XIII

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Enquanto escovava meus dentes, fiquei pensando sobre noite passada. É normal uma conversa entre dois amigos durante a madrugada, certo? Agora, acordar abraçado a ele, é uma coisa totalmente diferente. Não entendo como acabamos dormindo daquela forma, mas lembrar da sensação... era tão... espera... NO QUE EU ESTOU PENSANDO??

Pego o pente da gaveta com pressa e penteio meu cabelo. Irei me atrasar se começar a pensar em uma besteira dessas. Coloco tudo que usei emprestado devolta na prateleira, saio do banheiro e desço as escadas, indo em direção a cozinha.

Chegando lá, vejo dois idiotas entrando em conflito com a frigideira. Emma com um escorredor de massa na cabeça e uma luva térmica na mão, e Norman com uma tampa de panela e uma espátula em mãos. Sem comentários pra esse dois.

- O quê vocês pensam que estão fazendo?? - digo fazendo-os repararem na minha presença.

- Ah, oi Ray! Então...

- Desembucha logo antena.

- Certo. Nós tentamos fazer um omelete como nos filmes que passam na TV, mas não deu muito certo.

- Vocês esperavam o quê?

- Eu esperava que você nos ajudasse oras! - da forma que estão me usando, vou começar a cobrar por hora.

- Mas e se eu não ajudar? - falo retrucando. Os dois me olham com uma expressão desesperada. Não era de se esperar mais deles juntos na cozinha.

- Eu te pago outra casquinha!

- Desculpa, mas esse jutsu não funciona comigo.

- Eu compro um livro pra você de aniversário! - era a vez da ruiva tentar me convencer.

- Não, não vou ceder fácil assim... - eles se entreolham, conversando por telepatia provavelmente. Por um instante, voltam seu foco para mim de forma séria.

- Então eu tenho uma proposta.

- Pode falar, caro albino.

- Desconto de 40% na loja do meu tio, mas só por um dia. - ...

- Feito.

- Isso! - gritam felizes e eu vou até o fogão ver a "catástrofe" que fizeram enquanto me arrumava.

Olho para frigideira e vejo um ovo totalmente queimado. QUEM DIABOS QUEIMA UM OVO? Coloco tudo no lixo e começo do zero. Bato os ovos e o queijo em uma vasilha, e depois despejo na frigideira, já limpa. Enquanto isso, os dois observavam de longe, com medo de se queimarem ou estragarem tudo denovo. Em menos de 5 minutos, já estava pronto e levo até a mesa para esses esfomeados comerem.

- O primeiro pedaço é meu! E quem não gostou, faz B.O. - Emma fala já separando uma parte pra ela.

- Certo madame. - o albino diz, concordando com a mesma para não receber um esporro. Aproveito para ver o horário e percebo que já era 10:00. Pego uma maçã da fruteira para comer no caminho, e minha mochila que estava sobre o sofá.

- Vejo vocês segunda-feira, porque agora preciso ir.

- Ué, tem compromisso?

- Meu pai quer passar um "tempo em família".

- Ah... Certo então, boa sorte!

- Vou precisar. - digo colocando os sapatos e saindo porta afora.

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Caminho pelas ruas movimentadas com pressa, tentando não esbarrar em alguém. É algo quase impossível, já que muitas pessoas gostam de fazer compras aos sábados de manhã. Dobrando a esquina, avisto "minha" casa e começo a pensar no que iríamos fazer para passar o tempo.

Quando me perguntam sobre momentos em família, sempre imagino minha mãe me ensinando a cozinhar alguma receita nova, ou nós dois amontoados no sofá maratonando filmes. Esse sempre foi nosso cronograma dos fins de semana. E pensar que vai demorar para voltarmos a essa rotina...

Chegando na varanda, retiro a chave do bolso e destranco a porta. Esperava entrar e não encontrar alguém a minha espera, mas estava completamente errado. Sophie e Henry estavam assistindo a algum tipo de desenho infantil, enquanto eu retirava meus tênis. Os dois olham em minha direção e esboçam felicidade ao me ver.

