XVI

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Eu... eu não consigo entender o por quê dessa música me fazer tão mal. É só uma música! Não faz sentido... ou faz? Sinceramente, não quero imaginar todas as possibilidades para explicar essa sensação. Espero que esse dia acabe logo, mesmo sendo apenas 13h45min.

Sinto uma onda de ódio percorrer meu corpo inteiro. Parece que esse tempo inteiro meu pai esteve brincando com meus sentimentos. Cantar a música que um dia foi meu lugar de conforto? Realmente me perguntar se eu estou bem quando ele claramente sabe que não? Fazer eu me acostumar com a ideia de morar nesse lugar?

Olho em volta e percebo todos os olhares em mim. Isso é desconfortável... Eu não quero estar aqui mas ao mesmo tempo não posso decepcionar minha mãe. Fugindo dessa situação, significa ficar um clima mais pesado entre eu e meu pai, e ela não quer isso. Mas... e o quê eu quero?

Enquanto as crianças ouviam com atenção o tocar do violão cor-de-rosa, eu apenas me afundava mais e mais em dúvidas. Isso é frustrante... Henry em certo momento pega minhas mãos e começa a balança-las de um lado para o outro. É tão bom ver como ele é atencioso com os outros mesmo sem saber disso.

Uma onda de aplausos pôde ser ouvida logo após meu pai terminar o recital. Assim, ele se curva para a "plateia" e, logo após, vem em nossa direção.

- O quê acharam?

- Henry amou! Pode tocar mais vezes??

- Claro que posso, meu bem. - diz, pegando Henry no colo.

- Foi realmente muito fofo. - Sophie comenta.

Faltava apenas eu dizer alguma coisa. E todos sabiam que minha opinião era a mais importante nesse momento. Essa é a minha canção, a canção que foi feita para mim e agora cantada na frente de um grupo de pessoas. Óbvio que meu pai espera por uma resposta positiva...

- Eu gostei...

Pude ver um sorriso encantador no rosto de todos. Não falei nada além do que eu deveria certo? Impossível dizer "sua cantoria me causou uma crise existencial bem aqui e agora, quer mesmo que eu diga se eu gostei?".

- Que bom que gostou filhão. Já valeu a pena ter tocado na frente de todos! - isso foi...

- Certo! E agora? Qual a próxima parada?

Nos entreolhamos, quase nos comunicando por telepatia. Isso foi extremamente estranho, mas consegui me sentir parte da família? Parte da família...

- Sophie, alguma ideia?

- Tenho sim! - volto do meu devaneio e presto atenção nela - Já que almoçamos faz um tempo, podemos ir ao fliperama dessa vez. O que acham??

Henry é o primeiro a se pronunciar.

- Henry achou uma boa ideia!

- Nunca perderia a chance de ganhar de alguém no laser tag. - é a minha habilidade secreta desde os meus 9 anos. Não deixaria me vencerem tão fácil assim.

- Você gosta de laser tag Ray?

- É claro que eu gosto.

- Então você será minha dupla. Iremos aniquilar esses dois! - Sophie diz, encarando o próprio marido com um olhar sanguinário. Não sabia desse lado dela, mas apenas reforçou o quê eu sempre soube. Ela é uma mãe maravilhosa, Henry foi tão sortudo quanto eu nesse quesito.

- Opa, opa, opa! Ninguém falou sobre aniquilar ninguém aqui! Não iremos aceitar a derrota tão facilmente, certo Henry?

- Certo!

- Então estamos esperando o quê? Vamos pro fliperama!

Nos dirigimos em direção à saída do museu logo após. Não sei explicar muito bem esse sentimento. É um turbilhão de memórias voltando a tona, como se fosse fácil processar tudo ao mesmo tempo, mas não é...

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O problema do fliperama é ficar no centro da cidade, no shopping, o mesmo lugar onde compramos meu uniforme escolar. O percurso dá 15min ou mais até onde eu sei. O lado bom é ficar próximo de uma praça não muito movimentada.

Eu e Henry passamos o caminho todo jogando uno, e eu pessoalmente amei o fato de ser do Ursinho Pooh. Acabei ganhando duas partidas consecutivas do pequeno porém ele pediu uma revanche. Acabei ganhando igual às outras rodadas.

- Chegamos! Henry, espere eu ou sua mãe para atravessar o estacionamento. Melhor não andar sozinho por aí.

- Certo papai! Mas Henry pode ir com o maninho dessa vez? - ele acabou de me chamar por maninho... Essa sensação é tão gratificante... Olho para o volante e vejo Sophie sorrindo de orelha a orelha.

- Certeza que quer ir comigo dessa vez cotoco?

- Tenho! Vamos Ray!

Assim, saímos do carro e Henry me dá sua mão. Atravessamos todas as faixas de pedestre com as mãos dadas e consigo ouvir algumas pessoas comentando sobre isso na entrada do shopping. É realmente um bom momento para recordar e contar para Anna mais tarde. Tenho certeza que ela irá dar os frequentes "gritinhos" de felicidade.

Seguimos caminho até o fliperama mas acabo prestando atenção em um loja familiar. Era a loja do tio do Norman. Talvez seja melhor eu manter distância deste lugar por hoje. Se o pai de Emma tentou me atropelar, por que um parente do albino também não tentaria isso?

- Por que Ray parou?? Vamos!! - vejo o pequeno, que agora segurava minha mão, me puxar com toda a força. Tentativa falha...

- Mais calma Henry! Já estou indo. Se acalme um pouquinho...

- Vamos vamos!! Iiiiiii!!

Algum dia eu ainda arranjo uma coleira para por nele e não precisar ficar correndo pelos cantos.

- Meninos, por aqui! - nosso pai acena de longe já na fila para comprar os tickets. Infelizmente não conseguem mais omitir minha idade e pagar meia entrada.

Sophie já aparece com as armas de brinquedo, pronta para acertar munições cheias de tinta em Leslie. Ela dá um sorriso maléfico denovo e dessa vez a acompanho. Espero que esses dois estejam preparados para a chacina que irão sofrer.

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(Oioi-

Fiquei tanto tempo sem escrever essa fic que precisei reler tudo para lembrar cada detalhe, uma experiência meio estranha assumo. Mas aqui está, um capítulo novo.

Eu decidi escrever ele por conta de como havia acabado o anterior. Um momento onde o Ray estava muito sensível e puto da cara. Gosto muito dessas cenas por serem fora do meu habitual e tentar evoluir na escrita--

Mas enfim, não quero impor metas na história então escreverei mais quando me vier inspiração e força de vontade para issoKSKSKSKSKSKS

Espero q alguém goste<3)

✨🎶

Para o Que Der e Vier (Incompleta)Onde histórias criam vida. Descubra agora