos e eu já ia desistir, mas Norman acorda do mundo paralelo e me encara de volta. Parecia ter voltado ao normal, já que aquela cara de ** sumiu. O olhar já estava mais brilhante. Ele sorri e começa a falar novamente.

- Bom, gostaríamos de duas casquinhas simples.

- Qual sabor?

- Baunilha para mim. E pra você Ray? - nem parece que eu estava quase ligando pro samu a minutos atrás.

- Chocolate.

- Já já volto com os sorvetes!

Eu preciso de explicações, ou ele vai ficar travando assim toda hora. E mais uma coisa... Dinheiro. Ele vai paga essas casquinhas sozinho. Nem 50 centavos eu tenho aqui.

- Agora eu quero saber. Por que você fica travando assim desgrama??? Eu quase chamei a ambulância e a atendente não parava de rir de mim!

- É uma das formas que eu paro para raciocinar. Desculpa... Mas olha só, em compensação, eu vou te pagar um sorvete!

- Ainda bem, porque eu não tenho dinheiro comigo. - ele começa a rir por isso.

- Justo.

- Mas você estava pensando sobre o quê? Preciso de motivos por ter ficado de bobo assim.

- A... Sobre coisas.

- Entendo. Algum dia, eu vou te obrigar a me contar.

- Algum dia, quem sabe. - fico emburrado com isso.

Assim, a moça nos traz os sorvetes, Norman paga por eles e voltamos a caminhar rumo a minha casa.

Enquanto conversávamos, descobri que às vezes ele ajuda o tio na loja onde o conheci. Não me surpreendi muito, pois já imaginava. A cor favorita dele é azul e pretende estudar direito. Parece ter pensado bastante sobre seu futuro.

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Depois de uns minutos, chegamos e me despeço. Mas antes dele ir embora, Sophie chega do quinto dos inferno e começa a puxar assunto.

- Oi Ray! Como foi seu primeiro dia de aula? - ela para de me olhar e começa a observar o albino que estava no jardim. Parecia meio surpresa. - Já fez amigos e nem me contou??

- Eu acabei de chegar... - prestando zero atenção em mim, vai em direção a Norman e continua.

- Me chamo Sophie, é um prazer em conhecer você. Não conheço muitos amigos do Ray...

- É um prazer te conhecer Sophie. Me chamo Norman. - os dois apertam as mãos e soltam em questão de segundos.

Fica um silêncio meio desconfortável nesse jardim. Ninguém sabia o quê falar, então eu disse a primeira coisa que veio em mente.

- Vamos entrar logo? Eu preciso usar o banheiro, tipo, é uma emergência. - finalmente ela parece acordar do devaneio.

- Claro claro. - ela caminha até a porta e se vira denovo para falar. - Pode vir quando quiser. Será sempre bem vindo!

- Pode deixar que virei. Agora preciso ir, até amanhã Ray!

- Até.

Entro em casa e recebo milhares de perguntas sobre meu dia. Isso será bem cansativo...

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(Ficou pequeno, desculpa ksksksksks
Eu vi q algumas pessoas começaram a ler mas desistiram no meio do caminho. Faz parte né?
Espero q alguém goste :3)

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Para o Que Der e Vier (Incompleta)Onde histórias criam vida. Descubra agora