A aula com o senhor com o senhor Yew foi ótima. Meu milk-shake me salvou da chatices do loiro a minha frente. Até eu tentar lembrar do nome dele e não perceber a gafe que cometi não vendo que estava acabando e fazer um barulho alto e que incomodou o professor que gritou comigo. Ainda não lembrava o nome dele, o chamei de Mickey, ele estressou mais e gritou o seu nome. Estava muito bravo, falando algo sobre suspensão e por que não vê-lo mais irritado, afinal ele é um professor.
Com a situação, cômica que me encontrava, ri. Tanto que não contive as poucas lágrimas que vieram, alguém tão nervoso por tão pouco era hilariante. Como mexer mais com uma pessoa? Encarando ela de perto. Só que cheguei bem perto paralisando o ser a minha frente. Perdeu totalmente a graça. O restante da aula foi massante já sabia a matéria porque ficar escutando mais?
- Luc nós vamos de carro? - perguntei observando ele pegar uma chave.
- Não vou buscar as lindas damas de ônibus - ironizou terminando de arrumar seus cabelos.
- Oh nobre cavalheiro peço que perdoe-me pela insolente pergunta que lhe fiz - respondi me curvando.
- Levanta antes que amasse sua camiseta!
- Como desejar meu senhor - levantei e falei de modo cortes.
Chegamos na casa da garota que Luc estava afim. Camila o nome dela e Paloma a de sua amiga, teria que saber o nome delas sem erros, eu tinha até algumas frases obrigatórias naquela noite. Percebi que de algum modo a minha camiseta preta de gola V com alguns detalhes roxos na parte superior combinava com o vestido azul de Paloma. Eu e ela estávamos no banco de trás e os dois na frente. Um silêncio reinava entre nós, até eu cortar.
- Então Paloma, é um grande prazer poder ir com você a esta festa - frase do Luc não minha, mas eu quem disse.
- O mesmo para mim Camila, você irá se divertir muito hoje, se depender de mim será a melhor festa que você foi até hoje - bobo apaixonado, completei em pensamento.
- Obrigada - as duas responderam, Camila com um sorriso e Paloma um pouco indiferente.
Na festa todos entramos já no ritmo da música, já tinha começado e vários corpos pulavam e se encomtravam na pista de dança. Era contagiante, era preciso apenas escutar para ter vontade de se acabar em meio a multidão. Paloma ficou do meu lado, mesmo parecendo contra sua vontade. Comprovei a suspeita dela ser lésbica, como? Peguei dois drinks para nós e viramos de uma vez, o efeito não demorou a vir, depois peguei mais uma para cada e fomos dançar.
- Você sempre vai a festas - falei alto para que ela me ouvisse.
- Gosto um pouco, mas só quando conheço alguém...
- Já ficou com um desconhecido? - perguntei na cara dura.
- Han... Sim - respondeu confusa - não vejo problema nisso...
- O que acha de um gay cantando uma lésbica? - sussurrei no seu ouvido e ele estremeceu antes de responder.
- Um pouco estranho, acho. Não sei, o que que isso tem a ver? - falou meio gaguejando.
- Vamos testar - contra ataquei colocando a mão no bolso e a puxando para fora da festa - Pronto. Hoje a lua está linda, não? - perguntei a olhando perto de uma árvore - Como você...
- Que conversa estranha - rebateu um pouco brava - o que quer comigo?
- Você tinha razão um gay flertando uma garota é estranho.
- Como? Você é gay?! - perguntou catatônica - Você está me zoando?
- Sim e não. Por que o espanto? Pelo o que eu vi você também não segue este padrão...
- Olha aqui. Você é o filho de um dos homofóbicos assumidos. Só pode estar brincando.
- Não sou o meu pai e tem o Luciano também...
- Ele também é gay?! - perguntou preocupada com a amiga.
- Que eu saiba, não. Sem problema, ok?
- Tá, mas o que que tem ele??
- Ele sabe que eu sou, e sabe que eu preciso de uma namorada para esconder isso...
- E pensou, porque não arrastar a amiga estranha da menina que esta cantando para uma festa e junto com meu amigo gay?
- Da pra parar de repetir isso por favor, alguém pode ouvir - falei chegando um pouco mais perto quase colando nossos corpos e abaxei a cabeça na altura de sua orelha - Basicamente isso, mas...
- Mas o que? - perguntou enquanto me afastava um pouco.
- Você não é estranha, e linda ainda por cima - tirei uma mecha de cabelo que cobria seu olho e ela corou.
- Vejo até hoje um desenho que chama Naruto, e outros do gênero, e to fazendo 18 anos.
- Anime - corrigi sem perceber.
- Tanto faz - respondeu um pouco chateada e eu vi alguém se aproximando, Kurt, sem pensar muito prendi ela entre meu corpo e a parede virando um pouco meu rosto deixando a pouquíssimos centímetros do dela.
- Não se mexa - sussurrei quase inaudível e ela simulou um beijo comigo.
Depois do Kurt ir embora sai de perto dela e recebi um tapa, bem dado por sinal. Com a cara vermelha e uma determinação que não me pertencia. Ajoelhei segurei a mão da Paloma e a beijei.
