Maria Luíza depois da morte da pessoa que ela mais amou no mundo, a sua vida vira uma tremenda bagunça.
Seu pai arruma uma mulher que esta mais para uma bruxa e as suas duas filhas que sempre fizeram de tudo para infernizar a sua vida.
Mas tudo pior...
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Fecho com muito cuidado a porta a minha trás, de modo que ninguém escute. Respiro fundo tentando me recuperar do susto de minutos atrás.
Toco delicadamente os meus lábios, aérea sobre o beijo, ainda posso sentir o gosto dos seus lábios sobre os meus.
__ Malu tudo bem com você? - tomo um susto com a voz da Dona Cristina. Eu não contava que ela estaria acordada a essa hora, coloco a mão no peito sentindo o meu coração batendo muito forte.
__ Tudo sim, uhum, acordada a essa hora? - caminho até ao lavatório lavando o único copo que havia ali, fugindo do olhar questionador da Dona Cristina.
__ É, o mesmo que você. - ela me acusa parando ao meu lado. - E olha que precisamos acordar cedo amanhã, parece que os patrões amanhã tem um jantar aqui em casa.
__Sim, vou me deitar. - aviso guardando o copo no seu lugar tentando sair da cozinha o mais rápido possível, pois se instalou um ar bem desagradável na cozinha.
Ela segura o meu braço cuidadosamente, olhando para mim com ternura.
__ Malu, você para mim é como uma filha, e jamais ficaria feliz vendo você sofrer. - ela segura minhas mãos fazendo o meu peito aquecer.
__ Obrigada, por tudo. - sinto a minha voz ficando embargada.
__ Não precisa agradecer, você já é grandinha e sabe o que é melhor para a sua vida, mas eu te aconselho, fique longe do Senhor Augusto, eu sei que rolou um beijo dos dois há poucos minutos, como também a sua esposa sabe, e te peço fique longe dele, pois eu mesma sei que ela não deixará isso barato, pense no Lourencinho. - ela planta um beijo na minha testa e sai caminhando rumo ao seu quarto.
A minha mente esta uma grande e completa bagunça.
__ Meu Deus o que eu vou fazer?! - Por um lado eu quero muito ficar com o Augusto, mas é muito perigoso e eu preciso me manter longe de encrenca.
Devo descansar, amanhã penso com mais calma, mas no fundo eu sei devo me manter longe do Senhor Augusto.
Saio da cozinha arrastando-me até ao quarto, caminho até ao berço do meu filho e percebo que ele ainda está dormindo.
O Lourenço é um neném calmo, de sono pesado e muito fominha, bom ele sé fica agitado quando está com o Augusto.
Ahh, por que tudo me lembra ele?
Deito-me na cama fechando os meus olhos, obrigando-me a cair no sono.
***
Acordo com batidas na porta, salto da cama enrolada com as cobertas ao redor do meu abdômen.
Abro a porta com a maior cara de sono e encontro a Dona Cristina com o Lourenço no seu colo.
__ Bom dia, me perdoe Dona Cristina eu perdi a hora. – me justifico antes que ela fale algo.
Ela dá um sorriso dócil, fazendo o meu filho gargalhar no seu colo e em seguida levar a sua mãozinha a boca.
__ Acordei você porque o Lourenço se recusa a tomar o leite da mamadeira, e isso significa que ele quer o seu. - fala olhando para o Lourenço e fazendo umas caretas engraçadas e arrancando mais gargalhadas dele.
__ Ahh, sim vou só tomar o meu banho e voltarei num piscar de olhos. - digo, e ela assente saindo do quarto, escuto os burburinhos do Lourenço dou uma risada e vou arrumar o quarto e logo em seguida caminho até ao banheiro para minha higiene matinal.
***
Caminho lado a lado da Dona Cristina sentindo o nervosismo tomar conta de mim quanto mais nos aproximamos da casa grande.
__ Fique calma Malu, é só se manter longe dela hoje, e parar de beijar a boca do seu marido. - assinto nervosa.
Aonde eu fui me meter. Que raiva e ódio de mim.
Entramos na casa grande pelas portas dos fundos e logo me deparo com a Senhora Aurora tomando o café da manhã junto do seu marido na cozinha.
Sinto o meu coração gelar no meu peito. Eu não esperava vê-los aqui na cozinha, ainda mais tão cedo.
Dou um sorriso tentando disfarçar o meu incômodo, sinto um beliscão na perna, acordando do transe, dando um bom dia a eles e indo fazer os meus trabalhos.
__ Ah, esse jantar não está me cheirando nada bom! - escuto os murmúrios da Dona Cristina e as outras empregadas da casa.
E isso só me deixa ainda mais nervosa.
Escuto a Senhora Aurora gritar pelo meu nome, engasgo com a minha própria saliva caminhando rumo a cozinha.
__ A senhora me chamou. - pergunto de cabeça baixa não conseguindo olhar nos seus olhos, tamanha é a minha vergonha.
__ Sim, quero que tire toda a louça na mesa. - assinto indo tirar a louça.
Acho estranho pois fazemos isso quando eles não estão presentes. Aliás eles nem fazem as refeições na cozinha, mas sim na sala de jantar.
Mas isso não é da minha conta, começo a tirar a louça da mesa, sentindo o olhar dos dois queimar as minhas costas.
__ Maria Luíza, acha que fico bem grávida? - pergunta passando a mão por sua barriga chapada.
Engulo em seco escutando a tosse do Augusto, o encaro sentindo o meu coração acelerar.
Será que eles planejam ter um filho, sinto o meu peito apertar.
__ Eu lhe fiz uma pergunta Malu. - ela dá ênfase no meu nome, fazendo-me assentir.
__ Eu tenho a certeza que sim, mas eu acho que a Senhora devia perguntar ao Senhor Augusto e não a mim. - ela me encara com os olhos semicerrados.
__ É você tem razão menina - vira-se para o seu marido com um sorriso enorme no rosto. – O que você acha Mon amour? - ele assente, dando um longo gole na sua água antes mesmo de responder.
__ Eu acho que isso não é assunto para se falar em frente da Malu, quis dizer Maria Luíza.
__ Ah que é isso, eu acho que sim,e além do mais o Juvêncio terá um amigo para brincar. -Franzo o cenho buscando na minha mente esse tal de Juvêncio, quem é o Juvêncio. Definitivamente isso não é um problema meu.
__ Lourenço Aurora, e já falei que isso não é um assunto que devemos falar em frente da empregada.
Depois de ele ter terminado de falar, era como se ele tivesse dado um soco no meio do meu peito.
A decepção ficou tão estampada no meu rosto, mas ficou ainda pior quando ele saiu da sala depois de ter dado um beijo na sua esposa a minha frente.
Acorda Malu, ele e tu jamais viverão um conto de fadas.
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