Capítulo 25

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Balanço o pé inquieta, depois de ouvir três notícias de assalto, sequestro e assassinato no jornal local. A tela plana da TV da recepção mostra no canto inferior que a Dra. Hope está doze minutos atrasada e não parece nem um pouco preocupada com isso.

Meu estado de espírito era de ansiedade, é terrível estar em uma situação que você não sabe como vai começar e terminar. Em partes eu tinha medo das respostas que eu poderia obter. Mas a ideia de poder descobrir alguma coisa e saber a verdade me fizeram ir em frente.

Além do mais, ficar em casa sem ter nada para fazer, rejeitando as chamadas e mensagens insistentes de Ford não estavam me ajudando. Eu tinha chegado ao ponto de começar a sentir falta dele, falta das risadas que dávamos juntos, do calor do corpo dele me aquecendo enquanto eu ao menos tentava cochilar e essa saudade me trouxe  um estranho desconforto dentro do peito, e eu queria fugir para o mais longe o possível daquele território. Nunca daria certo, eu tinha arrasado com o futuro dele, ele tinha mentido pra mim. Não conseguiríamos consertar isso nem em mil anos juntos. Eu precisava urgentemente esquecer que um dia ele estivera na minha vida.

Varro com o olhar a sala de espera, procurando por um revisteiro, mas não vejo nada. O lugar não é estranho para mim, no tempo de terapia com a Dr. Reiziel eu passava por aquela sala ao menos uma vez na semana. O lugar é impecavelmente organizado, paredes pintadas de azul céu, pares de quadros estampados com flores, poltronas muito confortáveis estão escoradas nos cantos e eu estou sozinha, em uma espera interminável.

Ambas as portas permanecem fechadas, as placas de metais informando os nomes das duas terapeutas me faz desejar não me encontrar com a Dra. Reiziel, após a morte de Eddie ela havia tentado falar comigo, marcar um horário, mas jamais dei um retorno.

Depois de cinco minutos que na verdade parecem horas a porta da Dra. Hope a minha direita se abre.

— Não se preocupe Jefrey, vai dar tudo certo. Mantenha o pensamento positivo, e tente dormir. Qualquer coisa pode ligar.

O homem que estava meio dentro e meio fora da sala apenas deliberou um aceno com a cabeça e foi embora apressadamente.

A provável Dr. Hope, espiou com a cabeça para fora e seu olhar terminou em mim.

— Liz Greene? — Ela pergunta com a voz animada.

— Sim, sou eu.

— Vamos entrar, minha querida — Consultando o relógio de pulso ela, franze o cenho — Oh céus, perdi a noção do tempo, venha, venha.

Me levanto do assento de cadeiras triplas, enquanto uma mão cheia de anéis de prata quase me arrasta furtivamente.

A primeira impressão que tenho do consultório é de que a Dra. Hope participou ativamente do movimento Hippie dos anos setenta. Uma mesa estreita com cadeiras de madeira de demolição antiga está repleta de livros e acomoda um incenso com um cheiro doce, que queima deixando um rastro de cinzas. A parte decorativa é extremamente colorida, o que parecia ser uma coleção muito exagerada de pedras e cristais lotam uma prateleira, a única coisa sem vida, é uma cortina de cetim palha presa nas laterais de uma vidraça de janelas altas, que pende um apanhador de sonhos cheio de penas, balançando de um lado para o outro.

Ela vai à minha frente de forma desengonçada, a calça flare rosa deixa os calcanhares amostra, fazendo com que as sapatilhas de verniz vermelho berrante fiquem mais destacadas. Com um giro de calcanhar, ela se volta na minha direção.

— Gostaria de tomar alguma coisa? Água, chá, café? — Os grandes olhos verde esmeralda me encaram dançando por trás dos óculos aro de tartaruga — Talvez tenhamos refrigerante... ou algo mais forte caso prefira — Ela acrescenta com um sorriso travesso.

Indelével Sob a PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora