10; frustration

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Sua cabeça era preenchida por pensamentos cada dia mais e mais. Já havia se acostumado com isso, mas ultimamente, estava sendo ainda mais constante, e o problema disso era a forma em como isso tirava sua atenção de tudo.

Sua proximidade com Sal era diferente, isso sem sombra de dúvidas. Desde que tivera a conversa com o garoto sobre os sonhos estranhos qual estava tendo constantemente, eles diminuíram em uma boa parte, isso porque sua mente simplesmente não se ocupava com outra coisa a não ser ele:

Sal Fisher.

Sentada sobre a cama, com as costas apoiadas contra a cabeceira você mexia distraída em seu travesseiro, olhando um ponto qualquer daquele quarto. Você suspirou, fechando os olhos em busca de alguma resposta argumentativa.

Não havia.

Isso não deveria ser tão intenso assim, deveria?

Não deveria ser visto como algo ruim.

Talvez, fôssemos a maioria criados assim, pensando primeiro nas mil e uma possibilidades de algo dar errado, e quebrarmos a cara.

Era tudo complicado demais para que sua mente pudesse juntar devidamente as peças.

Você gemeu em frustração, passando a mão por seu rosto e fechando os olhos, desejando pensar em outra coisa. Então, lembrou-se do que havia "combinado" com Sal, no dia que estava prestes a ir para seu apartamento.

Queria tanto chamá-lo para fazer algo contigo que nem mesmo pensou no que poderia ser, ou no que poderia fazer. Sem sombras de dúvidas, isso apenas havia piorado sua situação.

Vamos lá, não poderia ser tão difícil assim. Certo?

Você pensou em muitas possibilidades, anulando da lista lugares que fossem muito frequentados. Lembrava de uma das vezes que Sal comentou que não se sentia confortável em lugares muito cheios ou bem frequentados.

Suspirando, você abriu a gaveta da pequena mesinha de cama e tirou de lá um bloco de anotações junto a uma caneta, começando a anotar algumas possibilidades de lugares que poderia ir com o garoto; além de planejar o que iriam fazer.

— Droga... — reclamou jogando o bloco sobre a cama e se afundando em meio a bagunça de suas cobertas. De todas as anotações que havia feito, nenhuma havia te interessado realmente.

Lembrava-se de todas as vezes em que estava ao lado do garoto; quando foram visitar Megan, algumas vezes que ele veio até sua casa ou quando você fora na dele, no dia do trabalho como um exemplo, na escola juntos quando Larry faltou, por constantes vezes haviam estado juntos. Praticamente, Sal fazia parte de sua rotina, se viam e ficavam juntos todos os dias.

Mas agora, estava tudo sendo tão... Diferente.

Só a sensação de tentar bolar algo para sair com o garoto fazia com que um nó intenso se formasse em sua garganta, atingindo seu estômago.

Era sem dúvida, uma imensa frustração.

No final, você passou mais bons minutos pensando, até que resolveu dormir um pouco para dispersar o que vinha martelando seus pensamentos diários.

[...]

Naquela tarde você estava quieta demais, ainda um tanto pensativa. Sal e Larry haviam notado isso, com certeza.

Os três estavam no quarto do mais velho, eles haviam batido na porta de sua casa mais cedo a convidando para fazerem algo, e mais uma vez, estavam apenas ali no cômodo já tão bem conhecido.

Você nem percebeu, mas em todo o momento em que ficou em silêncio, tendo seus próprios pensamentos, os dois garotos olhavam para você e em seguida olharam um para o outro, buscando entender o que se passava em sua cabeça.

Seu olhar estava fixo em um ponto qualquer no quarto, enquanto você aumentava o aperto de seus braços em volta de suas pernas, cada vez mais pensativa. Não conseguia planejar nada, absolutamente nada, e isso te deixava aflita.

Os dois garotos estavam preocupados, principalmente Sal. Você estava tão bem quando estiveram juntos para fazer o trabalho, e agora parecia distante, mal.

— Hey, S/n — Larry chamou, e você rapidamente levou sua atenção até o rapaz — Tá pensando no que?

— Ah — você mordeu o lábio, negando algumas vezes — Nada de importante.

— Mesmo? — o moreno insistiu, olhando para você com insistência.

— Mesmo — concordou juntamente a cabeça, mordendo o lábio mais uma vez — Só umas coisas, nada com que precise se preocupar.

— Ok, então... — o outro resolveu não insistir — O que querem fazer?

Houve um breve silêncio, enquanto vocês três se olharam para saber quem daria algum palpite.

Nada.

Você suspirou desviando o olhar, não sabia o porquê daquilo a incomodar tanto. Soltando suas pernas, você se levantou, e os dois colegas olharam para você confusos.

— Eu vou indo — disse então, ajeitando suas roupas.

— O que? Por que? — Larry perguntou, olhando para Sal e seguindo para você, totalmente confuso.

— Uh, eu... — pensou em alguma desculpa qualquer. — Não estou me sentindo muito bem, acho que preciso dormir um pouco.

— O que está sentindo? — dessa vez Sal que perguntou, com a voz carregada de preocupação.

Droga, não era para você deixá-lo preocupado.

— Não é nada demais, não se preocupem — você negou algumas vezes, apertando os dedos — Eu só estou um pouco cansada, sabe? Só preciso dormir um pouco, amanhã com certeza estarei melhor.

Os dois rapazes se olharam, Larry tinha a expressão desconfiada enquanto Sal continuava preocupado. No final, eles apenas concordaram, deixando com que você fosse.

Quando chegou em sua casa, se sentia um tanto patética. De forma alguma entendia o porquê de se sentir assim pelo fato de que iria fazer algo junto a Sal. Mas sua mente havia estabelecido algo diferente ali, misturando-se aos seus sentimentos.

Era patético, mas também inevitável.

Se jogando sobre sua cama, abraçando um de seus travesseiros, você continuou pensando e pensando. Por esses meses que havia se aproximado de Sal, não sabia ao certo o que o garoto gostava de fazer, e isso apenas piorava as coisas.

Ah, Deus — você reclamou, pressionando o travesseiro contra seu próprio rosto.

Seria uma noite frustrante, sem dúvidas.

Obscure Love ; Sally FaceOnde histórias criam vida. Descubra agora