- Ray!!! - diz o pequeno saltando do sofá, correndo até mim e abraçando minhas pernas. - Henry pensou que você não voltaria mais...

- Foi só por uma noite, seu bobo. - falo me abaixando, para ficar na altura do mesmo. - Aliás, não vamos passar um "tempo em família"?

- Exatamente querido, não precisa se preocupar com isso. - Sophie disse, nos observando do sofá.

- Eu não cheguei a perguntar mas, o quê vamos fazer hoje?

- Isso é uma surpresa, só espere seu pai terminar de se arrumar.

- Certo...

Não gosto muito da idéia de ir para um lugar sem saber onde exatamente é. Me assusta um pouco, mas tudo bem. Subo até meu quarto com Henry a tiracolo, e jogo minha mochila em algum canto aleatório. Em pouco tempo, sinto a barra de minha camiseta ser puxada e olho para baixo.

- Henry quer brincar lá fora, podemos ir?

- Não sei não. Eu to muito cansado de ontem a noite...

- Por favor!!! - eu conheço esse olhar de cachorro pidão em qualquer lugar.

- Okay. Mas não pode se sujar, combinado?

- Combinado!

Ele sai correndo do meu quarto, mais feliz do que o habitual. Penso por um momento e decido levar minha câmera junto, talvez venha uma onda de inspiração, sim? Pego minha bolsa e vou atrás de Henry.

Descendo as escadas, me deparo com Sophie meio apreensiva. Ela parecia estar pensando em algo, enquanto cochichava baixo. Nunca a vi assim, isso é estranho... Acho que se incomodasse essa série de pensamentos, ela iria ficar, de certa forma, sem graça? Então melhor passar reto e ir em direção ao quintal.

Abro a porta dos fundos e vejo Henry me esperando sentado no pequeno balanço que havia ali. Assumo, ele é muito fofo. Ando até lá e começo a balança-lo.

- Henry quer ir mais alto!

- Tem certeza? Pode acabar caindo.

- Henry tem certeza! - toda essa energia me lembra de uma certa ruiva.

- Então aqui vai! - digo fazendo um pouco mais de força ao empurrar o balanço. Como esperado, ele gostou e agora está rindo histérico.

- Acho melhor você ir brincar na casinha da árvore agora. Vai que o passeio tenha haver com comida, e você está meio enjoado de tanto se balançar? - ele me olha triste com o comentário, mas sai do balanço mesmo assim.

- Ray está certo! Quer brincar junto??

- Eu não consigo mais entrar na casinha. Vamos dizer que cresci MUITO.

- Ah... Ray pode observar Henry de fora então! - fala já correndo em direção às escadas.

Esse quintal não é dos maiores, se é isso que se perguntou. Eles só deram a sorte de ter uma árvore de grande porte para instalar uma casinha e um balanço na mesma. Também colocaram uma churrasqueira, sendo obviamente idéia do meu pai, e um mini jardim de flores, para Sophie.

Decido tirar algumas fotos nesse meio tempo e vou até o canteiro de flores. Pego a câmera que estava dentro da bolsa, e procuro por alguma flor que prefira. Havia rosas, margaridas, violetas, azaleias, bocas-de-leão... Caminho mais um pouco e me deparo com orquídeas. São as preferidas da minha mãe, então seria legal tirar algumas fotos e mandar para ela. Me abaixo um pouco, tentando encontrar um bom ângulo e começo a fotografar.

Olho de soslaio para Henry, só para ter certeza que está tudo bem, e ele parecia estar se divertindo com a cozinha de brinquedo. Ficar aqui não é tão ruim quanto eu imaginava...

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(Eu passei a madrugada escrevendo, mas só consegui postar agora🤠
Desculpa qualquer erro ortográfico ksksksksk
Espero que gostem :3)

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Para o Que Der e Vier (Incompleta)Onde histórias criam vida. Descubra agora