XVII

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Enquanto colocávamos nossas "armaduras de guerreiros" para essa batalha, em um vestiário do lado contrário ao do meu pai e de Henry, Sophie e eu conversamos sobre uma estratégia própria.

- Seu pai é um desajeitado quando o assunto é segurar uma arma de brinquedo - Começo a rir um pouco baixo por conta do comentário, é algo que sempre imaginei realmente acontecendo - e ele ainda precisa tomar conta de Henry ao mesmo tempo...

- Faremos o seguinte!

- Já pensou em algo??

- Tenho tudo planejado. - Faço um sorriso maléfico e ela ri.

- Imitando o Grinch uma hora dessas? Você é mesmo filho do seu pai. - Nós dois caímos na gargalhada ao mesmo tempo.

- Pois é...

Ao perceber o quê acabou de dizer, ela recua um pouco mas faço sinal com a cabeça para não se sentir mal.

- Está tudo bem, sei que acabei herdando algumas partes dele também. - Dou uma risada sem graça alguma.

- Ray... Espero não ter te deixado desconfortável em nenhum momento por enquanto. Quero que tudo dê certo entre nós! Sei que não sou sua mãe biológica mas... Vejo você como meu filho também.

Algo dentro de mim, lá no fundo, se desencadeou. Isso é verdade? Como um filho? Um filho para ela? Parte da família...

- Ray? Ray!! - Sophie grita preocupada limpando lágrimas que caíam dos meus olhos sem parar.

- O quê?...

- Está tudo bem?? Eu falei algo errado?? Mil desculpas Ray, não foi a intenção!

Enquanto me chacoalhava desesperada, sem muito resultado, eu a abraço. Isso foi muito repentino, tão repentino que nem mesmo eu pude prever. Eu acabei de abraçá-la?...

- Obrigado...

- Oh Ray... Deixa eu te abraçar também!!

Estive remoendo tantas coisas que vinham acontecendo ultimamente, tantas coisas que eu sentia... Mal reparei no esforço que todos estavam fazendo para fazer me sentir parte disso.

- Muito obrigado Sophie... - digo entre mais lágrimas, quase soluçando.

- Oh meu amor, todos aqui te amam sabia? Apenas estamos amando você da forma como você merece, como sempre mereceu...

Mais lágrimas. Como vim parar aqui? Essa situação... Vou me sentir tão constrangido depois...

- Desculpa... Estou começando a ficar envergonhado por isso...

- Tudo bem, tudo bem. Vamos limpar seu rostinho antes de tudo?

- Sim, sim... Precisamos acabar com eles afinal!

- Isso!! Vamos lá!!

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Já em nossos lugares, o relógio começa a contagem regressiva. 3, 2, 1... Que comece a partida!

O plano era o seguinte, eu iria por um lado e Sophie pelo outro, caso encontrássemos papai e Henry, assobiaríamos. Esse era o nosso sinal.

Avancei pelo lado direito. Consegui desviar de vários obstáculos facilmente, resultado dos treinos de vôlei eu diria. Olhava para todos os cantos e não avistava nenhum sinal de meu pai por aqui. Com mais calma, tentei prestar atenção nos sons mas sem sucesso novamente. Será que...

- "Fiu fiu" - Um assobio...

Corri pelo caminho da esquerda, tentando avistar um dos três perto de mim. Avistei Henry com sua arma de plástico correndo e atirando para todos os cantos. Logo atrás vinha papai com uma pistolinha minúscula. Por que deram justamente essa à ele? Ri um pouquinho por conta disso...

Para o Que Der e Vier (Incompleta)Onde histórias criam vida. Descubra agora