Capítulo 20

2.2K 222 7
                                    

  Koany

"A coisa mais importante que se pode aprender na vida é amar. E em troca, amado ser."

(Moulin Rouge)

As duas semanas que passei em minha cidade natal passaram voando.

Após o velório e sepultamento do meu pai, Jaime e eu nos sentamos com o advogado para acertamos tudo a respeito dos bens que ainda havia para serem partilhados.

Confesso que me surpreendi com o que ainda havia restado, pois esperava bem menos, levando em conta a roubada em que papai se meteu ao envolver-se com o Anselmo.

Só de mencionar o nome daquele sujeito, eu sinto náuseas. Vou seguir o conselho de Dona Carmem e seguir em frente, esquecer que um dia ele passou por nossas vidas, e, principalmente, do estrago que suas atitudes nos causaram.

A vingança é um prato que se come frio, mas não nos traz paz de espírito. Seu resultado é apenas uma satisfação momentânea que só faz nos machucar ainda mais, e eu estou cansada de cultivar sentimentos ruins.

A partir deste momento, vou viver a vida que ainda tenho e deixar o passado para trás.

Aproveitei o máximo que eu pude a minha sobrinha linda e o meu irmão. Matei a saudade que eu estava da minha amiga e ficamos uma noite inteirinha acordadas, colocando o papo em dia. Contei para ela tudo o que se passou nos últimos dias, principalmente sobre a ida repentina do Gui para outro país. Ela me deu colo, como sempre, e jurou que o que ele fez foi um ato nobre de me dar espaço para eu me resolver comigo mesma.

A cada dia que passa, eu amo mais o meu amigo querido.

Mas o dever me chama, meus dias de licença chegaram ao fim. É hora de voltar.

Dirigir sempre me deixa muito cansada. Finalmente, ao chegar em casa, a primeira coisa que faço é colocar a banheira para encher, para logo em seguida me perder em um delicioso banho de espumas. Acrescento sais de banho e essência de camomila para me ajudar a relaxar.

Em minha cozinha, tem uma pequena adega, onde tenho várias opções a meu dispor. Nem preciso dizer que adoro vinho, né?

Os tintos são a minha perdição. Então escolho um Merlot brasileiro de Lucindo Copat, o Salton Desejo Merlot da safra de 2007. O cheiro da fruta madura no nariz, da madeira integrada com o vinho e de uma pontinha achocolatada e macia presentes ali me deixam sempre com água na boca, desejando degustá-lo. Sendo assim, encho uma taça, programo meu mp3 na música "Broken hearted girl", e me perco em meu banho de puro luxo e prazer.

Fecho os meus olhos e me perco em pensamentos.

Ele chega, andando devagar, aproxima-se lentamente, como se estivesse ali por acaso, e mantém seu olhar fixo no meu.

A visão daquele corpo másculo e bem definido desperta meus desejos mais insanos, e eu me contorço na banheira, fazendo com que um pouco de espuma caia para os lados.

A boxer branca cobre seu membro, privando meus olhos de sua nudez, mas não esconde sua excitação desejosa.

Passo a língua em meus lábios, desejando tomá-lo em minha boca, e volto a encará-lo, em uma tentativa desesperada de que ele se aproxime de mim e sacie a minha fome.

Como quem lê pensamentos, ele tira a boxer e libera o motivo de minha perdição. Aproxima-se um pouco mais e inclina-se levemente, parando a alguns centímetros de mim, mas não chega a me tocar.

Me contorço ainda mais, sentindo o meu desejo aumentar e sofrendo pela demora em ser tomada por ele.

— Preciso de você... — Balbucio insanamente.

Meu interfone toca algumas vezes seguidas, arrancando-me dos meus devaneios.

Enrolo-me na toalha e corro para atendê-lo, totalmente frustrada por voltar à realidade. Mais um pouquinho e eu teria me perdido naquele corpo de Deus em forma de homem.

Preciso gozar urgentemente, constato.

Estou muito excitada e agora também de muito mau humor.

— Quem morreu, Sr. Francisco?

Atendo perguntando grosseiramente ao porteiro do meu condomínio, como se o pobre homem tivesse culpa pela situação em que me encontro.

— Olá, senhorita, tem uma entrega aqui para você.

— Receba por gentileza, mais tarde desço aí e pego com o senhor.

— Hum, eu até tentei, mas o entregador me disse que tem ordens expressas para entregar somente em suas mãos. Não é a primeira vez que ele vem, o rapaz é insistente e parece determinado em cumprir sua missão.

— Tudo bem, Sr. Francisco, pode mandar subir. E me desculpe pela grosseria com que o atendi há pouco, eu estava no meio de um banho e me assustei com o interfone.

— Eu entendo, Dra. Koany, não se preocupe com isso. O rapaz já subiu.

No mesmo instante, a campainha toca e eu sigo até a porta, abrindo-a em seguida. Seja o que for, não deixarei que tome muito do meu tempo, pois pretendo terminar o meu banho e aliviar, de alguma forma, um pouco desta tensão em que me encontro agora.

Ao abrir, me deparo com um lindo buquê de rosas vermelhas, tão grande que esconde o rosto de seu portador.



Uma paixão sem limites (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora