59; prophecy...

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A mente navegava para longe, seus pensamentos pareciam distorcidos. Tudo ao redor era como um completo borrão, ele não conseguia controlar seus pensamentos ou gestos. Apenas um único comando parecia gritar por toda sua mente, atrapalhando sua real intenção de tentar organizar o que deveria fazer.

"Você deve matar todos aqueles que foram corrompidos pela escuridão…"

Essas eram as palavras que ecoavam assustadoramente por sua mente.

Matar? Era realmente isso que ele deveria fazer? Todos estavam realmente corrompidos pela escuridão, não havia salvação?

E por que ele? Porque ele tinha que ser o responsável de carregar todo o peso dessa culpa que com certeza não seria suportável?

Seus amigos, família, todos ali. Ele não podia, por Deus, como conseguiria?

Suas mãos tremiam, junto com o resto de seu corpo. Sentia o suor escorrer por sua testa, enquanto seus olhos encaravam o objeto em suas mãos. A faca pontiaguda, a qual ele nem mesmo se lembrava como e onde havia conseguido, mas ela estava ali, o atormentando junto com seus pensamentos.

Ele engoliu o seco, apertando o cabo do objeto. Não carregava nenhuma expressão, mesmo que seu interior estivesse uma repleta bagunça. O rapaz queria chorar, mesmo sabendo que isso não resolveria seus problemas. Não sabia o que fazer, quase nem mesmo conseguia se mover.

Mas se esse era o único jeito, ele tinha que fazer…

Em meio a pensamentos confusos, ele ainda conseguiu se questionar o porquê da vida ser tão cruel com ele? Desde o maldito incidente com sua mãe, seu rosto, e todo o resto. Na adolescência, quando finalmente achou que as coisas pudessem dar certo, tudo desmoronou em sua cabeça em um estalar de dedos. Por que não podia ser feliz? Por que nasceu sem ser merecedor disso?

O que diabos ele havia feito de tão ruim para o universo?

Quase como se estivesse sem controle de seu próprio corpo, ele deu um passo para frente. A mão apertou o cabo da faca mais uma vez, enquanto seu pé se arrastou para outro passo. A voz de Terrence ainda atingia seus ouvidos como um zunido. Matar

Deu mais dois passos, a mente confusa, sem pensamentos claros. Outro passo, seus olhos não conseguiam enxergar a realidade a sua frente. Era tudo uma bagunça, seu cérebro estava conectado apenas aquele objetivo:

Mate todos no prédio…

E então, sentiu o corpo se esbarrar com algo. Tudo em seu interior e mente pareciam ter sacudido em um solavanco, mas não o suficiente para deixar seus sentidos claros.

Sal parou com seus passos, sem largar aquele objeto, e ainda sem carregar nenhum tipo de expressão. Estava tão afundado no que parecia ser outra realidade, que parecia não enxergar o que o havia impedido de continuar.

Sal… — ele ouviu uma voz, uma voz conhecida. Parecia estar distante, chamando-o de muito longe, ele não conseguia distinguir — Está me escutando? — sentiu um toque em seu braço.

O rapaz não conseguia se mexer, permanecendo estático no mesmo lugar. Mas naquele momento, ele parecia lutar contra qualquer que fosse a ordem ou pensamento que o impedisse de chegar na realidade.

Eu sei que você está aí, e que consegue me ouvir — a voz continuou — Apenas tente acompanhar a minha voz, sim? Você consegue…

Sal tentou dizer algo, mas sua voz insistia em morrer no fundo de sua garganta. Os pensamentos pareciam ainda mais bagunçados, como se fosse de propósito. Mas agora, junto a eles aquela voz conhecida ecoava, cada vez mais e mais alto, quase conseguindo puxá-lo de volta para a realidade.

Obscure Love ; Sally FaceOnde histórias criam vida. Descubra agora