II

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A caminho da loja, aproveito para ver um pouco da cidade. Ela é um pouco maior que minha cidade natal, mas decorando algumas ruas, já é o bastante.
Não demora muito para estacionarem o carro em frente a um grande centro comercial. Eu tenho que admitir, se não fosse por meu pai, teria me perdido no meio de tantos corredores. Um ponto paterno para ele.

Entrando no estabelecimento, Sophie vai direto para a sessão escolar masculina. Sigo ela até lá e começo a observar os uniformes.
Nada fora do comum, calças e casacos de moletom, camisetas brancas com a logo da escola e gravatas. É engraçado o fato de nunca ter algo muito colorido, no máximo, uma gravata amarela. Não estou reclamando, aliás, preto é bem mais discreto, gosto disso.

Enquanto passava a mão pelos cabides, percebi algo lá fora e minha atenção tomou outro rumo. Havia uma loja onde se vendia afins para fotografia. E foi nesse momento que me lembrei de algo que tinha esquecido há um tempo.

- Perguntinha.

- Pode falar filho.

- Eu poderia passar rapidinho naquela loja ali? Prometo não demorar.

Olho para ele meio receoso. Sei que é do tipo mais liberal e agradeço por isso. Depois de olhar por um tempo para Sophie, como se estivessem se falando por telepatia, eu recebo um:

- Ok, mas se comporta. Não compre nada no impulso.

- Obrigado Pai

Saio correndo de lá e entro no tal lugar. Passo por algumas sessões de câmeras, papéis de foto e até mesmo tintas para impressora.
Procuro mais um pouquinho até encontrar o que tanto precisava. Uma bolsa para minha câmera. Não aguentava mais guardá-la dentro de uma mochila qualquer e ainda ter a probabilidade de estragá-la. Aproveito para ver o preço e estava bem em conta, então, por que não comprar?

Vou em direção ao caixa e começo a observar o balconista. Nunca havia visto alguém albino pessoalmente, era tão "diferente"

- Bom dia, precisa de ajuda?

- Bom, eu quero comprar essa bolsa para câmera fotográfica, ahn... - não consigo ler muito bem o nome do atendente na blusa. Poderia usar mais seu óculos né cabeção?

- Norman, meu nome é Norman - fala meio brincalhão, percebendo que não conseguia ler no crachá.

- Certo, Norman - falo meio envergonhado, por ter que depender de alguém para ler algo (denovo).

Enquanto ele digitava no computador, percebi um colar da amizade em seu pescoço. Aliás, ele não parece ser mais velho que eu, seria um estagiário?

- Deu R$160,00

Procuro em meu bolso a quantia e o entrego. Pelo visto era canhoto, contava as cédulas, digitava e apontava para os lugares com a mão esquerda. Antes que me chame de problemático, esse é meu jeito de reparar nas pessoas. Os mínimos detalhes são sempre mais importantes.

- Tenha um bom dia, agradecemos a preferência - falava enquanto entregava a sacola para mim. Aceno e vou em direção a loja de roupas novamente. Demoro para achá-los, mas os encontro na fila do caixa.

- Uniforme comprado. Precisa de algum material escolar querido?

- Não é necessário Sophie, tenho tudo na mochila.

- Certo, vamos pra casa então.

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Chegando em casa, havia uma chamada perdida da mamãe. Não penso duas vezes e retorno a ligação. Espero uns segundos até ela atender.

- Oi meu querido. Como está indo a estadia aí?

- Oi mamãe. Está indo até que bem. Compramos meu uniforme hoje e também aproveitei para comprar uma bolsa pra minha câmera. Como vai as entrevistas de emprego?

- Que bom meu filho. Por enquanto, não encontrei nenhuma vaga onde me encaixo. Mas tenho fé que encontrarei logo logo!

- Certo, Senhora Isabella - ela sempre detesta quando a chamo assim. É algo formal demais para um filho chamar sua mãe.

- É mãe para você, Senhor Ray - e agora eu virei um idoso de 60 anos.

- Tá bom, tá bom.

- Ligo para você amanhã, o metrô acabou de chegar. Até, meu filho favorito.

- Sou seu único filho mãe, mas tudo bem.
Até.

Desligamos a chamada ao mesmo tempo e pego meus fones de ouvido que estavam na cômoda. Coloco uma playlist tocar e me deito na cama.
Às vezes, parece que meu celular escuta a conversa alheia, porque sempre começa com uma música que remete ao meu dia, sendo bom, ruim ou patético.

"Today I don't feel like doing anything
I just wanna lay in my bed
Don't feel like picking up my phone, so leave a message at the tone
'Cause today I swear I'm not doing anything

Nothing at all
Woo, ooh, woo, ooh, ooh
Nothing at all
Woo, ooh, woo, ooh, ooh"
(The Lazy Song - Bruno Mars)

Como sempre, o hacker do meu celular acertou a música. Chega a dar um certo medo das escolhas musicais no modo aleatório. Mas de qualquer forma, fez me sentir um pouco mais animado, pelo menos isso.

Levanto da cama e vou direto ao banheiro. Não é um problema ter que dividí-lo com Henry, mas sempre tem algum brinquedo jogado no chão. E adivinha? Toda santa vez, piso em cima e machuco meu pé. Preciso urgentemente voltar a usar óculos.

Escovo meus dentes e volto a me deitar na cama. Normalmente, tenho problemas com insônia, podendo ir me deitar as 22:00 e só dormir a 1:00. Me viro para o lado da parede e fecho os olhos na esperança de dormir cedo. Se não, minha olheiras irão piorar, e começar a escola nova será um grande desafio para me manter acordado.

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(Mais um capítulo porque veio um turbilhão de idéias na minha cabeça.
Espero que alguém goste :3)

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Para o Que Der e Vier (Incompleta)Onde histórias criam vida. Descubra agora