5; flerting?

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Havia sido uma boa alternativa ter aceitado ir com os meninos na casa da árvore. Deviam ser em torno das 20:30 naquele momento.

— Algum dia a gente podia combinar alguma coisa com todo mundo aqui, seria legal — Larry comentava, fazendo algum esboço no caderno de desenho que tinha em mãos.

— Não acho que iria caber todo mundo aqui, cara — Sal quem disse, brincando com a almofada que estava apoiada sobre o próprio colo.

— É verdade... — Larry acabou concordando, ainda que com um pouco de discórdia — Falando nisso, esquecemos de falar com a S/N sobre aquilo.

— Aquilo o que? — você perguntou, já curiosa.

— Ah, Larry estava pensando em nos reunirmos para fazer algo na casa dele algum dia desses — Sal explicou — Nós três, junto com a Ash e o Todd.

— Claro! Seria legal — você concordou, animada com a ideia — Mas, faríamos o que...?

— Uma noite de filmes, jogar alguma coisa, a gente pensa na hora — Larry respondeu, ainda focado no esboço que estava a fazer em seu caderno.

Você apenas concordou novamente, seria bom uma noite diferente da rotina de sempre, sem contar que não havia tido muitos momentos com Ash e Todd, a não ser no colégio.

Dando um suspiro, você abraçou as próprias pernas contra o peito, apoiando a cabeça sobre uma das ripas de madeira que serviam para sustentar a parede. Estar ali era como se uma onda de paz fosse estabelecida, não se sentia sozinha, não sentia aquela estranha sensação de mais cedo, isso era bom.

— Você está bem? — Sal perguntou, lhe acordando dos breves devaneios. Você olhou para o garoto, que prestava atenção em você.

Você então, concordou com a cabeça e sorriu — Obrigada — disse baixinho, sem desviar os olhos do garoto, e ele estava na mesma, continuando a te olhar.

— Pelo o que? — ele perguntou no mesmo tom que você usará, como se o diálogo que estivessem a ter fosse algum tipo de "segredo".

— Eu... Me senti bem melhor depois de conversar com você... — confessou, sincera.

Sal ficou em silêncio por alguns segundos, não havia como notar, mas por debaixo da prótese o garoto se encontrava com as bochechas rubras e um sorriso dito como "bobo".

Ambos não disseram mais nada, pelo menos por breves minutos, mas também não ousaram desviar o olhar. Você aumentou o aperto de seus braços em torno das próprias pernas, a ansiedade lhe tomando junto aquela maldita sensação de borboletas no estômago.

Vamos lá, não era de hoje que isso acontecia, muito menos recentemente. Você achava que já deveria ter se acostumado, mas cada dia isso ficava ainda pior, ainda mais forte e intenso. Odiava sentir demais, ao mesmo tempo que isso parecia lhe deixar bem.

— Sal... — você o chamou, a voz quase falhando enquanto tomava coragem para pedir o que estava planejando mais cedo.

— Sim? — ele respondeu, e por mais que não parecesse, a situação do garoto era a mesma que a sua. Tendia até mesmo a ser pior.

— Eu queria saber se você... Uh... — antes de conseguir dizer, você foi interrompida.

— Oh ok, vocês estão flertando na minha frente? — Larry comentou, alto demais. Você e Sal arregalaram os olhos e encararam Larry, a tonalidade vermelha em suas bochechas começando a se fazer presente.

— N-Não estávamos! — você quem disse, a vergonha tomando conta.

— Oh sim, estavam — ele disse, junto a um aceno com a cabeça.

— Cala a boca, Larry! — Sal quem disse, tão envergonhado quanto você. Pegou a almofada apoiada sobre o colo e jogou contra Larry, que foi mais rápido e a apanhou no ar.

— Oh vamos lá, não estou julgando, ok? Não é a primeira vez que isso acontece entre vocês dois, eu acho — o moreno disse coçando a própria nuca.

Por Deus.

Você jurou nunca se sentir tão envergonhada em toda a sua vida. Não estava flertando com Sal, de jeito nenhum estava.

Estava...?

Definitivamente não.

Ok.

— Ok, muitas emoções por hoje! — você disse, engolindo o seco e se levantando rapidamente — Tenho que ir.

— Oh vamos, eu estava brincando! Não precisa ir embora por causa disso — Larry comentou, mas não parecia nem um pouco arrependido do comentário de minutos atrás.

— Não, não é por isso — negou algumas vezes, forçando a si própria a acreditar nisso. Estava tão envergonhada que sentia que poderia explodir ali dentro — Eu prometi à minha mãe que não voltaria muito tarde, já devem passar das oito! — usou como desculpa, por mais que não fosse totalmente mentira.

— Uh, ok — concordou — Se você diz, te acompanhamos até o elevador.

— Ok... — você acabou concordando. Por mais que a casa na árvore não fosse tão afastada dos Apartamentos Addison, seria um pouco frustrante passar por todo aquele caminho sozinha, na escuridão que já estava naquele horário.

[...]

Você se despediu dos garotos, Sal havia decidido ficar mais um tempo com Larry, lhe desejando uma boa noite antes de você entrar no elevador e apertar o botão do seu andar.

Assim que as portas se fecharam você suspirou, passando as mãos pelos cabelos sentindo o coração bater mais forte que nunca. Era sempre assim, odiava deixar as coisas tão aparentes, parecia que isso era o suficiente para nutrir ainda mais aquilo que já estava bem intenso dentro de seu coração.

Você não estava flertando com Sal, não é?

Será que havia deixado tão estampado em seu rosto?

Não poderia. Novamente, definitivamente não.

Obscure Love ; Sally FaceOnde histórias criam vida. Descubra agora