Obscure Love ; Sally Face

16; in public

E novamente as primeiras aulas chegavam ao fim com o som estridente do sino, indicando o intervalo. Bem, não tinha com o que reclamar muito naquele dia, nem mesmo a quantidade de atividades que a professora havia passado a vocês foi o suficiente para te abalar.

Sabe quando dizem que seu ânimo de ir para as aulas só aumenta quando a pessoa que você gosta frequenta a mesma escola que você? Bem, aí estava.

Sua atenção pairava em qualquer canto naquele refeitório, menos nas conversas que seus colegas estavam a ter. Bem, vez ou outra compreendia algumas palavras, mas não quisera prestar assim tanta atenção. Estava entretida com seus próprios pensamentos, mais especificamente, a lembrança da noite anterior.

Estar ali, sentada ao lado do garoto de madeixas azuis era como conseguir sentir novamente tudo o que havia acontecido; o toque da mão do mesmo em sua bochecha, o carinho, o olhar. Absolutamente tudo.

Você mordeu o lábio com força, tentando conter que um sorriso escapasse.

- Hey, S/N - ouviu a voz do baixinho, fazendo você olha-lo depressa, vendo que o mesmo tinha o olhar sobre você. - Está pensando no que?

- Ah - você mordeu o lábio, propensa a pensar em alguma desculpa, mas nada vinha em mente. Então, apenas resolveu dizer: - Em nós dois - disse, e levaram apenas alguns segundos para perceber como aquilo havia soado.

Ok, definitivamente errado.

- Digo! Nós dois, no passeio de ontem, eu estava lembrando - tentou explicar, querendo não transparecer o desespero em sua voz.

- Oh, sim - ele riu, se ajeitando sobre o banco. - Eu estive lembrando sobre isso também.

- Esteve...? - você impediu de dar um sorriso exagerado, sem desviar os olhos dos dele. Ele também estivera pensando tanto assim como você?

- Sim - ele concordou novamente. - Bem, estive pensando também que deveríamos fazer mais vezes, sabe. Se você quiser, é claro...

- Claro! - você quem concordou dessa vez, tão contente quanto antes. - Eu gostaria muito, de verdade...

De certa forma, isso havia feito totalmente o seu dia. Por mais que não demonstrado a sete bandejas, saber que Sal também sentia-se contente e gostava de estar próximo a você, a deixava mais segura.

Sentia as bochechas doerem, e não apenas pelo fato de estarem coradas, como também por constantemente não conseguir parar de sorrir. Definitivamente, nunca chegara a um nível como esse.

Sal era o garoto que fazia você descobrir coisas sobre si mesma, cada dia mais.

Por outro lado, o garoto também estava demasiado contente. Saber que teria outras oportunidades para estar a sós contigo o deixava ansioso, e muito. Ele gostava de estar próximo a você, independente se era envolto de pessoas, ou apenas ambos - por mais que, sendo sincero para si mesmo, ele preferia os momentos que tinham a sós.

Um breve silêncio se estabeleceu apenas entre vocês dois, e novamente, não era de incômodo. Os outros envoltos na mesa conversavam descontraídos sobre as aulas que estavam a ter, entre outros assuntos que não envolviam a escola.

A maior parte do tempo percebera que nunca se envolvia nas conversas que todos ali tinham em si, a não ser fazer um comentário ou outro, dar um palpite, ou quando dirigiam o assunto até você e você respondia. Mas, todos eram bem próximos ali, já que bom, se conheciam bem antes de você mudar-se para Nockfell.

Perdida em seus devaneios mais uma vez, foi quando não percebera que mesmo olhando para os colegas conversando, Sal mantinha a atenção focada em você. Com o coração batendo de forma tanto frenética dentro do peito, ele se ajeitou sobre o banco ansioso mais uma vez, desviando o olhar dos colegas que conversavam sobre algo que ele já não se lembrava mais.

O garoto mordeu o próprio lábio, observando você olhando para um canto da cantina, brevemente distraída, mais uma vez. Odiava o fato de querer fazer com que o instinto real fosse maior do que o racional, e deixar com que sua vontade momentânea ocorresse ao invés de ouvir friamente seu próprio concelho interno. E foi por seguir aquela vontade momentânea que o garoto aproximou a mão da sua, a envolvendo e entrelaçando ambos os dedos.

Como um choque de realidade você acordou de seus devaneios, olhando para sua mão junta a de Sal. Ambas estavam apoiadas sobre o banco, quase que por de baixo da mesa, então ninguém presente ali estava a ver.

Você corou, de imediato. O ar parecia mais rarefeito, sua ansiedade estava lhe socando o estômago. Simplesmente os dois estavam ali, de mãos dadas, em público.

Por que o peso disso parecia ainda maior?

Mesmo com todo o breve "pânico" recente, você pôde sorrir, fechando os dedos sobre os de Sal, como forma de "retribuir" o ato, deixando claro para o garoto que estava tudo bem.

E bem, Sal quase deixou um suspiro alto de alívio escapar. Qualquer coisa que ele pudesse fazer e que estava envolto a você, o deixava inseguro e com medo. Em hipótese alguma ele queria fazer algo que não fosse de seu agrado e a deixasse desconfortável.

Com o polegar, Sal passou a acariciar sua mão, e isso conseguia deixá-la ainda mais boba com tudo que acontecia.

A cada dia que se passava, tinha a certeza que sua relação com Sal estava mudando, até mais rápido do que realmente imaginava. Não podia negar para si mesma, mesmo com toda essa aproximação chegando de uma forma tão intensa, você sabia que estava gostando, ou até mesmo, se acostumando antes do tempo.