A música está tão alta que quase tenho que ficar na ponta dos pés para chegar o mais perto o possível do rosto de Ford, tentando ouvir, ele murmura alguma coisa sobre Butler estar nos esperando nas mesas de sinuca. Descemos escadas em formato de caracol que parecem infinitas e entramos em um pub chamado The Bhaar.Depois da situação desastrosa com Shawn eu tinha decidido que não havia um motivo suficiente para me desculpar com ele, eu estava fazendo uma escolha de tentar algo com alguém. E tinha esse direito.
Ford, tinha me convencido a dar um passeio noturno, depois de eu o obrigar a prometer que não voltaríamos tarde, já que eu tinha de trabalhar cedo no dia seguinte. Ele também tinha, mas aparentemente não ligava muito pra isso. Por volta das oito da noite ele aparecera a minha porta, caminhamos pelo que pareceu muito tempo, enquanto ele me perguntava como fora meu dia, casualmente me questionando o porquê de Shawn estar no hospital no meu horário de almoço. Dei a ele apenas uma breve explicação. Aquele assunto já tinha me cansado.
Assim que meus pés tocam o chão pisco com força tentando enxergar a pista de dança a minha frente. Uma música eletrônica agita uma multidão de pessoas animadas e eu não consigo deixar de me sentir arrependida. A última vez que eu tinha estado em um lugar como aquele, faziam no mínimo uns doze anos então não tinha como me sentir à vontade.
Ford tinha me dito que iríamos nos encontrar com alguns amigos de faculdade e mais seus três mosqueteiros inseparáveis. Eu tinha imaginado um ambiente mais calmo e a agora minhas roupas indicavam claramente não estarem classificadas para aquele lugar.A minha escolha fora: uma calça justa, botas igualmente pretas e uma camisa de botões azul que tinha ficado realmente boa em mim, mas denunciava minha inexperiência diante de tantas mulheres impecavelmente maquiadas, com saltos e vestidos tão curtos que me fico constrangida só de olhar. Ótimo, sinto minha autoestima descer pelo ralo.
Ford agora ia a minha frente abrindo caminho entre um mar de pessoas, as luzes coloridas piscando sem parar deixam minha visão embaçada e quase zonza. Quando alcançamos a parte dos fundos do pub noto uma iluminação razoável e o barulho se torna menos ensurdecedor, encostadas na parede pintada de preto lotadas de quadros com imagens de todos os modelos possíveis de motos haviam mesas com assentos de couro vermelho em formato de L, tornando aquele lugar uma mistura de boate com um ponto de encontro de motoqueiros.
Assim que avistamos as sinucas, vejo Ellion com um semblante compenetrado, o queixo apoiado na ponta de um taco analisa Tibor, inclinado fitando uma bola pronto para acerta-la. Me pergunto se internos do abrigo teriam permissão para ficar em bares como aquele, Ford cumprimenta os dois assentindo a cabeça discretamente, em seguida gesticula com os dedos um sinal de que vamos em sentido das mesas, eu aceno com a mão timidamente e eles nos olham intrigados.
Caminhamos por banquetas altas desocupadas até os fundos, Ford para ao meu lado. Sentados de frente para nós estão Keira, Butler e uma mulher muito bonita, ela parece tão jovem quanto eles. Seu cabelo marrom sedoso cai sobre os ombros e ela lança um sorriso quente para Ford. A mesa tem algumas latas vazias de cerveja, o que faz meu estômago revirar me lembrando que Ford tinha tido um pai alcoólatra e problemas com bebidas.
— Ellion, você me deve vinte pratas — Berra Butler, se colocando de pé me arrasta para um abraço, me viro a tempo de ver Ellion, mostrar um dedo vulgar para ele fechando uma carranca.
Keira observa de forma descarada minha mão entrelaçada a de Ford com uma sobrancelha erguida.
— Oi... — Murmuro sem jeito para todos.
— Ford, até que enfim vou conhecer uma
namorada sua — Com uma voz sedutoramente divertida a mulher se levanta e o abraça, depois repousa uma mão sobre seu peito me olhando sorridente estende a outra. Ele permanece em silêncio, aparentando um certo desconforto com a situação. — A propósito sou Marlee, amiga do Ford. Na verdade, do pessoal todo — Ela acrescenta depressa mostrando os dentes muito brancos.
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Indelével Sob a Pele
RomanceDescrição: - LIZ. Aquele chamado íntimo com apelação. A voz firme me reivindicando, o chamado pelo qual eu andara procurando a vida toda. - LIZ. Me ergo, o rosto molhado de lágrimas e a camisola encharcada com o suor. O corpo sombreado dele está...