- Perdoe-me, se eu ainda for digno de ser olhado por você... Quer namorar comigo? - perguntei colocando um colar em sua mão, era para a aniversariante, mas como não entreguei na entrada não daria mais.
- Tá te desculpo - respondeu olhando o colar com pigente de coração - mas já tenho alguém, mesmo que ela esteja um pouco confusa com o nosso relacionamento.
- Entendo, mas seria só fachada ela não aceitaria?
- Acho que não - respondeu para si mesma.
- Por que não? - eu estava realmente curioso, teria que achar uma garota aquela noite e já tinha se passado boa parte dela.
- Por que é a Camila... - balbuciou - não diga a ninguém. Somos colegas de quarto e isso traria problemas a ela. Ninguém sabe do nosso envolvimento.
- A Cam...
- É quem está com ele, ela tem dúvidas sobre a sexualidade e como só teve a mim...
- Mesmo a amando deixou ela escolher o próprio caminho...
- Isso - falou abaixando a cabeça - não fale para ninguém, por favor.
Não sei se era o álcool fazendo o seu efeito, se eu não estava passando bem, ou se a seca de dois dias já reclamava. A única coisa que eu sei é como Paloma, quieta, próxima de mim, com seus lábios entreabertos, macios me convidando para aproximar e tomá-los. Abracei ela forte para afastar esses pensamentos, mas detalhes que eu não havia percebido. Seus olhos eram familiares, um tom de azul que me atraia como ressaca do mar, mas me tranquilizava ao mesmo tempo. O loiro do cabelo me causou alegria e por reflexo comecei a afagá-los.
Ela se distanciou de mim e eu a beijei, sem pensar ou medir os atos, simplesmente fiz. No começo Paloma resistiu, mas logo cedeu. Envolveu a minha cintura com seus braços transformando o beijo arrependido em algo quente e cheio de desejo. As mãos passeavam livremente em ambos os corpos. Os olhos dela não saiam da minha cabeça, azul ciano, sues cabelos também não, seu jeito de falar. Tudo tão encantador quando... Luc. Parei o beijo e a olhei assustada, não era Luciano a minha frente. Paloma me devolveu o olhar. Sem trocar uma palavra sequer fomos ver os outros dois, no meio daquela multidão.
A linda harmonia dos corpos mexendo junto a música não nos ajudou. Tivemos que ir nos espremendo entre as pessoas até próximos aos quartos. Chegamos a tempo de ver Luciano prensando Camila na parede prestes a beijá-la, mas parou a pouca distância. Só faltava alguns centímetros para ele ficar com a menina de que falou por uma semana e ele desiste. E incrivelmente ela suspirou aliviada, acho que Paloma não tinha com que se preocupar, mas mesmo assim me olhava com uma cara suspeita e depois para Luc.
- Vamos Cah - falou mais perto dos dois - estou com um pouco de dor de cabeça.
- Paloma! - exclamou assustada ao ver o rosto tão próximo - Leo?
- Olá - falei com um sorriso no rosto.
- Oi - Luc respondeu confuso - por que a felicidade? Consegui uma namorada?
- Consegui mais que você pelo visto - olhei para Paloma que fechou a cara instantaneamente.
- O que você fez com a minha namorada? - Camila gritou vindo em minha direção querendo me socar.
- O mesmo que vocês dois quase fizeram - rebati indiferente e recebi uma pisada no pé.
- O que? - assustou realmente querendo me bater, mas foi puxada para um quarto e eu fui junto. - Isso é
verdade?
- Eu a obriguei - tomei a frente e peguei toda a culpa da situação - se quiser fazer algo sobre isso fa. - recebi um soco no estômago.
- Pronto - Cah falou com um meio sorriso - só eu posso beijar ela. Desculpe Luciano, não vai dar certo...
- Você não era gay? - perguntou olhando para mim - Vocês duas são namoradas!?!? E onde eu encaixo nessa?
- Você é meu - afirmei já acostumado com o desconforto causado pelo soco - amigo. Han... uma das duas quer fingir ser minha namorada?
- Perto da Pam você não chega mais... - Camila falou realmente brava, ela já tinha sua resposta, Camila amava Pamela.
- E você, quer fingir namorar comigo, tipo por uma semana, duas no máximo
- Eu? Por que eu?
- Só preciso de alguém que me ajude...
- Ok - respondeu meio insegura.
- Obrigado, depois conversamos tenho que aproveitar a noite - despedi de todos e fui caçar um gato pra mim.
O resto da festa foi ótimo, os corpos pulando e se juntando a cada segundo, as luzes brilhando e refletindo nas pessoas. As poucas roupas largas do local balançavam livremente e as justas dançavam juntos às curvas dos donos. Tudo o que bebi desceu mais fácil depois do terceiro copo de alguma coisa. Tudo estava lindo, mais colorido, mais divertido, até eu dar em cima do Luc e ir embora confuso e tonto dentro do carro dele. Eu estou atraído por ele?
![](https://img.wattpad.com/cover/32850473-288-k967492.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apenas Opostos
RandomJá parou para pensar que tudo na vida está pré determinado? Crescer, estudar, se formar, trabalhar, talvez encontrar alguém e fazer uma família. Eu não quero fugir dessa vida monótona, a não ser por um detalhe, já encontrei esse alguém. Só que ele...