Capítulo 29

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  — Não seja tão séria Liz. — Ford pisca um olho, abafando uma risada enquanto conta a Maycol detalhes sobre as cócegas que Butler tinha provocado em mim na outra noite — Garanto que ela estava com uma cara melhor quando aconteceu.

— Não consigo imaginar, alguém tendo coragem em fazer isso com ela.

   Ford sorri maliciosamente.

— Quem estava fazendo o quê? — Pergunta meu pai saindo furtivamente de um grupo animado que o parabenizava por ser avô.

   Ford, Maycol e eu estamos sentados nas cadeiras de plástico na beirada da piscina, a tiracolo Adam ocupa a espreguiçadeira ao lado de Ford, ainda com a revista em quadrinhos, não parece nem um pouco interessado em qualquer assunto e não tinha se quer sorriso quando Ford insistia em filmar e tirar fotos nossas. O bruntch estava praticamente finalizado, a reação geral dos convidados tinha sido muito melhor que qualquer um tinha esperado, os pais de Camilli ficaram muito emocionados, a surpresa maior veio com uma caixa que eu recebi no meio do anúncio, um convite formal para ser a madrinha do bebê.

  Não consigo imaginar o que tinha se passado na cabeça dos dois quando decidiram que eu seria uma boa madrinha, a verdade é que eu não consigo pensar em um motivo que fizesse com que as pessoas me vissem como alguém que quisesse se envolver, estar próxima ou ficar animada com qualquer coisa.

  Talvez fosse o fato de que eu tivesse  começado a me abrir, ainda que pouco, como se meu coração, minha mente e todas as minhas emoções estivessem trancadas e  seguras atrás de portas mágicas e fossem abertas, uma a uma. Eu estava tentando ser mais receptiva, mas sempre enxergando meu limite, o que as pessoas pareciam nunca entender, eu dava um passo e elas estavam sempre dez ou quinze a minha frente.

  Ford vigia de perto cada movimento meu, como se tentasse prever o que se passa em minha mente. Totalmente inútil, eu já estava totalmente conformada em ser muito expressiva, ele era o principal motivo de toda essa mudança em minha vida, me arrastando para o grupo dos mosqueteiros inseparáveis, se abrindo, mostrando que talvez estar perto e aberta não era tão ruim assim, isso justificava o motivo de sempre que arrumávamos uma desculpa esfarrapada dormíamos juntos. Sem sexo, é claro. Por mais que eu quisesse e que o corpo dele, aquela nossa conexão fosse capaz de irromper o mundo em chamas, eu não conseguia passar daquele limite, ele como sempre, entendia.

  — Ford estava contando uma história super interessante pai — Começa Maycol suprindo o riso — De um amigo deles que deu uma surra de cócegas na Liz, sabe como é, tentando ajudá-la com o mau humor.

— Ah, eu imagino como como a cena terminou — Ele puxa uma cadeira e se senta perto de nós, afrouxando o nó da gravata gesticula como se desenhasse em um letreiro:  — Mais mau humor é claro.

  Adam abaixa a revista até a altura do queixo e a boca dele de contorce em um meio sorriso.

— Que exagero pai. Vocês sempre me julgam, eu não sou mal humorada só não vejo necessidade de achar graça em tudo.

— Pêssego, — Meu pai ressoa com carinho — você nunca gostou de muita proximidade. Lembra aquela vez que você se envolveu em uma briga na escola pra defender uma coleguinha que estava sendo alvo de brincadeiras sem graça de meninas mais velhas?

— Ela se envolveu em uma briga pra defender uma menina? — Ford pergunta incrédulo.

— Pai — Peço em tom de aviso — Não revele o meu passado negro, não quero que Ford fuja.

Indelével Sob a PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora