Leo - II

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Acordei com um maldito feixe de luz em meu rosto e um ser gritando o meu nome. Tampei a cabeça com o travesseiro e senti objetos sendo arremessados contra mim e não eram leves. Peguei um tênis, sim ele me jogou um tênis, e devolvi escutando um ruído de dor, eu sempre acertava.

- Porra Leo acorda vamos atrasar para chegar na aula e não tem desculpa quando se mora na escola - Luciano falou levantando o meu travesseiro.

- Deixa eu dormir Luc - falei me virando.

- Não, sério mesmo levanta. - me cobri com cobertor e senti algo me levantando - Eu te ajudo então.

- Me põe no chão seu bastardo! - gritei e fui atendido - Pra que isso?

- Por nada - respondeu olhando diretamente para mim com seus olhos azuis ciano e se virando para o banheiro com uma toalha.

Antes que me perguntem o que que tenho com olhos, a resposta é simples, as cores são lindas. As combinações entre as pessoas como que elas se completassem com eles. Não necessariamente precisam ser claros ou azuis como do Luciano, eles são lindos por completarem as pessoas que os possuem. Certa vez vi os olhos mais lindos da minha vida, eram negros como a noite não se diferenciava a pupila da íris, eram simplesmente fascinante completavam perfeitamente a obra total. Pode ser um gosto estranho, mas quem não tem algo estranho em si, no meu caso é amar ver os olhos das pessoas.

Por fim ele me ganhou, levantei e fui arrumar minhas coisas, por o uniforme. Camisa social, calça jeans e um blazer, a calça era de sua escolha, mas a camisa e algo por cima era obrigatório se não respeitasse receberia uma suspensão, e eis a razão da minha única suspensão escolar, ir para aula com uma camisa social aberta, sem gravata ou algo acima. Como se eu fosse seguir corretamente as regras, minha camisa não era totalmente fechada, devia ter dois ou três botões abertos, a gravata frouxa na gola e o blazer preso por um único botão central ou totalmente aberto.

- Você não vai se arrumar? - Luc apareceu me olhando de cima a baixo apenas com duas toalhas, uma de rosto pendurada no pescoço e outra enrolada na cintura.

- Estou pronto não está vendo? - falei ironicamente.

- Não está não - respondeu vindo em minha direção arrumando meus botões e apertando a gravata.

- Imagina se as garotas desta escola descobrissem que o garanhão da escola, braço direto do grandioso Leo Paládio, é uma mãezona que se preocupa com a roupa dos amiguinhos.

- Pare com isso ó grandioso - disse zombando de mim e se vestindo - não se esquece que só sou seu braço direito, conhecido com guarda costas por alguns, porque somos amigos de infância.

- Só to brincando não precisa jogar na cara que você é o único amigo meu de verdade - falei com a voz chorosa e soltando a gravata - e vai falar que não pegou mais depois que começou a andar comigo.

- Não gosto de como fala, mas sim fiquei com mais garotas depois que começei a andar com você.

Silêncio mortal predominou entre nós, o passado não é uma coisa muito legal de se tocar. As primeiras aulas seriam de educação física e adivinhe se eu prático uma coisa que me deixa todo suado de cansado? Não, só faço coisa que me recompense depois. Um jeito fácil foi falsificar um atestado de um problema na perna que me impede de práticar atividades físicas desgastante por um longo período de tempo. Lógico que tive que enganar meu pai e meu tio junto nessa história, era o único jeito de não ser pego.

Hoje seria o dia em que eu saberia quem me daria aula de química, lógico que os melhores da sala se canditariam para agradar o professor. Isso dariam apenas cinco pessoas Julia, Érica, Raquel, Michael e Fernada, quatro garotas e um cara.

A Érica era melhor amiga da minha ex, possivelmente não gostaria de me ver depois do meu termino. Julia levou um fora meu e me odeia desde o primeiro ano.

Raquel me acha um convencido, se bem que quando pisquei para ela depois de terem jogado água em mim ela derreteu. Bem a Fernanda era a única que não tinha nada contra mim e ainda tinha esse tal de Michael que eu não me lembro da existência.

Como eu sabia desta lista? Pedi ao Thiago fazer para mim, ele conhecia alguns professores e perguntou quem era os melhores em química, já que todos tem acesso a notas na sala deles. Resultado da minha rápida pesquisa foi de duas pessoas, um tal de Michael que não me lembro quem é e a Fernada que gosta de mim. Só falta saber se tem alguém mais a se candidatar. Será que eu vou poder escolher?

Passei a aula de químic do lado de fora desenhando no caderno, saiu um monte de olhos sem rostos. Sim sou um pouco estranho quanto a isso, já disse isso, mas todos eram brancos e cinzas, várias tonalidades, sem realmente definir que cor eram. Um dentre vários me chamou atenção, sua expressão era confusa, demonstrava raiva, indignação, susto e algo que eu não entendia, mas de quem era aqueles olhos.

Uma coisa que eu aprendi quando pequeno era que se você quer ser reconhecido faça algo que todos gostem e poucos desaprovam. Na escola todos gostam do garoto que enfrenta os professores, que leva a vida como quer, que é o que é sem máscaras. Errado, lógico que gosto de zoar os adultos, mas a sensação de ser querido é melhor, às únicas pessoas que desaprovam isso são os próprios adultos e eles não contam na minha vida social. Mas isso não me agrada totalmente, uma vida assim é melhor, não?

- Leandro Paládio, peço que entre na sala de aula e se mantenha calado até ordens superiores - alguém falou dentro da sala de forma rude e grossa só havia ele na sala todos já tinham saido para o intervalo.

- Como quiser, Cristian - falei percebendo quem era o dono da frase tão formal - me manterei calado.

- Eu já lhe informei que não tenho relação alguma com este livro, ou filme, que o Cristian Grey se encontra. Meu nome é Taylor, agora cale-se e escute.

- Sim senhor Grey - respondi em um tom autoritário como o dele.

- Ótimo, eu fiz o comunicado aos alunos sobre a sua aula particular. Apesar de achar que é algo insustentável um alunos lhe dar aulas alguns concordaram em ajudá-lo. Não direi quem se ofereceu para dar aulas particulares, mas afirmo que foram três, contudo o conselho decidiu que não poderiam ser garotas, pois os pais desaprovariam essa ação e o diretor vetou o outro candidato. Com isso o seu professor será o senhor Yew - ótimo um cara, mas quem raios era este? - alguma dúvida?

- Na verdade duas, quem é o senhor Yew e até quando ficarei suspenso da sua aula?

- A primeira não responderei, é uma fronta não saber quem são seus colegas - não é não, tenho certeza que você não conhece todos quem dá aula - e segunda. Até as provas e depois delas faremos um reunião para ver se você continuará nesta instituição de ensino.

- Como? - perguntei desinteressado - Vão me expulsar.

- Possivelmente - respondeu pegando a maleta com seu material e começou a se retirar da sala com um sorriso- agora vou aproveitar me intervalo e esperar ansiosamente pela sua expulsão.

- Não serei expulso, você também não terá o gosto da minha reprovação. Eu sou mais do que mostro sabia - desafiei.

- Se eu fosse você pensaria antes de falar deste jeito com os outros, principalmente para com os mais velhos.

- Se eu fosse você melhoraria minhas aulas, elas seriam muito mais legais e os alunos ficariam melhor ao olhar para essa sua cara. E não preciso pensar no que falar, não tenho medo de você.

- Então talvez você deveria usar mordaça, assim se livraria de muitos problemas - respondeu nervoso voltando para dentro da sala e eu para a porta.

- Se você colocar eu te processo por abuso - dito isso sai da sala, senti meu ego inflado.

A questão agora é, quem é o senhor Yew? Quem é o dono ou dona dos olhos que desenhei distraído na porta da sala de química? A única pessoa que poderia me ajudar seria Luc, mas ele estaria no clube de natação, moleque nada atlético ele. Para a minha sorte ele estava no quarto e me ajudou a descobrir quem era o tal senhor Yew. O colega de quarto de Kurt, que é um antigo conhecido meu, mas porque ele me daria aulas? Kurt teriam algo a ver com isso? Quem era o outro que me daria aulas e meu tio proibiu? Muitas duvidas pairavam sobre mim, resolvi dormir, um jeito fácil de esquecer.

~ Mei

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