Ajuda

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Andava distraída por entre as enormes árvores tão familiares para mim, quando vejo o corpo de um homem caído no chão e apoiado em uma árvore como se estivesse ferido.

Me aproximo rapidamente do mesmo e coloco minha mão em seu ombro tentando ver se ele estava consciente, mas ao mesmo tempo sentindo o seu sangue molhar meus dedos.

- Vou te ajudar, senhor...você vai ficar bem...eu vou cuidar de você - tento o confortar mas ao ver os olhos azuis oceânicos mais opacos e ofuscantes que eu já vi, o homem caí na inconsciência, me deixando sozinha para tomar as decisões necessárias.

Não posso o deixar sozinho nessa floresta, ela é perigosa para quem não a conhece, ele parece ser um bom homem, não consigo o enxergar, nem ver seu rosto, mas algo me diz para não deixa-lo aqui, para cuidar dele como ele precisa no momento.

O levanto o apoiando em meu corpo, ele era muito grande e com um peso propício para a sua altura, eu demorei quase três horas para chegar em minha cabana o carregando até ela, coisa que normalmente nos dias tranquilos levo uma hora no máximo.

O coloco em minha cama, acendendo a luz fraca do meu cômodo pessoal, e por Deus, é o homem mais bonito que já vi em toda minha vida e ele ocupava muito espaço da minha cama, fico o encarando fascinada por breves momentos sem saber o que fazer eu respiro fundo voltando a minha racionalidade costumeira, que coisa, hormônios idiotas.

Tiro suas botas, seu sei lá o que é isso preto, uma espécie de sobre tudo, não sei, mas é feio, era realmente muito pesado, escondia todo seu corpo forte e bonito, muito bonito...muito másculo.

Ele estava apenas de cueca em minha cama agora, eu encho uma bacia para lavar seus ferimentos, que eram muitos, sua varinha, ah sim eu sei o que são bruxos, minha melhor amiga é uma bruxa.
Deixo sua varinha na escrivaninha e pego minha caixinha de primeiros socorros, pronta para começar a tratar do homem misterioso.

[...]

Depois de duas horas cuidando do homem, finalmente acabo de o dar um banho de leito, o deixando limpo e com roupas de verdade. Agora era a vez do meu banho, eu estou exausta.

Minha vida sempre foi complicada, aos oito anos meus pais me deixaram para morar com a minha vó, aos doze anos eu a enterrei já que ela morreu de um dia para o outro e não tinha como eu ir para a cidade na época em que neva.

Seu quarto, eu havia o desmontado e feito uma biblioteca com todos os livros que tinha. Eu tenho uma herança na verdade, meus pais também morreram ano passado, somando uma herança gorda em meu nome, mas, a floresta é a minha casa, o meu lar.

Eu me sentia parte dessa floresta tão densa e escondida, pretendia melhorar mais a minha cabana, eu talvez venha a morar aqui o resto da minha vida, não me importo.

Eu sou sozinha, completamente sozinha, minha amiga quase sempre vinha me visitar, mas desde a volta do seu "lorde" preconceituoso as visitas ficaram mais moderadas pois ela era muito visível para ele e para todos os "comensais da morte".

Minha vida é algo difícil, eu me sentia bem na minha solidão, mas as vezes, eu me sentia mal, por que meus pais me negaram já que eu sou filha única? Minha vó era uma doida religiosa, era péssimo, e eu por mais que tenha fé não era e nunca serei como ela...não, o ser humano é livre, livre para amar e ser amado.

Sempre saía de manhã com a minha capa vermelha para ir a cidade comprar as coisas que precisava, eu plantava apenas as minhas tulipas, não planto comida, atraí atenção desnecessária e os animais mais selvagens.

Mas ultimamente, ultimamente nada me agradava, mesmo fazendo o que gosto, não estava contente, estou estressada e levemente ranzinza... eu não conseguia entender por que? Por que não estou feliz?

Volto para o meu quarto já trocada com a minha camisola e pego uma coberta junto a um travesseiro para que eu fosse dormir no sofá grande da minha sala.

Me surpreendendo, quando estava pegando meu lençol o homem pega em meu braço sem exercer força no mesmo e me pergunta com seus olhos tempestuosos nos meus:

- Qual é o seu nome, pequena trouxa?

- Eleanor, Eleanor Venutti Schoemberger - respondo baixinho vendo ele me encarar com os olhos curiosos - e qual é o seu? - pergunto curiosa.

- Tom, Tom Marvolo Riddle - me responde caindo novamente na inconsciência, soltando meu braço.
Tom Riddle...é um belo nome, para um belo homem...um belo e misterioso homem.

A Amada Trouxa - Tom Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora