40-Bônus

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Caminho lentamente pelo pátio da prisão, sentindo as minhas pernas e costas doloridas, aliás o meu corpo inteiro dolorido.
Encaro ao redor e logo estremeço quando percebo, que não poderei acompanhar o crescimento da minha filha. Sinto o meu peito apertar, quando a minha mente lembra-me que ela, minha filha, pode crescer e ter uma imagem de mãe em outra mulher.
Solto o ar pela boca já cansada de tudo. Dessa prisão que só servem porcaria,  até parece que eles acham que os nossos estômagos são caçambas de lixo, o banheiro é uma merda, será que eles não pensam que a gente pode apanhar alguma infecção? Sem contar com o colchão velho fedorento e duro. Nem um creme ou um simples perfume eles dão.
Eu preciso sair daqui!

Quando eu fui tirada do meu momento de férias com os oficiais, que percebi que o Augusto não era o cara bobo que eu havia pintando, ele realmente me surpreendeu.

Sento-me em um dos bancos que há  no pátio, tomando sol, solto um gemido baixo quando dou uma leve massagem nas minhas costas, o que é uma tarefa bem difícil.

Passo a mão pelo minha enorme barriga, sentindo o meu peito apertar, só de saber que não irei participar dos primeiros anos de vida da minha menina, se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente.

O meu momento de paz dura poucos minutos, quando o sol é tapado por uma pessoa enorme, reviro os olhos sabendo que se trata da "mulher sapão". Que patético isso!

__Ai Boneca, tem serviço para você, a baronesa quer que você limpe o seu banheiro, ou isso eu já sabe...- fala a mulher enorme parada a minha frente, assinto a contragosto, pois da última vez que tentei protestar, levei uma surra que quase perdi a minha filha.

Ela sai ainda fuzilando-me com o olhar e eu desvio o meu, já levei muita porrada aqui e não quero estragar mais o meu lindo rosto. 

Levanto-me e caminho até a cela da baronesa para limpar a sua bosta fedorenta.  As pessoas daqui me invejam por eu ser namorada de um cara rico, e ex de um bilionário e por ser linda como sou.

Elas dariam tudo para estar no meu lugar.

Se passam alguns minutos e eu ainda continuo a limpar esse cubículo fedorento, que elas chamam de banheiro.

Quando soube que não poderei, estar em condicional eu quase desmaiei. O Augusto planejou tudo para impedir a minha saída daqui.

Mas podem apostar quando eu sair, a primeira coisa que farei será entrar em um SPA.

Termino de limpar o banheiro e sinto dores fortes quando me levanto.  Espalmo as minhas mãos naquelas paredes nojentas e suspiro tentando relaxar, ultimamente as dores tem sido bem mais fortes e constantes.   Sinto mais uma vez e logo vejo as minhas pernas molhadas.

A minha ficha cai e percebo que irei ganhar a minha filha. Grito por ajuda, se passam alguns minutos e ninguém aparece.

Saio da cela mancando e  grito por ajuda.

Recebo ajuda e sou levada as pressas até a enfermaria.

__ A Senhora deve manter a calma está para ganhar a sua menina, você deve manter a calma a sua gravidez é de risco.- fala a enfermaria. Sinto um arrepio precorrer as minhas costas seguro a sua mão, tentando procurar apoio, o meu coração aperta e lágrimas banham o meu rosto. Não estou com um bom pressentimento.

Espero que eu não perca o meu bebé.

__ A Senhorita tem sorte o seu namorado está la fora, em breve estará ele aqui.- sorrio fraco.

***

Se passam alguns minutos que para mim parecem horas e nada da minha menina vir.

Seguro a mão do Lucca e ele sorri fraco com o cenho frazido.

__ Diga-me que vou ficar bem Mon amour?- pergunto para ele trêmula. Ela sorri e me dá um beijo na minha testa suada.

__ Claro que sim amor, você vai ficar bem para cuidar da nossa filha, amor eu consegui, você sairá daqui em condicional. - ele fala sorrindo, dou o meu melhor sorriso e aperto a sua mão quando sinto outra contração faço força já não aguentando mais.

__ Ela está perdendo muito sangue.- escuto ao fundo uma enfermeira dizer.

__ O bebê ja esta vindo, faça força mamãe.- escuto a outra e assim faço, sentindo o meu arrependimento, dessa vez mais forte.

__ O que está acontecendo? - Lucca pergunta intercalando o seu olhar para mim e para as enfermeiras, faço mais força e escuto ao fundo o choro fraco da minha filha, sorrio de alívio e felicidade, lágrimas banham ainda mais o meu rosto.

__ Você conseguiu amor.- fala Lucca beijando os meus lábios.

__ Lucca, cuide dela por mim, faça dela o seu bem mais precioso, de amor e tudo que ela precisa.- sinto a minha garganta seca. Ele nega chorando.

__ Não fale isso, nós vamos cuidar dela.- ele fala com a voz falha, nego olhando para o seu rosto lindo.

__ Faça isso, me mostre a minha filha- dito isso, vejo a minna pequena embrulhada em manto rosa. Sorrio fraco vendo a minha filha, passo o meu dedo indicador pelo seu rosto e sorrio.

Lucca inclina ela para mim e lhe dou um beijo na testa, ela resmunga

__ Aurora, não faça isso, não nos deixe, vamos ser felizes amor, você agora está em condicional.- ele fala exasperado.

__ Cuide dela, e saiba eu os amo muito.- falo com a voz falha e dou um suspiro fechando os meus olhos.

Ainda escuto ao fundo a sua voz me chamando.

Sinto que estou sendo puxado, ouço as vozes distantes, parece que tudo está lento, vejo luzes e sombras, ouço Lucca perguntando por mim a enfermeira, e ela responde que eu estou em coma, mas bem, pelos sinais vitais, que perdi muito sangue.

Sinto que alguém se aproxima e fala:

__Você vai ficar bem, eu não vou desistir Aurora! - É a voz do Lucca, tento responder, mas não consigo, ainda assim estou viva, verei meu bebê crescer e ser feliz!

Aos Meus Pés (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora