Capítulo 32

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    É um alívio estar trabalhando no abrigo até tarde durante todos os dias da semana. Talvez eu esteja confortada porque tenho um lugar para me esconder, um lugar para descontar meu tempo livre e minhas frustrações. Minha rotina agora era resumida a levantar cedo caminhar com Adam até a escola e depois ir para o abrigo. As vezes Ford buscava Adam ao fim da aula  e nos encontrávamos em casa, os dias que eu tinha muito trabalho ficávamos no abrigo até mais tarde, Lucília estava cada dia mais enlouquecida com isso, como Ford estava sempre conciliando os horários de trabalho com os de Adam não era mais necessário que ele ficasse tanto na casa dela, além de alinhar os horários os dois sempre arrumavam algo para fazerem, um dia viam filmes, em outro jogavam vídeo game e até mesmo trabalhavam nas tarefas escolares. Helga também estava de volta com o horário normal, sempre fazíamos companhia uma a outra, ela ainda estava triste mas tentando superar, já tinha até mesmo se acostumado em dividir a cozinha com Ford. E eu ainda não sabia como me sentir sobre isso. Se era com medo, medo de tudo desmoronar em algum momento ou se me sentia feliz por estar cada dia mais próxima de Adam oferecendo a ele algo semelhante a uma família.

  Minha cabeça lateja conforme, Butler, Ford, Adam e Tibor  jogam Uno quase gritando sentados em uma manta jogada no chão. Eu tinha limpado, organizado a sala que servia como escritório e até levado um móvel que comprara em uma  venda de garagem para ajeitar as fichas e relatórios de todos os internos, tudo parecia no lugar, muito diferente da primeira vez em que eu tinha estado ali.

  — Vocês vão juntar essa bagunça. — Ordeno indicando para as embalagens vazias no chão — E sejam rápidos, por favor.

— Por que ela tem que ser tão reclamona? — Provoca Butler — Sinceramente, Ford as vezes eu tenho pena de você.

— Pena dele? Eu trabalho aqui feito uma escrava  — Abro uma gaveta e guardo formulários de entrevistas organizados em ordem alfabética — E vocês não dão um pingo de valor.

— Continua sendo uma reclamona — Murmura Butler jogando uma pilha de cartas no monte quando, Adam pela terceira vez consecutiva ganha a partida — E ainda traz essa criança nerd para ganhar todos os jogos.

   Adam ri e apesar das tentativas de Butler de sempre me tirar do sério sorrio também. Não tão verdadeiramente como queria. Amanhã terminaria o prazo que eu havia dado a Rebeca de dois dias, e eu estava cada vez mais preocupada que tudo que se resolvesse logo. Me sento na cadeira e começo a organizar alguns documentos  para levar á prefeitura no dia seguinte, eu pretendia passar no hospital assim que saísse de la para tirar uma satisfação diretamente com Claire.

  Pisco distraída o equivalente a dois segundos  e Ford está atrás de mim, massageando um ponto tenso entre meu ombro direito, contenho um gemido de prazer, ele beija o topo da minha cabeça e murmura em meu ouvido;

— Nada da Kate ainda?

— Nada. — Confirmo desanimada. Eu tinha decidido ir a casa dela todos os dias até conseguir encontrá-la.

— Amanhã eu posso passar lá para você. Vamos revezar, assim você não fica sobrecarregada.

— Eu não sei, Ford, a Kate não o conhece ela pode não querer te receber, além disso...  — Paro de falar quando encontro o olhar severo dele, suspiro fundo — Tudo bem, pode ser assim. Obrigada. — Falo com desgosto, mas o fato dele se preocupar em me ajudar dessa forma faz meu coração ficar aquecido.

  Ford se abaixa ao meu lado e beija carinhosamente minha boca.

— Olha, caso vocês não tenham percebido, temos uma criança aqui — Incita Butler — E o Tibor e eu não caso também não tenham notado, não temos uma namorada para receber beijinhos então; parem agora mesmo.

Indelével Sob a PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora