8; own bubble

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Sua tarde teria sido completamente monótona se não fosse pela ansiedade que insistia em estar presente ali. Você e Sal haviam combinado de fazer o trabalho na casa dele, daqui meia hora.

Você havia organizado algumas coisas dentro de casa e também deixado um bilhete na geladeira caso sua mãe chegasse e você não estivesse — por mais que já houvesse a avisado na noite anterior, às vezes era bom prevenir.

Após passar bons minutos escolhendo algo para vestir, já havia se arrumado, um pouco antes do horário que planejava. Resolveu então separar alguns materiais para o tal trabalho, que para ser sincera, não era de tanto interesse assim para você.

[...]

Bateu na porta do 402 quando dado o horário, e não demorou muito para ouvir o som da fechadura e a porta se abrir, tendo a visão do garoto em frente a porta.

— Cheguei cedo demais, não foi...? — você disse mordendo o lábio em nervosismo. Estava tão ansiosa que nem cogitou em se atrasar alguns minutos.

— No horário certo — o garoto respondeu e você pôde o ouvir rir baixinho, dando espaço para você entrar. Por mais que o mesmo tentasse transmitir uma imagem mais tranquila, ele também estava ansioso o resto do dia.

Você o acompanhou até o quarto, Sal encostou a porta e então foram até a cama para discutir como fariam o tal trabalho.

[...]

Já deviam passar das 17:00, faltavam apenas alguns detalhes para vocês finalizarem o trabalho, mas haviam decidido deixar para outro dia — bom, ambos com a desculpa interna de que aproveitariam para passar outra tarde juntos.

O pai de Sal em um momento entrou no quarto, a convidando para fazer companhia para eles no jantar, e com a insistência do mais velho, você acabou aceitando. E Sal, havia ficado um tanto animado.

— Eu fui visitar Megan, ontem a tarde — o garoto comentou, encostando a cabeça na cama. Vocês estavam sentados próximos, no chão.

— Oh, e como ela está? — você perguntou, lembrando-se que fazia um tempo que não fora visitar a garotinha.

— Está tudo normal — ele disse, virando o rosto para te olhar — Ela perguntou de você.

— De mim? — olhou para o garoto, com curiosidade — O que?

— Quando você iria visitá-la. Ela disse que sente saudades — ele riu, lembrando-se do exato momento do dia anterior.

— Eu também sinto... Irei tentar visitá-la em breve. Você vem comigo? — perguntou olhando o garoto, que concordou com a cabeça. Sal nunca desperdiçava as oportunidades que tinha para fazer algo junto a você.

E então você mordeu o lábio, lembrando-se do que vinha pensando a alguns dias. Não deveria ser tão complicado chamar alguém para sair, deveria?

— Sal... — você o chamou, a ansiedade se fazendo presente mais uma vez. Sal em silêncio, continuou olhando para você, curioso agora. — Eu queria saber se...

— Sal? S/N? O jantar está pronto! — Henry avisou dando leves batidas na porta antes de se afastar.

— O que ia dizer? — Sal perguntou, a voz carregada de curiosidade.

— Uh, nada não — você negou, sem coragem para pedir naquele momento — Vamos?

O garoto ficou alguns segundos em silêncio, antes de concordar com a cabeça. Com toda certeza, a curiosidade ficaria martelando a mente de Sal pelo resto da noite.

O jantar havia sido muito agradável, Henry sempre a tratava bem quando frequentava sua casa. Já era tarde, e infelizmente você tinha que ir para casa antes que levasse um sermão de sua mãe.

Se despediu de Henry, enquanto Sal a acompanhou até o lado de fora do apartamento.

— Hey — você sorriu, mordendo o lábio. — Eu... Gostei de passar essa tarde com você... — logo, percebeu o que disse, e assim suas bochechas começaram a ficar rubras, mas não mudaria o assunto, havia sido sincera.

— Eu também... — o garoto disse, com um sorriso escondido por de trás da máscara — Você sabe, pode vir sempre que quiser, ficaremos felizes com sua visita.

— Ah, sim. Falando nisso — você respirou fundo, buscando certa coragem — Queria saber se você gostaria de fazer algo, só nós dois...? Sair, ou algo assim, sem ter que fazer trabalhos ou para ir visitar fantasmas...

Sal arregalou os olhos, sentindo o coração acelerado dentro do peito. Você estava o chamando para sair?

Ok, ok.

— Claro! — a resposta foi quase imediata — D-Digo, eu gostaria sim — balançou a cabeça algumas vezes, em concordância.

Você sorriu quase que de orelha a orelha, contente com a resposta. Se aproximou do garoto, rodeando os braços em torno dos ombros dele, abraçando-o. Sal sentia as bochechas queimarem, os olhos estavam ainda mais arregalados que antes, surpreso. Vocês nunca haviam ficado tão próximos antes, a não ser pelos toques com as mãos e quando você deitou-se sobre o ombro do mesmo no ônibus.

Ainda surpreso ele retribuiu o abraço, fechando os olhos. Os braços do garoto se fecharam em torno de sua cintura, deixando-a mais próxima.

Você sorriu, ciente de que ele não podia vê-la. Estava se sentindo feliz como a muito tempo não se sentia, estar ali com ele a fazia se sentir acolhida, feliz, algo além do que apenas dizer um "eu me sinto bem".

Os minutos corriam, e vocês continuavam na própria "bolha", sem ter noção do que acontecia em volta ou de qualquer outra coisa, o redor era sem importância alguma naquele momento.

E foi assim que vocês não notaram quando sua mãe abriu a porta e ficou parada ali, observando vocês dois se abraçando, tão dispersos que nem perceberam que a mulher os observava com um sorriso no rosto.

A mais velha até pensou na possibilidade de pigarrear disfarçadamente para chamar a atenção de vocês dois, mas ela apenas fechou a porta e deixou com que ambos continuassem ali.

Foram apenas mais alguns minutos, até que por contragosto você resolveu se afastar, e como um balde d'água fria sua timidez se fez presente. Sal se afastou a contragosto também, as mãos suando frio e o coração batendo forte.

— Melhor eu ir... — você disse, olhando em volta — Minha mãe já deve ter chegado a um bom tempo, não quero deixá-la preocupada...

— Sim, tudo bem — ele concordou com a cabeça, estalando os próprios dedos.

— Eu... Novamente, gostei muito de passar a tarde com você Sal, mesmo — seu coração batia forte, enquanto você tentava manter firmeza na voz para dizer as tais palavras — B-bem, tenha uma boa noite! Agradeça seu pai pelo jantar novamente, estava ótimo.

— Ok! Eu direi — disse — E eu também, gostei muito de passar a tarde com você...

Você sorriu para Sal, e ele sorria de volta, por de trás daquela prótese. Se afastando aos poucos, você caminhou até seu apartamento, abrindo a porta ainda um pouco atordoada. Mas, antes de entrar em casa você acenou para Sal que retribuiu, e em seguida ambos adentraram seus cômodos.

E então você correu para seu quarto, encostando a porta e se jogando sobre a cama, agarrando seu travesseiro e afundando o rosto ali. Queria se enterrar em algum canto e não sair de lá nunca mais, se possível.

Sem sombras de dúvidas, seu coração a cada dia deixava tudo ainda mais complicado.

Obscure Love ; Sally FaceOnde histórias criam vida. Descubra agora