Capítulo 3

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Quando a tarde finalmente chega , me arrasto exausta para a entrada principal do hospital para esperar por Eddie, eu lhe enviara uma mensagem durante o almoço pedindo para que ele pegasse Adam na casa de Lucília antes de me buscar, eu estava fugindo de um possível segundo encontro com ela.

O dia tinha sido extremante pesado e exaustivo, respondo a todas as perguntas de Eddie com monossílabos, e finjo escutar com interesse e paciência seu assunto durante o jantar. Mais uma vez reviro a comida no prato com má vontade, o sanduíche que eu comera no almoço agora parecia ter inflado em meu estômago, Adam corre agitadamente pela sala, tentando chamar minha atenção cantando uma música nova que tinha aprendido na escola, enquanto meu peito dói, como se estivesse sendo comprimido pouco a pouco, era uma constante sensação de algo estava muito, muito errado, minha avó, mãe de minha mãe, dizia que era a minha intuição. Desde de criança eu tinha essas sensações como se fosse um radar me avisando de algo e ela tinha percebido isso em uma situação que eu tinha como que pressentido que meu avô não estava bem de saúde.

  Eu tinha ligado para a casa dos meus avós as três da manhã perguntando sobre ele, depois de ter tido um sonho terrível que ele morria em meus braços, dois dias depois meu avô deu entrada ao hospital com sinais de AVC.

Cinco minutos após colocar Adam para dormir, sigo para meu quarto apertando um ponto tenso entre meus ombros, o peso da minha cabeça sobre o pescoço se torna quase insuportável.

Assim que me sento na cama, Eddie procura meus pés e começa uma massagem com a ponta dos dedos, me observando enquanto pego um livro.

— Tem certeza que não aconteceu nada? — Ele indaga com a voz fraca. Era a quinta vez que ele me perguntava isso, finjo ler o livro, erguendo-o o suficiente para esconder minha expressão de desespero.

— Eu já disse que sim — Murmuro com impaciência.

— Você já disse que sim, mas não é o que parece — Ele contradiz.

Apoio o livro ao meu lado, o objeto quase é engolido pelo cobertor peludo. Meu celular apita na cabeceira, me arrasto pelo lençol conferido a mensagem de Claire com um parecer positivo sobre alguns dos relatórios que eu entreguei.

Eddie permanece quieto examinado distraidamente um quadro com nossas fotos na parede ao lado da cama. Sinto pena dele e me esforço começando um assunto.

— Entreguei bons relatórios hoje, Claire acabou de confirmar — Seus dedos agora percorrem o alto do meu joelho traçando círculos.

— Algum caso especial?

— Sim, é de uma menina de sete anos que apareceu com uma fratura do braço e hematomas suspeitos — Faço uma pausa lembrando da investigação que fiz e do estudo dos seus gesto e olhares em busca de algum sinal de abuso. — Mas aparentemente não havia nada errado, a relação com a mãe não mostrava nada que não fosse natural, só se tratava mesmo de uma criança agitada que vive caindo. — Concluo erguendo os ombros.

— Que bom que deu tudo certo, menos uma criança traumatizada por aí.

Ele se deita sobre mim acariciando meus cabelos, e suas mãos se fecham atrás das minhas coxas abrindo espaço entre minhas pernas.

— Senti sua falta — Ele murmura esfregando o nariz na minha orelha e flexionando o quadril sobre mim. Eu sei o que ele quer, mas não estou disposta.

— Eu também senti sua falta... mas estou acabada hoje, Paola me faz andar por mais de duas horas em lojas. — Falo e ele beija meu pescoço se afastando.

— Tudo bem, deite aqui. — Me alinho em seu peito, enquanto a exaustão desmorona sobre mim.

Indelével Sob a PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora