Respirei fundo, e levantei a minha cabeça, olhando o rosto inchado pelas lágrimas. Sinto as lágrimas descerem de novo e suspiro irritada. Droga. Não posso começar mais um ano de vida assim, nessa sensação sufocadora e desesperadora da minha existência.
Parei por um instante, e endireitei minha coluna, olhando ao redor do meu banheiro. Será que vai ser assim para sempre? Vendo minha vida passar diante desse quarto, vendo as coisas acontecerem através da tela do computador, nessa cidadezinha no meio de Andorra, aonde nada, nunca acontece? Sinto que estou perdendo tempo, nesse lugar, vivendo essa vida sem expectativa de nada. Tem um mundo incrível lá fora e estou só olhando-o através da janelinha do meu quarto. Eu preciso ir embora.
Decidida, tirei minha roupa e adentrei o chuveiro, tomando um longo banho. Tinha uma roupa me esperando em frente ao closet; calças de sarja, cardigã, e uma camiseta social, composto, elegante, junto com o recado da minha mãe, então eu o coloquei. Pranchei os meus cabelos, deixando-os sem ondulação, da maneira que ela gosta.
Calcei saltos-altos, porque uma mulher sempre tem que estar elegante, minha mãe sempre diz. Coloquei o pingente brilhante que meu pai me deu no pescoço, e em seguida coloquei os óculos-escuros no rosto. Fitei as unhas esmaltadas na cor branca, e suspirei. Olhei-me no espelho e neguei.
Ela me veste como uma boneca, porque me controla como uma.
Prendi o meu cabelo em um rabo-de-cavalo, e em seguida saí do banheiro, apagando a luz.
Desci as escadas em caracol, bocejando, estou cansada. Passei a noite toda em claro pensando na minha pobre existência, além é claro, de estar resolvendo os últimos detalhes do meu TCC, acho que está tudo quase pronto.
Cheguei ao primeiro andar, fui em direção contrária do que havia vindo; a cozinha que fica à esquerda. Adentrei, vendo minha irmãzinha Greta sentada a mesa, um iPod à frente da sua visão.
— Bom dia. Parabéns para mim. — Anunciei, alegre, indo contra a geladeira, e pegando a jarra de suco. Como se não tivesse passado a última meia-hora me debruçando em lágrimas.
— Hoje é um dia mortalmente terrível, não tem porque comemorar. — Greta anunciou, e eu gargalhei, levando um copo até o balcão de madeira.
Olhei ao redor, procurando os nossos pais.
— Cadê a mamãe?
— Ela saiu cedo, disse que te encontrava a noite.
— O papai?
— Disse que iria pescar.
Fiz um bico, me aproximando de um prato coberto, e logo o abrindo, tem panquecas doce sobre ele, escrito parabéns, e um recadinho do meu pai. Ele tem o trabalho de me fazer panquecas, mas não de esperar até eu acordar? Eu sei que eles estão fugindo dessa conversa, porém não será por muito tempo.
— Você quer, Greta? — Indaguei, enfiando um grande pedaço em minha boca.
— Morra sozinha. — Ela anunciou, e eu suspirei, sempre tão doce.
Após o café voltei ao meu quarto, indo pegar minha mochila e o celular. Isabella já mandou-me uma enorme foto com sua cara com o dizeres de parabéns. Eu dou uma risada, agradecendo a ela, enquanto faço um tour pelo quarto escovando os dentes. Quando termino desço as escadas, indo em direção a porta, Greta está nela, olhando seu relógio de pulso.
— Você está atrasada cinco minutos. Será que não consegue fazer nada certo?
— Ah... Me desculpa... — Anunciei, observando-a entrar no carro, o motorista segurou a porta, como sempre. Não posso nem dirigir meu próprio carro...

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Invictus
FanficQuando sua irmã desaparece em outro país, Aslo tem que juntar forças com Justin para encontrá-la. Mas em meio a uma aventura desconhecida, o seu passado - até então misterioso - começa a vim à tona, e ela se vê obrigada a decidir se quer desvendá-l...